Existia uma expectativa que as empresas pudessem fazer novas avaliações para seus ativos. Mas o texto faz uma constatação: poucas empresas estão usando o deemed cost. De trinta empresas somente duas resolveram atribuir um novo custo.
O texto de Torres apresenta uma possível resposta a este dilema: a questão da distribuição de dividendos. Um maior ativo tem como contrapartida o aumento nas despesas de depreciação. Maior depreciação pode conduzir a um menor lucro, influenciando nos dividendos, reduzindo-os. Para alguns investidores a nova avaliação poderia diminuir o valor a ser distribuído.
Existem dois argumentos contrários a esta idéia: (1) os grandes investidores geralmente são os gestores das empresas. A redução dos dividendos poderia ser compensada por despesas favoráveis aos gestores; (2) o número de empresas onde esta justificativa seria adequada é reduzido.
Além disto, o próprio texto afirma que a CVM poderia questionar o valor a ser registrado nos ativos das empresas:
“A empresa terá que dizer que considera que o valor registrado no balanço está próximo do valor justo. A explicação só pode ser essa”, diz José Carlos Bezerra, gerente de normas contábeis da CVM, ressaltando que a autarquia sempre terá o poder de questionar essa avaliação. “Afirmar isso tem consequências.”
Parece que as empresas não acreditam na ameaça de Bezerra.
Duas possíveis explicações para a atitude das empresas que considero mais razoáveis. Primeiro, as empresas provavelmente acreditam que no futuro a reavaliação será permitida. Assim, a decisão de não atualizar o ativo poderá ser feita no futuro.
Particularmente acredito mais na segunda alternativa: atribuir um valor para cada ativo é muito caro e seus benefícios são relativamente reduzidos. O processo de mensuração do valor de cada ativo deve estar baseado num laudo de avaliação técnico. As empresas acham que isto é complicado demais; em alguns casos é interessante a contratação de terceiros para fazer esta avaliação.
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