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06 outubro 2011
Selic e Avaliação
O governo brasileiro está promovendo um esforço no sentido de reduzir a taxa de juros da economia. Sem entrar na discussão sobre as vantagens e desvantagens desta medida para a economia, a redução da Selic, a taxa de juros básica da economia, pode ter alguns efeitos sobre a avaliação de ativos e a avaliação de empresas.
Em geral a taxa de desconto para determinar o valor atual de um ativo é obtida através de uma estimativa do custo de oportunidade de um investimento sem risco, denominado Rf (retorno do título sem risco, sendo “f” de “free”). Como na prática não existe, em nenhum lugar do mundo, um título sem risco, utiliza-se, como aproximação, o retorno dado por título público. No Brasil existem duas alternativas razoáveis para representar o Rf dos modelos de avaliação: a rentabilidade da caderneta de poupança ou a taxa Selic.
A questão é que quando a taxa de desconto cai, o valor presente obtido aumenta. Assim, a redução da Selic, que compõe o cálculo da taxa de desconto nos modelos de avaliação, faz com que o valor presente obtido nas avaliações seja maior. Isto vai contra o senso comum, já que estamos vivendo momentos onde o risco hoje é muito maior que no passado próximo. E em situações de maior risco, os valores dos ativos tendem a diminuir, não aumentar.
A intervenção do governo na taxa Selic estaria fazendo com que os resultados das avaliações fossem maiores do que o ambiente econômico indicaria.
Duas alternativas imediatas poderiam ser usadas, ambas substituindo a Selic, uma pela caderneta de poupança e outra por um título público estrangeiro. Ambas não resolvem o problema: os juros da poupança também estão reduzindo em razão do aumento da inflação e em outros países a remuneração dos títulos públicos também é menor hoje do que foi há um ano.
A princípio os modelos de avaliação deveriam usar as taxas futuras de desconto. A movimentação do governo hoje teria efeito sobre os resultados obtidos. Na prática a teoria é outra: as avaliações costumam usar uma média histórica não ponderada das taxas passadas, como por exemplo, a taxa média da Selic dos últimos dez anos. Assim, a redução da Selic não teria, a priori, efeito sobre a avaliação das empresas.
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