Entre 2006 e 2009, o Banco Panamericano evitou que o Grupo Silvio Santos tivesse prejuízo. Nesse período, o banco lucrou R$ 716,7 milhões, enquanto o grupo como um todo apresentou ganho de R$ 678 milhões. Ou seja, considerando o intervalo inteiro, sem a instituição financeira, o resultado teria sido negativo em quase R$ 40 milhões.
Esses cálculos foram feitos com base nos balanços colocados no site do Panamericano e no Relatório Anual referente ao exercício 2009, disponível no site do Grupo Silvio Santos.
É preciso ressaltar que a descoberta do rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano colocou em dúvida toda a contabilidade do banco. Como lembra um analista do setor bancário, os dados podem ter sido manipulados pela antiga administração do Panamericano para maquiar perdas.
Partindo do princípio de que refletiam minimamente a realidade do banco e do grupo, fica claro por que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que emprestou os R$ 2,5 bilhões ao empresário Silvio Santos, e outras instituições envolvidas no negócio acreditam que o Panamericano será o primeiro dos ativos do grupo a ser vendido. A outra candidata principal é a empresa de cosméticos Jequiti, considerada bem sucedida do ramo.
Segundo fontes ligadas ao processo, já existiriam interessados no Panamericano – chegou-se a falar que seriam cinco. No entanto, outra pessoa ligada às negociações pondera que Silvio Santos não deve correr para vender os ativos – apesar da pressão dos credores. Em primeiro lugar, porque é um negociador duro.
Em segundo, porque o acordo que fez com o FGC prevê uma carência de três anos para começar a pagar o empréstimo. Até lá, o crédito será corrigido apenas pela variação do IGP-M, o índice de inflação que corrige a maioria dos aluguéis no Brasil.
Hora ruim. Outra fonte observa que o Panamericano mostrará, nos próximos meses, que tem boa capacidade de gerar lucro. “Se (os controladores do banco) me perguntassem, eu diria a eles com muita segurança que agora não é o melhor momento para falar em vendas, pois o ativo tem muito a valorizar no curto/médio prazo”, afirmou.
Em novembro do ano passado, a Caixa Econômica Federal adquiriu 49% do capital votante do Panamericano por quase R$ 740 milhões. Segundo aquela avaliação, o banco valeria cerca de R$ 1,5 bilhão.
No mercado, muitos analistas e investidores têm levantado dúvidas sobre o futuro do Panamericano, uma vez que, nos últimos dias, o banco assistiu a uma sangria de recursos – principalmente em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).
O Estado apurou que o ritmo de saques, que alcançou R$ 500 milhões no primeiro dia pós-anúncio da operação de salvamento, caiu “drasticamente” ontem, nas palavras de uma pessoa a par da situação.
Sem Panamericano, Grupo SS teria prejuízo - Leandro Modé - 18 Nov 2010- O Estado de São Paulo - COLABOROU PATRÍCIA CANÇADO
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