A Empiricus Research, empresa de análise de ações, publicou uma carta em seu blog na qual aponta a existência de irregularidades no balanço do frigorífico Marfrig. Intitulada “Carta aberta por uma Marfrig mais aberta”, o texto enumera “erros” na contabilidade feita pela empresa pelo padrão internacional de contabilidade, o International Financial Reporting Standards (IFRS).
“Regra geral, achamos que algumas importantes (e até triviais) correções de erros foram jogadas embaixo do tapete do IFRS”, afirma a carta. “Note que não há problema em fazer os ajustes. Errou, confessou, está perdoado! Mas eles teriam que ser apresentados como uma correção de erros, dentro do arcabouço da CPC 23 ”, diz o texto. CPCs são os pronunciamentos (normas) contábeis do IFRS.
“Levando em conta a agregação dos ajustes supracitados, chegamos a um impacto considerável no saldo do PL (Patrimônio Líquido) de 1 de janeiro de 2009: de R$ 379,6 milhões para a controladora e de R$ 394,3 milhões para o consolidado. Aplicando os mesmos critérios sobre a reconciliação do patrimônio líquido entre o saldo de abertura de práticas anteriores e o saldo de acordo com as CPCs em 31 de dezembro de 2009, concluímos por um impacto agregado ainda mais substancial: de R$ 525,4 milhões para a controladora e de R$ 552,0 milhões para o consolidado", afirma a carta.
"A ordem de magnitude dos valores em jogo apenas reforça a necessidade de esclarecer essas questões, de modo a dirimir ruídos na comunicação com o mercado”, escreve a Empiricus, que possui, entre os seus sócios, o investidor Marcos Elias.
A carta publicada no blog, que não está assinada, faz uso de metáforas e seu tom é, às vezes, irônico.
"Nesta carta, apresentamos - sob forma franca e aberta - os pontos de nervura que dificultam o mastigar digesto de Marfrig. Talvez sejam resultado de nossa ignorância e incompreensão, mesmas faltas que induzem alguns experientes gestores a apostar contra as ações. Talvez sejam problemas menores, irrelevantes, que não merecem carta, sequer um parágrafo. Por isso, somos tão boca quanto seremos ouvidos. Não há aqui ironia, tampouco perseguição. Há - isso sim - a vontade de esclarecer, sob vias democráticas e independentes", afirma o texto.
Fonte: IG
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