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03 janeiro 2012

Por que tão poucas mulheres participam dos conselhos de administração?


A ex-diretora-presidente da Avon Products Inc., Andrea Jung, foi bastante criticada por servir no conselho de administração de duas outras grandes empresas. Mas a pergunta que não quer calar é: Por que tão poucas mulheres participam dos conselhos de administração?

Entre 2004 e 2008, grandes empresas americanas com três ou mais mulheres no conselho alcançaram resultados financeiros significativamente melhores do que as firmas que não tinham nenhuma mulher conselheira, segundo estudo de 2011 feito pelo Catalyst, uma organização sem fins lucrativos voltada a promover a participação de mulheres no mundo dos negócios. De modo geral elas superaram as empresas sem mulheres no conselho em 84% no quesito retorno sobre as vendas, em 60% no retorno sobre o capital investido e em 46% no retorno sobre o patrimônio.


- É bom lembrar que, correlação não é causalidade.

“Um conselho que tem pelo menos três mulheres ganha pontos de vista diversificados que podem melhorar os resultados”, diz Debbie Soon, vice-presidente sênior da Catalyst.

No entanto, as mulheres ocupam apenas 16% dos assentos no conselho nas empresas listadas no ranking Fortune 500, segundo relato da Catalyst no início do mês. O centro de estudos do setor privado Conference Board concluiu em um estudo recente que, mesmo se 25% dos assentos nos conselhos das firmas da Fortune 500 que serão disponíveis anualmente nos próximos oito anos forem ocupados por mulheres, a porcentagem de mulheres conselheiras nessa amostra seria apenas de cerca de 23% até 2020.

Esse ritmo lento de mudança pode refletir a preferência dos conselhos por diretores-presidentes e diretores financeiros com mais experiência, e a maioria desses são homens. Esses executivos representaram quase 58% dos conselheiros nas firmas da Fortune 500 escolhidos no primeiro semestre de 2011; mas apenas 14 dos 92 recém-admitidos são mulheres, segundo a firma de recrutamento Heidrick & Struggles International Inc.

Muitos conselhos também encolheram de tamanho nos últimos tempos, ou aumentaram a idade da aposentadoria, limitando assim a necessidade de caras novas. E muitas vezes isso aconteceu por receio de trabalhar com recém-chegados ainda não testados durante a crise econômica.

Inúmeros esforços surgiram recentemente para aumentar a participação das mulheres nos conselhos. Inclui-se aí o grupo 2020 Mulheres nos Conselhos, que trabalha para aumentar a representação das mulheres nos conselhos para pelo menos 20% até 2020. No fim do próximo mês o grupo pretende publicar uma lista das empresas listadas no Fortune 1000 que não têm nenhuma mulher no conselho.

“Trata-se de boa governança corporativa”, diz Stephanie Sonnabend, diretora-presidente da Sonesta International Hotels Corp, empresa cofundadora da iniciativa. Ela e outras três mulheres detêm 40% dos assentos no conselho da Sonesta.

Ampliar a participação feminina nos conselhos é difícil porque o recrutamento “com frequência é muito limitado às redes de contatos dos próprios conselheiros”, diz Aditi Mohapatra, analista sênior de sustentabilidade da Calvert. E com muita frequência, isso significa que os escolhidos são homens brancos e mais velhos.

A Parceria por Nova York, grupo de desenvolvimento econômico composto de executivos da cidade, e o Fórum das Mulheres de Nova York, uma rede de líderes do sexo feminino, se uniram para criar um banco de dados de candidatas a conselheiras empresariais com patronos de alto nível.

Até agora, 31 diretores-presidentes que pertencem à Parceria já sugeriram 47 mulheres que eles recomendam pessoalmente como qualificadas para servir em um conselho. O Fórum da Mulher vai fornecer gratuitamente o banco de dados com os nomes para conselhos e firmas de pesquisa, a partir do fim de janeiro.

Algumas conselheiras esperam aumentar o número de mulheres fazendo o papel de “casamenteiras” em seus conselhos. “Essa é uma das minhas tarefas”, diz Beth Comstock, diretora de marketing da General Electric Co. e uma das duas mulheres no conselho de 11 membros da Nike Inc. “Posso ajudar a apresentar [os dirigentes da Nike] para outras mulheres executivas que fico conhecendo.”

Fonte: Joann S. Lublin, WSJ, Valor Economico

3 comentários:

  1. A iniciativa da inclusão de mulheres nos Conselhos seria uma forma de evidenciar que as boas práticas de governança corporativa estão relacionadas não só a como as empresas encaram suas finanças, mas também a como elas estão comprometidas com a responsabilidade social e a inclusividade.

    Nayara Brito C. de Souza
    10/03208

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  2. Já dizia um certo ditado "Ao lado de um grande homem há uma grande mulher". Não que um seja "grande" por causa do outro, mas a conjuntura das perspectivas diferentes de analisar que cada um possui por natureza resultam em decisões sólidas,eficazes e surpreendentes. Entretanto a cultura de centralizar o poder de decisões no público masculino ainda é muito expressiva nos altos escalões das entidades, sejam elas públicas ou privadas. Fato este que pode ser comprovado pelo artigo acima juntamente com os seus resultados.

    Edson Luiz da Silva
    Mat. 12/0071436

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  3. O publico feminino já ganhou expressiva participação no mercado de trabalho. Entretanto, o poder de decisão, evidenciado nos conselhos de administração, ainda é bastante concentrado nas mãos do publico masculino, infelizmente. Acredito que o poder de decisão, ou seja, a alta administração de uma empresa deve ser composta de uma mistura equilibrada de homens e mulheres, os quais tem capacidade e conhecimentos necessários de tomar as decisões necessárias para a sobrevivência da empresa, como um todo.

    Bruna Magalhães Barcelos - 09/90680

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