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13 setembro 2011

Crítica a EY


Sobre a posição da Ernst Young e sua auditoria na Sino-Forest:

A Ernst ainda está se aferrando a sua posição de que os livros contábeis da Sino-Forest estão limpos, segundo o padrão de aprovação e reprovação da auditoria. Para além disso, a empresa se recusa a falar publicamente sobre seu trabalho de auditagem para a companhia, cujo conselho de administração abriga dois ex-sócios da Ernst.


Há todos os motivos para acreditar que o aviso da Muddy Waters foi espetacularmente correto. Mais uma vez uma auditoria pertencente ao grupo das quatro grandes parece ter sido pega de calças curtas, ao dizer ao público investidor, por vários anos, que os números de uma empresa de vários bilhões de dólares eram dignos de confiança, a tempo apenas de ver sua opinião descartada pelos mercados e suas conclusões derrubadas por autoridades do governo. Mesmo as agências de classificação de crédito que normalmente atribuem notas baixas, notórias pela lentidão em dar o tiro de misericórdia em empresas moribundas, foram mais rápidas no gatilho desta vez.


O principal órgão regulador de valores mobiliários do Canadá, a Ontario Securities Commission (OSC), suspendeu as transações com as ações da Sino-Forest no fim de agosto. A comissão disse que a Sino-Forest, bem como certos de seus executivos e diretores, parecem ter desvirtuado a receita da empresa, exagerado suas participações no setor de madeira e se envolvido em atos "que eles sabem ou que deveriam saber que perpetuam uma fraude."


Como se isso não fosse suficiente para abalar a confiança da Ernst, a Sino-Forest disse na semana passada que o presidente de seu conselho de administração e principal executivo, Allen Chan, tinha pedido demissão, até a conclusão de uma análise interna das denúncias da Muddy Waters.


A empresa afastou temporariamente três outros funcionários "depois que determinadas informações foram descobertas no decorrer" da análise, sem dizer que informações eram essas. Em seu comunicado à imprensa de 28 de agosto, a Sino-Forest disse que "as denúncias feitas no mandado temporário da OSC, embora não comprovadas, são graves".


A única reação pública da Ernst foi não dizer nada de significativo. "Temos conhecimento do mandado temporário da OSC e do comunicado da empresa à imprensa e estamos avaliando esses desdobramentos", disse Amanda Olliver, porta-voz da Ernst, por e-mail. "Nossas obrigações profissionais nos impedem de falar mais detalhadamente sobre questões relativas aos clientes."


Certamente os executivos e diretores da Sino-Forest estão gratos à Ernst por proteger seus segredos dos enxeridos olhos da opinião pública. Por outro lado, a única coisa que os investidores têm para tomar como base da parte da Ernst é o parecer que a auditoria assinou em 14 de março atestando a veracidade das demonstrações financeiras do fim do ano. Sejam quais forem as provas que a Ernst tinha para sustentar sua posição de que os livros contábeis da Sino-Forest estavam corretos, é difícil imaginar que os sócios da empresa possam ter toda essa certeza agora.


A Ernst tem alternativas, efetivamente, além de se preparar para os inevitáveis anos de contenciosos judiciais e investigações. Ela poderia se desligar, explicar por que está agindo dessa forma e enfrentar as críticas por agir tarde demais. Ela poderia retirar suas opiniões de auditorias anteriores. Poderia insistir com os diretores da Sino-Forest para que a autorizassem a responder perguntas do público sobre o trabalho que executou, como condição para não se retirar. Ou poderia continuar em silêncio, como está agora, e ver a sua reputação sofrer um novo abalo.


O fato de ela estar optando pela última dessas alternativas reforça a percepção de que a Ernst deixou a desejar e pode ter algo a esconder. Nenhum cliente merece isso, por mais honorários que pague. Já passou da hora de dar um basta.


Duas agências de risco já se foram; auditor continua firme - Jonathan Weil - Bloomberg - Publicado no Valor. Mais notícia aqui e aqui

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