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19 outubro 2010

Auditores

Quando a então estudante do primeiro ano do curso de ciências contábeis Andréa Gini conquistou uma vaga de trainee na Crowe Horwath RCS, empresa internacional de auditoria independente, ela não imaginava que pouco mais de um ano após receber o diploma já ostentaria um cargo de gerência. "Nunca me imaginei nessa área, mas resolvi arriscar. No primeiro ano fui promovida a assistente e, depois, o crescimento foi muito rápido", conta satisfeita.

A rápida ascensão da profissional, porém, não é um caso isolado, já que o trabalho como auditor contábil tem sido uma das áreas mais promissoras das ciências contábeis.

O auditor é responsável por atestar a exatidão dos registros e demonstrações contábeis que alteram o patrimônio e a representação de uma empresa e descobrir eventuais irregularidades. O mercado para esse tipo de profissional está aquecido nos últimos anos, em razão do crescimento da economia brasileira, do aumento dos investimentos externos e a realização de eventos como a Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016 no Brasil. Além disso, mudanças na área contábil, com a vigência da Lei 11.638 (veja quadro acima), a partir de 2008, e a adoção de padrões internacionais nas auditorias, aumentaram a demanda por esse tipo de serviço. Consequentemente, impulsionaram a contratação de mão de obra.

As empresas procuram jovens estudantes dos primeiros anos dos cursos de administração de empresas, economia, direito, engenharia e, principalmente, ciências contábeis. Oferecem treinamento e um plano de carreira no qual o funcionário pode se tornar, no nível máximo, sócio da empresa.

"Em uma empresa de auditoria, o negócio não passa de pai para filho, mas de sócio para gerente", diz o sócio da Price Waterhouse Coopers, Guilherme Campos. "Um funcionário com boa evolução pode crescer de trainee para sócio em cerca de 15 anos", afirma.

Todo ano, a empresa contrata 500 trainees, dos quais metade é destinada para a área de auditoria. Segundo Campos, nós últimos anos, a empresa dobrou o número de jovens contratados.

Esse aumento é reflexo do crescimento de 10% ao ano registrado pela empresa na última década na procura por serviços de auditoria. "As companhias precisam passar por um processo de adaptação para aplicar as novas leis e, como não possuem profissionais conhecedores desses processos, procuram as empresas de auditoria", explica.

Por causa disso, Campos estima que a demanda da companhia continue crescendo no ritmo atual de 10% ao ano até dobrar de tamanho em 2020.

Contratação

O presidente da Crowe Horwath RCS, Raul Corrêa da Silva, começou sua carreira como trainee aos 21 anos. Seis anos depois, abriu sua primeira empresa de auditoria e hoje comanda 250 profissionais, dos quais 30% são trainees. "Todos os anos os funcionários têm de crescer para que mais pessoas sejam contratadas. Esse é o ciclo natural da profissão", diz.

Os outros dois sócios da empresa, José Santiago da Luz e Mauro Ambrósio, também começaram a carreira como estagiários. "Na entrevista, sempre pergunto aos candidatos qual o salário que eles gostariam de ganhar após cinco anos. A maioria fala um valor menor do que vão ganhar efetivamente após esse tempo", diz Silva. O salário base dos iniciantes é de R$ 1,1 mil. Em cinco anos, esse valor chega a aumentar até sete vezes.

Contratado no último processo seletivo da empresa, realizado no ano passado, Gustavo Lemes, que está no terceiro ano do curso de ciências contábeis, acaba de ser promovido de trainee para assistente. "O mercado é muito bom. Para quem faz contabilidade, ser auditor é a melhor opção, porque há muita oportunidade para crescer", diz.

Seleção

A melhor maneira de entrar em uma empresa de auditoria é como trainee ainda nos primeiros anos da faculdade.

As principais companhias do setor oferecem treinamento aos iniciantes, além de apoio para a capacitação do profissional, com subsídio para pagamento da faculdade, cursos de idiomas, pós-graduação e atualização. "Os profissionais que nós contratamos são muito visados no mercado, justamente porque são super capacitados", diz a gerente nacional de recrutamento e diversidade da Deloitte, Ellen Moreira de Macedo.

A empresa faz um processo seletivo anual. Os candidatos passam por testes de conhecimentos gerais, dinâmicas de grupo e entrevistas. São 500 pessoas contratadas, das quais 250 são para a área de auditoria. "A demanda aumenta em torno de 10% ao ano", afirma Ellen.

O salário inicial varia de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil. "Se por um lado há um plano de carreira maravilhoso, por outro há muita pressão para que a pessoa cresça, já que, a cada ano, o funcionário deve ser promovido", diz.

Na Crowe Horwath RCS, o recrutamento é feito duas vezes ao ano. Cada processo tem cerca de 4 mil candidatos, dos quais cerca de 20 são contratados. O processo inclui análise de currículo, dinâmica de grupo e entrevista individual. Os contratados ficam em treinamento por três meses.


Cresce a busca por ‘atestadores de exatidão’
Crescimento da economia brasileira aquece mercado de trabalho para auditores
Texto de Ligia Aguilhar, publicado no Estadão em 17 de outubro de 2010 (via Blog Claudia Cruz)

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