O assunto do dia na imprensa dos Estados Unidos, e que foi destacado por jornais de vários países, inclusive do Brasil, é a informação de que atualmente 15,1% dos americanos, ou 46,2 milhões de pessoas, são pobres.
E no Brasil, qual o porcentual de pobres? Não existe uma forma exata e única de comparar. Mas é possível ter uma ideia de como a situação por lá ainda é muito superior à vista aqui.
O Census Bureau, instituto dos EUA que fez a pesquisa, diz que são pobres as famílias de quatro pessoas com renda anual menor que US$ 22.314 ou indivíduos com ganhos inferiores a US$ 11.139 por ano (como observou o “Los Angeles Times“), o que dá US$ 928 por mês. Convertendo para reais na cotação atual, são R$ 1.589 mensais, ou pouco menos de três salários mínimos brasileiros.
No Brasil, existiam em 2009 (dado mais recente do IBGE) 89,2 milhões de pessoas com renda de até três salários mínimos, ou quase metade da população (47%).
Metodologias
Esse número representa apenas uma de várias formas de comparar os dados dos EUA com os do Brasil – todas imperfeitas.
Há diversas possibilidades porque, além das diferenças metodológicas entre o Census Bureau e o IBGE, é possível criar inúmeras formas de definir a pobreza. O conceito poderia levar em conta, por exemplo, o poder de compra. Com R$ 1.589 por mês, compram-se quantas cestas básicas no Brasil? E nos EUA? Ainda: quais produtos considerar em uma cesta básica brasileira e em uma americana?
Não existe uma resposta única para cada uma dessas questões. A depender da decisão do pesquisador, os números acima (89,2 milhões de pobres ou 47% da população) podem variar para cima ou para baixo. Outra variável que influencia a comparação é o fato de o IBGE usar renda mensal, e o Census Bureau, anual.
Existe, ainda, um componente importante a ser levado em conta: a situação do Brasil está melhorando, enquanto a dos EUA está piorando. Segundo o Census Bureau, o número de pobres no país norte-americano aumentou em 2,6 milhões. Já no Brasil está melhorando – a renda dos 50% mais pobres subiu 69% desde 2000, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas.
Fonte: Sílvio Crespo, aqui.
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