Menos de 3% das universidades brasileiras oferecem disciplina relacionada à Governança Corporativa nos cursos de contabilidade, segundo estudo realizado pelo pesquisador Angelo Davis, da FEA-RP/USP, em Ribeirão Preto. O levantamento aponta que, das 1.182 instituições brasileiras que podem ministrar o curso de contabilidade, só 33 têm a disciplina. A realidade nas universidades contrasta com a dinâmica do mercado acionário brasileiro, que, através da BM&FBovespa procura sofisticar cada vez mais os instrumentos de governança das empresas a partir de rigoroso regulamento.
O professor de Governança Corporativa da Trevisan Escola de Negócios, Roberto Gonzalez, lembra que a disciplina é sugerida pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), mas não é objeto do exame de suficiência para os contadores que se formam. "Infelizmente o exame não cobra essa disciplina", diz, lamentando o fato de as universidades estarem formando profissionais que podem se tornar contadores, controladores ou auditores que não vão carregar esses conceitos na bagagem. Gonzalez entende que exigir questões sobre a matéria no exame oficial já seria um bom incentivo para aumentar a abrangência do tema nos cursos de contabilidade.
Davis, autor do estudo, lembra que a existência de uma disciplina específica de Governança Corporativa, além de ser uma solicitação do CFC e da Federação Internacional dos Contadores, também é sugerida pela UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento).
O conteúdo programático dos cursos de contabilidade conta com um
a grade curricular que contempla atividades relacionas à governança como controle de fraudes, desempenhos operacionais e controladoria. No entanto, cada instituição decide como distribuir o conteúdo na própria grade e como aplicá-lo aos alunos, explica Antonio Miguel Fernandes, vice presidente de registro do CFC. "Não existe uma obrigação porque na verdade o assunto não está relacionado apenas ao curso de ciências da contabilidade. Economistas, administradores, entre outros profissionais também precisam conhecer as normas de governança", diz.
Desde junho de 2010, quando foi sancionada a Lei nº 2249, o CFC tem autonomia para avaliar e renovar autorização junto ao MEC das faculdades de contabilidade. Segundo Fernandes, a exigência com relação a grade curricular acontecerá de uma maneira evolutiva. "A partir do momento que houver uma revisão das grades, as universidades terão que se adequar", afirma.
O estudo também investigou o perfil de professores que ministram disciplinas onde a Governança Corporativa poderia estar inserida e aponta uma deficiência de profissionais capacitados para transmitir aos alunos a prática da matéria. Para Gonzalez, isso poderia ser corrigido com a contratação de professores que trabalham ou trabalharam no mercado.
Ao que parece os profissionais da contabilidade ainda não despertaram para a importância do tema, segundo João Verner Juenemann, coordenador da Comissão de Finanças, Contabilidade e Mercado de Capitais do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). "A área de contabilidade ainda não acordou para o tema porque não imagina que seja uma atividade também do contador", diz Juenemann, destacando a importância do conselho fiscal, por exemplo, dentro de uma companhia que pretende manter um adequado nível de governança.
Fonte: aqui
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Governança Corporativa é o conjunto de processos, decisões, costumes, políticas e a forma como a empresa é administrada e tem como pilares a transparência, a prestação de contas (“Accountability”) e a eqüidade. A boa governança corporativa é importante para o desenvolvimento econômico sustentável e auxilia no desempenho das intituições. Diante de tamanha importância e atualidade deste tema, impressiona o fato de diversas instituições de ensino não disponibilizarem disciplinas que tratam de Governança Corporativa.
ResponderExcluirEu acho que exigir questões sobre governança corporativa no exame oficial seria tanto um incentivo para aumentar a abrangência do tema na universidade quanto para formar profissionais mais bem preparados e com um campo de conhecimento mais amplo. Um outro ponto importante é que o mercado financeiro no Brasil tem se mostrado cada vez mais concorrente e atrativo para investimentos e isso exige uma maior organização e controle das instituições reguladoras, e portanto um maior número de profissionais com conhecimento na área para garantir que essas informações se deem de uma forma eficiente.
ResponderExcluirGovernança Corporativa é um tema extremamente relevante nos dias de hoje, especialmente para aqueles que buscam formação nas áreas de Contabilidade, Administração e Economia. Questões sobre a transparência nas organizações, sua relação com seus stakeholderes devem ser estudadas atentamente e por isso é intrigante que tantas instituições não ofereçam essa disciplina a seus graduandos. Cabe aos órgãos de classe e aos próprios alunos exigirem a inclusão e melhor aproveitamento dessa disciplina tão relevante na atualidade.
ResponderExcluirMIZAEL VIEIRA NUNES - 09/0142217
ResponderExcluirconcordo com o Julian Blasco sobre a importância da disciplina de Governança Corporativa no exame do CFC. Até porque, segundo o estudo, das 1182 instituições de ensino só 33 tem em sua grade curricular, cobrá-la no exame de suficiência seria uma forma de "obrigar" as instituições de ensino a implantá-la em sua estrutura curricular do curso de Contábeis. quanto a sua oferta da UnB, acho que deveria ser uma disciplina obrigatória e de 4 créditos pela sua importância na formação profissional do aluno na Universidade
Insta ressaltar que o ensino de governaça corporativa no ensino superior incentivando a implementação de profissionais qualificados no mercado leva às boas práticas de governança corporativa, que vão desde como a empresa encara suas finanças, passando pelo respeito ao acionista minoritário e podendo chegar até ao seu comprometimento com responsabilidade social e sustentabilidade empresarial.
ResponderExcluirMarcos Cunha Barbosa Lima 09/12981
ResponderExcluirA importância da Governança Cooporativa faz com que seja necessário que o tema seja abordado nas universidades. O fato de atividades relacionas à governança como controle de fraudes, desempenhos operacionais e controladoria serem contempladas no conteúdo programático dos cursos não é suficiente para preparar os alunos dos cursos para a realidade do mercado, de sofisticação cada vez maior dos instrumentos governança das empresas. É de extrema importância a revisão das grades das universidades para que o tema seja mais amplamente tratado e estudado pelos profissionais da área de contabilidade.