Postado por Pedro Correia
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa, criado há cinco anos, está longe de ser um consenso no mercado. Prestes a ganhar um fundo com cota negociada em bolsa – mais conhecido como ETF – baseado na sua carteira de empresas, o índice ainda não convenceu parte dos investidores de que é a melhor referência para aplicações em companhias com as práticas mais avançadas em sustentabilidade financeira, ambiental e social.[1]e [2]
O ISE foi o tema que gerou mais polêmica no primeiro dia do 13º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, evento realizado pelo Instituto de Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e pela Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), ontem em São Paulo.
O tom mais vigoroso de discórdia foi dado por Marcelo Mesquita, sócio da Leblon Equities, gestora de recursos. “O investidor não entende a formação do ISE. Algumas empresas, inclusive, não deveriam estar lá, pois causam descrédito para o índice.” [3]
O ISE é formado por 40 empresas, selecionadas dentre as 180 com maior liquidez na bolsa. As companhias são convidadas a responder um questionário com 150 perguntas sobre gerenciamento de recursos e riscos.
Mesquita questiona a “complexidade” do processo seletivo, em que a bolsa usa informações passadas pelas próprias empresas, e não apenas os dados públicos. Ele defende a utilização de critérios mais objetivos e quantitativos como os do Novo Mercado. “Hoje parece uma caixa-preta.” [4]
As respostas dos questionários não são divulgadas aos investidores atualmente. Mas isso será possível na formação da nova carteira do ISE, prevista para novembro. A BM&FBovespa vai perguntar a cada companhia se ela autoriza ou não a publicação dos dados.
Para Mesquista, o ISE poderia dar oportunidade e ser uma vitrine para as empresas menores. “Do outro lado, o poder do lobby das maiores empresas é muito forte, o que enviesa a formação do índice.”[5]
Sônia Favaretto, diretora de sustentabilidade da bolsa, aponta a importância do ISE como “ferramenta econômica” para os investidores. “O objetivo é sair da autorregulação e tentar levantar a discussão. A questão não é mais ser sustentável ou ser lucrativo, mas, sim, como a empresa faz para ter lucro sustentável”, declarou.[6] e [7]
Segundo Luiz Fernando Moran de Oliveira, gerente de relações com investidores da WEG, do ramo de motores e automação, o nível de preocupação dos investidores em relação às práticas de sustentabilidade das companhias ainda é bastante heterogêneo. “Participamos do ISE nos anos de 2005 e em 2007. Mas em 2008 e 2009 nem tentamos entrar. O esforço era muito grande para pouco retorno”, conta.[2]
Segundo Moran, a WEG voltou a responder o questionário do ISE no ano passado, apostando que “o mercado pode estar começando a olhar mais para esse tipo de iniciativa, ainda que de forma tímida”.[1] e [6]
Para Moran, a grande falha do ISE não é a sua extensão ou complexidade, mas o fato de não revelar as ações das companhias que geram valor a partir da sustentabilidade. “É como se o conceito de sustentabilidade só passasse pelo gerenciamento de riscos e servisse apenas como uma forma de evitar problemas futuros. Essa percepção é muito superficial”, afirma.[3]
O ISE foi o tema que gerou mais polêmica no primeiro dia do 13º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, evento realizado pelo Instituto de Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e pela Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), ontem em São Paulo.
O tom mais vigoroso de discórdia foi dado por Marcelo Mesquita, sócio da Leblon Equities, gestora de recursos. “O investidor não entende a formação do ISE. Algumas empresas, inclusive, não deveriam estar lá, pois causam descrédito para o índice.” [3]
O ISE é formado por 40 empresas, selecionadas dentre as 180 com maior liquidez na bolsa. As companhias são convidadas a responder um questionário com 150 perguntas sobre gerenciamento de recursos e riscos.
Mesquita questiona a “complexidade” do processo seletivo, em que a bolsa usa informações passadas pelas próprias empresas, e não apenas os dados públicos. Ele defende a utilização de critérios mais objetivos e quantitativos como os do Novo Mercado. “Hoje parece uma caixa-preta.” [4]
As respostas dos questionários não são divulgadas aos investidores atualmente. Mas isso será possível na formação da nova carteira do ISE, prevista para novembro. A BM&FBovespa vai perguntar a cada companhia se ela autoriza ou não a publicação dos dados.
Para Mesquista, o ISE poderia dar oportunidade e ser uma vitrine para as empresas menores. “Do outro lado, o poder do lobby das maiores empresas é muito forte, o que enviesa a formação do índice.”[5]
Sônia Favaretto, diretora de sustentabilidade da bolsa, aponta a importância do ISE como “ferramenta econômica” para os investidores. “O objetivo é sair da autorregulação e tentar levantar a discussão. A questão não é mais ser sustentável ou ser lucrativo, mas, sim, como a empresa faz para ter lucro sustentável”, declarou.[6] e [7]
Segundo Luiz Fernando Moran de Oliveira, gerente de relações com investidores da WEG, do ramo de motores e automação, o nível de preocupação dos investidores em relação às práticas de sustentabilidade das companhias ainda é bastante heterogêneo. “Participamos do ISE nos anos de 2005 e em 2007. Mas em 2008 e 2009 nem tentamos entrar. O esforço era muito grande para pouco retorno”, conta.[2]
Segundo Moran, a WEG voltou a responder o questionário do ISE no ano passado, apostando que “o mercado pode estar começando a olhar mais para esse tipo de iniciativa, ainda que de forma tímida”.[1] e [6]
Para Moran, a grande falha do ISE não é a sua extensão ou complexidade, mas o fato de não revelar as ações das companhias que geram valor a partir da sustentabilidade. “É como se o conceito de sustentabilidade só passasse pelo gerenciamento de riscos e servisse apenas como uma forma de evitar problemas futuros. Essa percepção é muito superficial”, afirma.[3]
A Abrasca aproveitou o encontro para lançar o selo de governança, o Código Abrasca de Autorregulação e Boas Práticas das Companhias Abertas, que começa a vigorar dia 15 de agosto e já teve a adesão voluntária de 30 empresas.
