(...)Outro alvo dos estudos neuroeconômicos é o dinheiro. Na teoria econômica tradicional hegemônica, ele não tem valor próprio, a não ser a possibilidade de adquirir bens. Mas o cérebro humano tem uma relação própria com o valor do dinheiro. "Ele é um valor que o cérebro usa como todos os outros valores: comida, sexo, brinquedos, sono, exercício", diz Angela Stanton, que organizou o volume "Neuroeconomics and the Firm", que investiga a relação entre o cérebro e o funcionamento das empresas. "Em outras palavras, o dinheiro é uma ferramenta do prazer", que ativa uma área do cérebro contida no mesencéfalo.
Os neuroeconomistas buscam entender as consequências desse tratamento do dinheiro. Ao descobrir que mesmo em pessoas com perfis muito diferentes o dinheiro acionava os mesmos mecanismos de busca e aversão ao risco, o laboratório de Paul Glimcher, em Nova York, tentou descobrir que tipo de relação uma pessoa manteria com o dinheiro quando estivesse com muita fome. "O mais interessante é que a fome faz com que as pessoas, por mais diferentes que sejam suas atitudes normalmente com relação ao risco, se tornem mais ou menos iguais. Elas convergem para uma aversão moderada ao risco", diz Glimcher. "Pensamos: isso deve ter implicações macroeconômicas! Precisamos encontrar algum mercado em que a variação do nível de fome seja variável para ver o que acontece."
"Um dos membros do laboratório é árabe", relata o pesquisador. "Foi ele quem sugeriu observar o que acontece com as bolsas dos países do Oriente Médio durante o Ramadã." No Ramadã, mês sagrado da religião muçulmana, os fiéis passam todo o dia, do amanhecer até o pôr do sol, sem comer. Ao se debruçar sobre os dados tirados das negociações no período, os neuroeconomistas se depararam com um fenômeno conhecido como "efeito Ramadã".
"De fato, nesse período, a variação dos preços nos mercados árabes quase desaparece. Os preços realmente variam muito pouco", diz Glimcher. "Nenhum dos investidores quer arriscar. Ninguém tinha sido capaz de explicar convincentemente por que isso acontece. Agora podemos dizer que a resposta está no hipotálamo, que regula as atitudes perante o risco", conta o neurocientista. E acrescenta: a partir dessa descoberta, vai ser possível desenvolver um modelo econômico que leve em consideração a fome dos agentes na hora de investir.
Os neuroeconomistas buscam entender as consequências desse tratamento do dinheiro. Ao descobrir que mesmo em pessoas com perfis muito diferentes o dinheiro acionava os mesmos mecanismos de busca e aversão ao risco, o laboratório de Paul Glimcher, em Nova York, tentou descobrir que tipo de relação uma pessoa manteria com o dinheiro quando estivesse com muita fome. "O mais interessante é que a fome faz com que as pessoas, por mais diferentes que sejam suas atitudes normalmente com relação ao risco, se tornem mais ou menos iguais. Elas convergem para uma aversão moderada ao risco", diz Glimcher. "Pensamos: isso deve ter implicações macroeconômicas! Precisamos encontrar algum mercado em que a variação do nível de fome seja variável para ver o que acontece."
"Um dos membros do laboratório é árabe", relata o pesquisador. "Foi ele quem sugeriu observar o que acontece com as bolsas dos países do Oriente Médio durante o Ramadã." No Ramadã, mês sagrado da religião muçulmana, os fiéis passam todo o dia, do amanhecer até o pôr do sol, sem comer. Ao se debruçar sobre os dados tirados das negociações no período, os neuroeconomistas se depararam com um fenômeno conhecido como "efeito Ramadã".
"De fato, nesse período, a variação dos preços nos mercados árabes quase desaparece. Os preços realmente variam muito pouco", diz Glimcher. "Nenhum dos investidores quer arriscar. Ninguém tinha sido capaz de explicar convincentemente por que isso acontece. Agora podemos dizer que a resposta está no hipotálamo, que regula as atitudes perante o risco", conta o neurocientista. E acrescenta: a partir dessa descoberta, vai ser possível desenvolver um modelo econômico que leve em consideração a fome dos agentes na hora de investir.
Fonte: Valor
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