O estudante de economia Paulo Henrique Mendes é primeiro lugar no Prêmio Corecon-DF de Economia, organizado pelo Conselho Regional de Economia. Paulo aceitou o desafio de refletir sobre a desigualdade social no país em seu trabalho de conclusão de curso. A escolha do tema não foi aleatória: o estudante de 27 anos cresceu na zona leste de São Paulo, perto de favelas muito pobres, mas estudou nos melhores colégios da cidade.
Paulo Henrique partiu da teoria de Kuznets, que ficou célebre no Brasil quando o economista e então ministro da fazenda do governo militar Delfim Netto respondeu a críticas contra a alta concentração de renda comparando o país a um bolo que precisava crescer antes de ser repartido. A teoria diz que com o crescimento econômico a desigualdade aumenta apenas até um certo ponto, a partir do qual ela naturalmente diminui. O trabalho de Paulo Henrique mostra que a teoria realmente se concretizou no país ao longo dos anos, mas não foi um processo natural.
O estudante se apoiou em dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) referentes ao crescimento econômico e à desigualdade nas décadas de 60, 70, 80, 90 e 2000. Nas três primeiras décadas a concentração de renda só aumentou. Na década de 1980 a situação se estabilizou e só nos últimos anos que a desigualdade começou a diminuir. “No texto mostrei que foram políticas de governo intencionais que provocaram essas mudanças”, explica Paulo. “Elas poderiam ter sido conduzidas de outra maneira”.
O estudante argumenta que a política de arrocho salarial foi uma forma que o governo usou para provocar deliberadamente a concentração de renda nos anos de maior crescimento do regime militar. “Por outro lado, as políticas de melhoria da educação básica na década de 1990 aliadas a contenção da inflação criou o cenário para o aumento do nível de empregos e os salários na década seguinte”, afirma Paulo. “Tudo isso somou-se às políticas sociais dos últimos governos”.
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Texto: UnB Agência
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