Toda mudança gera alterações – sejam positivas ou negativas. Isso é óbvio, mas nem todas fazem uma revolução como está acontecendo na contabilidade brasileira desde o final de 2007. A entrada em vigor da Lei 11.638, para aprimoramento e atualização da Lei 6.404/76 mexeu não apenas com a essência contábil nacional, mas também com a forma de a colocar em prática.
As novidades foram múltiplas – desde as mais impactantes, como o IFRS (International Financial Report Standard), que fez com que os balanços contábeis de empresas brasileiras ficassem iguais aos padrões europeus, às mais subjetivas, como questões de valor futuro e aspectos intangíveis (como marcas), dentre outros, antes não tão aplicado pelas empresas sediadas no Brasil.
Demorou muito tempo para que a nossa contabilidade tivesse alterações. Foram mais de 30 anos de estagnação [1]. Isso fez com que o Brasil não evoluísse como outras nações, com visíveis impactos na economia [2]. Se avaliarmos pelo lado mais simples – os balanços das empresas nacionais tinham de ser “traduzidos” para uma linguagem universal (a americana USGAAP ou a europeia IFRS). Ou seja, a dificuldade para as companhias internacionais entenderem nossas informações contábeis era imensa, o que dificultava a nossa entrada em novos mercados [3].
Com a aplicação do IFRS, os dados dos balanços brasileiros agora são entendidos na maior parte do mundo [4] – o que faz que a nossa entrada no mercado internacional cresça em paralelo com a nossa economia. Ainda há diversos pontos a serem atualizados, aplicados e entendidos, decorrendo daí o grande aumento de oferta e de procura de cursos de especialização em contabilidade.
Neste aspecto, também temos de lembrar do Exame de Suficiência, outra novidade no setor, que, a partir de 1° de novembro de 2010, será obrigatório, tanto para bachareis quanto para técnicos em contabilidade – de acordo com a publicação do Diário Oficial da União, de 28 de setembro de 2010. Começaremos 2011 com esta novidade, já que a primeira prova será aplicada em março.
Estamos saindo da contabilidade regional para a mundial, no formato europeu. É claro que não podemos apenas adotar um modelo eficaz de outra localidade e o aplicar aqui. Temos uma realidade completamente diferente em todos os aspectos – sociais, empresarias e econômicos.
Por isso, adaptações foram e terão de ser feitas. O mais importante é que a contabilidade brasileira evolui agora a passos largos. Com isso, nossas empresas poderão inserir-se na globalização com muito mais facilidade. Contudo, não podemos descuidar da atualização e do aprendizado contínuo.
Revolução contábil - 28 Out 2010 - Jornal do Commércio do Rio de Janeiro
[1] Isto não é verdade. Nestes "trinta" anos a contabilidade brasileira produziu idéias novas, como a questão do tratamento da inflação nas demonstrações contábeis
[2] Não existe relação causa e efeito aqui. Outras nações também não adotaram (é algo novo). O problema da estagnação era estrutural: elevada inflação, contas públicas confusas, elevado endividamento, mercado fechado etc.
[3] Este não era o problema. A questão está vinculada a falta de competitividade das empresas brasileiras.
[4] Muito otimista. Existem dificuldades ainda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário