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02 agosto 2011

Polar


Num dos maiores escândalos financeiros da história do Chile, uma única rede de lojas de departamento conseguiu lesar 12% das famílias do país, colocando em cheque auditorias internacionais, ameaçando os pilares do sistema privado de previdência e trincando a vitrine liberal do primeiro presidente de direita a assumir democraticamente o governo do país em 50 anos.


A estratégia da Polar, uma das maiores lojas de departamento do Chile, consistia em, primeiro, dar crédito fácil a quem não podia pagar. Em seguida, as dívidas de clientes inadimplentes eram renegociadas ou repactuadas unilateralmente, várias vezes, com inúmeros encargos. Nos casos mais graves, a loja multiplicava essas dívidas em mais de 30 vezes, sem o consentimento do cliente. Em menos de um ano, 418.826 chilenos foram lesados. Mas o estrago pode ser muito maior - além das vítimas do crediário, milhares de donos de ações da Polar também acabaram pagando a conta, entre eles, fundos privados de pensão.


(...) Com a descoberta tardia da fraude, a queda nas ações da Polar foi uma questão de tempo. Em pânico, a Bolsa de Santiago suspendeu as vendas dos papéis por uma semana. Os acionistas eram iludidos por um truque da empresa, que apresentava milhares de "dívidas morosas" (que ela não tem expectativa de receber) como "dívidas vigentes". Isso era possível graças à maquiagem das renegociações. Com isso, a Polar parecia mais saudável do que realmente era. (...)

O Castelo de cartas da chilena Polar - Estado de S Paulo - 27 de julho de 2011 - N3

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