Há controvérsias.
Na série animada de 1987, Tio Patinhas vivia viajando para países selvagens, de onde extraía riquezas que levava de volta a Patópolis. A atitude parece repetir a prática histórica conhecida como imperialismo: a expansão econômica ou política de uma potência sobre outras nações. Essa interpretação capitalista não é recente: o livro Para Ler o Pato Donald, lançado por Ariel Dorfman e Armand Mattelart em 1976, já fazia análises que hoje podem ser aplicadas a Ducktales. [Aqui uma crítica ao livro]
A PALAVRA DO RESPONSÁVEL: A Disney diz preferir não comentar esse tipo de críticas.
TERRA DE NINGUÉM: Os tesouros estão sempre em lugares distantes, como o “pequeno país Ronguai”, na América do Sul. Além de imitar a dualidade real entre colônia/metrópole esse recurso narrativo sugeriria que o dinheiro está numa terra sem lei. Portanto, não teria herdeiros nem dono: leva quem chegar primeiro.
ÍNDIO BONZINHO: Patinhas sempre encontra nativos que, pela lógica, seriam os donos legítimos da riqueza local. Mas, seguindo o estereótipo do “bom selvagem”, elas ajudam o herói em troca de ninharias, como na época colonial. No episódio “Patos Congelados”, um pinguim troca um mapa do tesouro por... giz de cera!
DINHEIRO FÁCIL: Nos desenhos, não se vê a origem do dinheiro. Sabemos que Tio Patinhas tem vários negócios, mas quase nunca vemos funcionários produzindo. Segundo Dorfman e Mattelart, isso desvincularia as noções de riqueza e trabalho. Se o dinheiro não está lá, ele precisa vir de outro lugar – como as colônias.
LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO? Tio Patinhas é “esperto” o suficiente para buscar mapas do tesouro e itens mágicos. Seus adversários, porém, tentam roubar diretamente dele – um artifício que serviria para deixar subentendido que, só por sua iniciativa, Tio Patinhas já é o “dono” daquilo que pegou.
Postado por Isabel Sales.
Fonte: Revista Mundo Estranho, p. 26, ed. 116.
Fonte da Imagem: Aqui.
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