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24 julho 2011

Será o pré-sal um bilhete premiado, sem riscos ou custos?

Por Pedro Correia


Na última sexta-feira a Petrobras anunciou a aprovação do seu Plano de Negócios de 2011-2015, com investimentos totalizando US$ 224,7 bilhões (R$ 389 bilhões).A cada dia que passa os brasileiros estão mais confiantes no total sucesso da exploração do Pré-sal. Como afirmou Demétrio Magnoli :

"A narrativa oficial, fixada pela bilionária publicidade da Petrobrás, sedimentada nos livros escolares, conta a epopeia de uma empresa triunfante, que fez do mar a fronteira do petróleo no Brasil. É uma história de esforços hercúleos, rupturas tecnológicas, recordes de perfuração sucessivos sob uma lâmina d"água sempre mais profunda. Mas, e se, fora do olhar do grande público, existir uma história não contada?"

Assim,o povo brasileiro esquece dos riscos de um projeto desta magnitude.O jornalista Norma Gal escreveu um excelente texto sobre os desafios, riscos e problemas relacionados à finanças, política, geologia, logística da exploração da do pré-sal.A leitura do texto na íntegra é fundamental ,mas os questionamentos feitos na conclusão são muito relevantes:

A Petrobras e o governo podem vencer todos esses desafios? Políticos, gestores e técnicos se deparam com esses riscos com uma coragem beirando a temeridade. As descobertas do pré-sal criaram o mito dos recursos ilimitados, que acabam gerando incentivos a gastos sem comedimento. O Brasil realmente precisa investir no desenvolvimento do pré-sal a esta velocidade e escala? Será que esses investimentos acelerados não criarão distorções na economia do país? Serão os investimentos em petróleo os mais importantes para o futuro do Brasil? Ou seriam preferíveis investimentos para corrigir enormes deficiências como no ensino público, portos, aeroportos, geração e transmissão de eletricidade, comunicações, saneamento básico e infra-estrutura de transporte?

Embora os recursos de petróleo do Brasil em águas profundas sejam um dos principais alvos na busca mundial por novas reservas, a Petrobras pode ter de trabalhar com mais cautela e tempo para superar as limitações na capacidade financeira, técnica e de recursos humanos. Terá sido correto estabelecer em lei a obrigatoriedade de participação da Petrobras em pelo menos 30% de todos os campos de exploração de petróleo? Isso não levará a empresa a uma exaustão financeira?



Pra concluir este post, deixo uma bela frase de Machado de Assis no conto Teoria do Medalhão:

A vida...é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida.

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