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15 outubro 2011

Derivativos mordem?





Leia este trecho de uma reportagem do Valor Econômico de 14/10/2011:




As operações que envolvem os contratos derivativos costumam fascinar muitos investidores, já que podem resultar em ganhos fenomenais num curto período. Mas o investidor deve ter em mente que risco e retorno andam de mãos dadas quando o assunto é investimento. Assim como é possível obter ganhos astronômicos, o aplicador também pode ter perdas nas mesmas proporções, alerta Ricardo Torres, professor de finanças da BBS Business School. “Não existe mágica; a possibilidade de ganhos é enorme, mas esse é também um mercado muito difícil, além de bastante arriscado.”
A venda a descoberto, por exemplo, é uma operação perigosa até mesmo para os profissionais de mercado. “São poucos os que conhecem realmente o mercado de derivativos e sabem atuar nele”, afirma Torres, especializado nesse segmento após chefiar mesas de operações na França e Inglaterra. “Se isso é difícil para os profissionais de mercado, imagine só para a pessoa física? Poucos conseguem quantificar os riscos dessas operações.”

Mesmo com as limitações impostas pelas corretoras aos investidores a fim de restringir as perdas, Torres avalia que os riscos são muito grandes, já que o aplicador pode perder metade do patrimônio num piscar de olhos. “O problema é que, até o investidor se assustar com o prejuízo e parar, ele vai tentar recuperar as perdas”, afirma.


Dá impressão que o público, inclusive especializado em finanças, acredita que os derivativos mordem. Veja a interessante história contada por Cássio Casseb publicado na revista Citipress, nº48, de 1º de outubro de 1996 e comentada por Araújo Neto:

Segundo ele se chegasse a Terra um marciano e nos oferesse uma máquina que trouxesse desenvolvimento incrível, facilitasse nossa vida, criasse emprego, aproximasse as pessoas, entre várias maravilhas, ficaríamos maravilhados. Só haveria um problema: o combustível dessa maravilhosa máquina seria 100.000 humanos por ano. Aceitaríamos?

"É claro que não. E não toparíamos porque a questão nos foi colocada frontalmente. Mas a verdade é que todos nós estamos topando, pois esta invenção se chama automóvel, que melhora nossas vidas, mas mata 100.000 pessoas por ano..."

Podemos culpar um carro por matar pessoas? É claro que não: podemos culpar os motoristas, ou até mesmo os fabricantes, que colocaram uma peça que não funcionou como deveria. Entretanto nunca o carro.

Por incrível que pareça, ocorre o mesmo com os derivativos. Se uma pessoa sem habilitação para dirigir, e que efetivamente não saiba, pegar um carro e sair pelas ruas de São Paulo inevitavelmente causará estragos. Este é o caso dos derivativos: se uma pessoas que não está habilitada para usar estes instrumentos é dada a liberdade de operar, algo ruim poderá ocorrer.

Entretanto, a habilitação não basta para evitar perdas mostruosas; se bastasse não teríamos guardas nas ruas. O controle e acompanhamento é fundamental paraq ue o instrumento não se torne uma arma. Este é o objetivo da gestão de risco.

Imagem:aqui

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