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17 fevereiro 2011

Panamericano

Muitas notícias sobre o Banco Panamericano. Vamos por partes, então:

1. Basileia – Com o prejuízo de 4,3 bilhões de reais, o banco encerrou o exercício com um índice de Basileia negativo em 5,74%. O mínimo é de 11%. Um índice reduzido limita a capacidade de empréstimo da instituição financeira. Para resolver o problema, os novos sócios irão aumentar o capital. Como a Caixa é um banco público, isto significa dinheiro nosso. A previsão é um aporte de capital que pode chegar a 10 bilhões, somente na parte da Caixa. Ou seja, módicos R$40 por brasileiro. É interessante que o aporte do BTG poderá ser de até 4 bilhões de reais, bem menor que o valor da Caixa.

2. Publicação das Demonstrações contábeis – As demonstrações foram publicadas na “calada da noite”. Mais precisamente, as 23:58 do dia 15 de fevereiro. É bem verdade que a instituição cumpriu o comunicado ao mercado de início de fevereiro. Um dos problemas é que as demonstrações não estão de acordo com as IFRS. E agora CVM?

3. Comparação – A instituição afirmou que as demonstrações estarão sujeitas a limitações na comparação com os períodos anteriores. Mesmo o resultado apresentado deve ser visto com ressalvas, já que o diretor superintendente afirmou que os números “foram os mais fiéis que conseguimos apresentar.”

4. Mudança no Quadro de Pessoal – como somente uma pequena parcela dos funcionários sabia das fraudes, as mudanças de funcionários irão atingir cerca de 40 empregados, de um total de dois mil funcionários. Toda diretoria foi trocada.

5. O tamanho do rombo – Segundo declaração do executivo do banco, a PwC foi contratada para analisar os números. Ao mesmo tempo, a Deloitte e o banco também analisaram os valores. Segundo fonte do banco, ambos chegaram aos mesmos valores sobre o rombo. Mas a atual gestão não sabe precisar quando começou a ocorrer a fraude. Num processo judicial, isto é uma informação relevante.

6. Sistemas Contábeis – Segundo declaração do diretor superintendente, os sistemas contábeis e de controle do banco estavam corrompidos. Os processos fraudulentos estão automatizados, segundo declarou o executivo. Para resolver o problema, a instituição disse que investiu na governança, reorganizou os controles, além de alterar os comitês de auditoria. O executivo disse que em dois meses de mudanças fez que com que a instituição se transformasse. “Não acredito hoje que exista um banco melhor e mais transparente no mercado. Pode ter igual” (É difícil aceitar isto, já que um sistema de controle adequado depende da cultura organizacional, e o histórico não é muito animador).

7. Auditoria – A auditoria não deu o seu parecer. A empresa afirma que: “"A atual Administração, constituída em 9 de novembro de 2010, não assume a responsabilidade pela preparação das Informações Trimestrais referentes ao trimestre findo em 30 de setembro de 2010 e nem reconhece a confiabilidade das informações nelas contidas. Consequentemente, não expressamos uma conclusão sobre as Informações Trimestrais acima referidas"

8. Desvio – Segundo as informações da imprensa, não existem indícios de desvios de recursos das contas do banco. Ou seja, a fraude foi para encobrir os problemas administrativos. Mas, numa frase infeliz, o diretor superintende afirmou: "Torturamos os números e eles confessaram tudo. Não acredito que o rombo possa ser maior do que R$ 4,3 bilhões". Ele afirma que o esquema de fraude foi muito bem arquitetados. Será?

9. Fato Relevante – O último fato relevante divulgado foi no final de janeiro. Ficamos sabendo pela imprensa, nem sempre da melhor forma.

10. Reação do Mercado – Não ocorreu uma grande variação no preço da ação (vide gráfico abaixo)


Em resumo, apesar dos esforços da atual gestão, a opinião deste blog é que ainda existem aspectos obscuros.

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