As mudanças cada vez mais frequentes no comando das companhias no Brasil revelam movimentos milionários. Ao deixarem a empresa, presidentes e diretores recebem uma espécie de reconhecimento pelo trabalho, o chamado bônus de saída, que, na maioria dos casos, fica na casa dos milhões de reais. Foi o que aconteceu em diferentes corporações recentemente, como Vale, Oi, Vivo e Google. Mas nem sempre os executivos se satisfazem com a bolada que recebem e acabam recorrendo à Justiça. Estimativas de escritórios de advocacia mostram que entre 20% e 30% deles partem para a briga nos tribunais.
Pela praxe do mercado, o valor recebido pelos profissionais no momento em que eles deixam a empresa equivale a meio ou um salário mensal multiplicado pelo total de anos trabalhados na companhia. Há também a quantia relativa à quarentena - na qual o executivo se compromete a não trabalhar na concorrência -, que costuma durar até um ano. Em geral, as empresas mantêm a remuneração dos executivos por todo esse tempo.
Considerando essas práticas, a estimativa de consultores é que o ex-presidente da Vale Roger Agnelli - que deixou a empresa no último dia 20 - tenha acertado uma quantia que beira os R$ 30 milhões. O cálculo se baseia no salário anual estimado em R$ 15 milhões e no tempo de casa, de dez anos. No caso de Roberto Lima, que deixa o comando da Vivo no próximo mês, estima-se que os ganhos possam ser superiores a R$ 6 milhões.
O pacote de benefícios pós-emprego costuma incluir ainda carros, extensão de planos de saúde, bolsas de estudo no exterior e contratação de consultorias para a recolocação profissional. No setor financeiro, é comum também a manutenção da segurança pessoal por certo tempo, incluindo veículos blindados. Cada executivo, porém, tem um contrato diferenciado, que, em 90% dos casos, é negociado quando da contratação.
- No escritório, meus clientes, que são presidentes e diretores de primeiro nível, estão em vias de receber só este ano cerca de R$ 60 milhões. São empresas de infraestrutura, tecnologia e alimentos. É um aumento considerável em relação ao ano passado - disse um advogado de uma das principais bancas do país que atua no segmento.
Mas nem todos ganham bônus de saída. Marcelo Ferrari, diretor de Negócios da Mercer, ressalta que a "indenização" é destinada a grandes executivos:
- As maiores empresas do país, líderes em suas áreas, pagam meio salário por cada ano trabalhado como reconhecimento. O Brasil hoje está alinhado com a prática internacional, principalmente, os EUA.
Fonte: O Globo
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