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19 janeiro 2011

Deloitte, CVM, Aracruz e o acordo

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu levar a julgamento a empresa de auditoria Deloitte Touche Tohmatsu e seu sócio e responsável técnico José Carlos Monteiro no caso ligado à perda de cerca de R$ 2 bilhões sofrida pela Aracruz Celulose em 2008, por causa de operações com derivativos cambiais.

O caso discute a responsabilidade dos envolvidos sobre o negócio que pôs em risco a própria sobrevivência da empresa e gerou prejuízo a seus acionistas. As operações escolhidas pela empresa eram mais baratas do que outras opções no mercado, mas dependia de estabilidade cambial. Com a crise de 2008 e a valorização súbita do dólar em relação ao real, a empresa teve perdas bilionárias.

Monteiro e a Deloitte, responsáveis pela auditoria das contas, tentaram um acordo com a autarquia para encerrar processo, sem presunção de culpa, mas tiveram sua proposta negada pelo comitê da CVM responsável por avaliar a questão. Ontem, a Deloitte esclareceu ter desistido da negociação por achar excessivo e desproporcional o valor sugerido pela autarquia. Disse ainda acreditar que seus procedimentos foram adequados e que levou em consideração exclusivamente o tempo e os custos advocatícios envolvidos na defesa para formular uma proposta. Monteiro e a Deloitte chegaram a oferecer R$ 150 mil e R$ 300 mil, respectivamente.

Mas o comitê inicialmente considerou os valores baixos, dado o "contexto em que se verificaram as infrações imputadas aos proponentes, a especial gravidade das condutas consideradas ilícitas e o histórico de ocorrências da empresa de auditoria". O comitê propôs então elevar os valores para R$ 800 mil a Monteiro e R$ 1,7 milhão à Deloitte. "A contraproposta financeira feita pela CVM foi considerada excessiva e desproporcional ao questionamento em si, razão pela qual decidimos não aceitá-la", disse a Deloitte em nota. A CVM então sorteou um relator para o caso, o que significa que a discussão segue para julgamento, ainda sem data marcada.

Deloitte vai a julgamento na CVM pelo caso Aracruz - Por Agência Estado

A CVM já sinalizou que irá endurecer com os problemas do mercado. A Deloitte, diante dos seguidos problemas, sabe que capitular agora poderá indicar que estaria disposta a aceitar multas maiores no outros casos que estava envolvida. Apesar da melhoria no papel da CVM, ainda é longo o tempo em que um processo leva para ser finalizado.

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