Fonte: Marina Falcão e Denise Carvalho, Valor Econômico
[1]Segundo Bissonnette , o mercado financeiro está atento a questão da responsabilidade social corporativa e foca-se cada vez mais com preocupações sociais e ambientais. A criação de índices de ações voltadas para estas questões é crescente. No mercado norte-americano os mais famosos são o: Dow Jones Sustainability e o FTSE4Good.
[2]É interessante observar que diversos estudos já foram feitos de modo a comparar o desempenho das empresas socialmente responsáveis (ESR) e outras que não são assim consideradas. Um estudo divulgado na The Economist conclui que existe uma fraca relação positiva entre as ESR e o seu desempenho financeiro. Outrossim, as empresas não são muito bem recompensadas por suas ações de responsabilidade social, mas nem por isso elas destroem valor para os acionistas. Apesar disso, Lobe e Walkshauls mostram que há pouca diferença no desempenho das ações de investimentos socialmente responsáveis e ações de companhias relacionadas aos setores: de entretenimento adulto, álcool, jogo, energia nuclear, tabaco e armas.
Fonte: Marina Falcão e Denise Carvalho, Valor Econômico
[1]Segundo Bissonnette , o mercado financeiro está atento a questão da responsabilidade social corporativa e foca-se cada vez mais com preocupações sociais e ambientais. A criação de índices de ações voltadas para estas questões é crescente. No mercado norte-americano os mais famosos são o: Dow Jones Sustainability e o FTSE4Good.
[2]É interessante observar que diversos estudos já foram feitos de modo a comparar o desempenho das empresas socialmente responsáveis (ESR) e outras que não são assim consideradas. Um estudo divulgado na The Economist conclui que existe uma fraca relação positiva entre as ESR e o seu desempenho financeiro. Outrossim, as empresas não são muito bem recompensadas por suas ações de responsabilidade social, mas nem por isso elas destroem valor para os acionistas. Apesar disso, Lobe e Walkshauls mostram que há pouca diferença no desempenho das ações de investimentos socialmente responsáveis e ações de companhias relacionadas aos setores: de entretenimento adulto, álcool, jogo, energia nuclear, tabaco e armas.
[3] Os critérios de seleção das empresas que compõe o ISE são muito claros.Além disso, é temerário dizer que algumas empresas que estão na carteira não dão crédito ao índice.
[4]É claro que ainda é necessário critérios mais objetivos e quantitativos, no entanto, isso não é algo fácil de se implementar,pois há grandes dificuldades quando se trata da mensuração de práticas socioambientais.É um tema bastante subjetivo e cheio de juízo de valor.
[5]Não vejo nenhum tipo de lobby na escolha das empresas.Os critérios elencados pela Bovespa são justos e claros.
[6]Até meados da década de 70, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Essa percepção mudou e segundo autores da área, o conceito de desenvolvimento sustentável embute a ideia de que o mesmo tem de ocorrer nas esferas ambiental, social, e não só na econômica. As práticas de sustentabilidade são um conjunto de ações de responsabilidade, ética e transparência, que visem minimizar as externalidades negativas no ambiente a qual pertence a corporação.Isso vai de encontro ao conceito de Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade) criado por John Elkington nos anos 90.
[7]A questão da responsabilidade social corporativa(RSC)normalmente é associada ao altruísmo e filantropia. No entanto, a RSC é um dos meios utilizados para maximizar os resultados. Em outras palavras, as empresas estão inclinadas a criar um ambiente propicio para o lucro, pois as ações de responsabilidade social geram uma série de vantagens competitivas para as empresa. A RSC é parte do modelo de negócios de diversas empresas. Um das possíveis explicações para isso é que os consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais.
[6]Até meados da década de 70, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Essa percepção mudou e segundo autores da área, o conceito de desenvolvimento sustentável embute a ideia de que o mesmo tem de ocorrer nas esferas ambiental, social, e não só na econômica. As práticas de sustentabilidade são um conjunto de ações de responsabilidade, ética e transparência, que visem minimizar as externalidades negativas no ambiente a qual pertence a corporação.Isso vai de encontro ao conceito de Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade) criado por John Elkington nos anos 90.
[7]A questão da responsabilidade social corporativa(RSC)normalmente é associada ao altruísmo e filantropia. No entanto, a RSC é um dos meios utilizados para maximizar os resultados. Em outras palavras, as empresas estão inclinadas a criar um ambiente propicio para o lucro, pois as ações de responsabilidade social geram uma série de vantagens competitivas para as empresa. A RSC é parte do modelo de negócios de diversas empresas. Um das possíveis explicações para isso é que os consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais.
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