As informações da China nunca foram totalmente confiáveis. A notícia a seguir mostra que aquele país pode estar fazendo contabilidade criativa na área pública:
PEQUIM - O Ministério das Finanças da China mudou a contabilidade de alguns gastos do governo este ano de forma a permitir que fosse divulgado um planejado déficit do orçamento abaixo do nível simbólico de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), como mostra um exame dos documentos orçamentários, segundo The Wall Street Journal.
No relatório do orçamento que apresentou no início deste mês, o Ministério das Finanças estimou o déficit total do orçamento para 2010 em 2,8% do PIB, "basicamente o mesmo do ano passado". Uma contabilidade estritamente cash dos gastos do governo, no entanto, elevaria o déficit de 2010 para 3,5% do PIB previsto e reduziria o déficit de 2009 a 2,2% do PIB, segundo cálculos do Journal verificados por três economistas.
A contabilidade simplesmente move gastos de um ano para outro e, portanto, não significa que a tendência geral das finanças do governo da China seja pior do que a informada. Mas abre dúvidas sobre a transparência e coloca em destaque o desejo do governo chinês de demonstrar finanças públicas fortes num momento em que os mercados globais estão nervosos com os déficits e dívidas oficiais. O Ministério das Finanças da China prometeu manter o déficit do orçamento anual abaixo de 3% do PIB - o mesmo limite que os países da zona do euro deveriam observar.
A Grécia e outros países europeus usaram por anos uma série de manobras contábeis para atingir a meta. Antes da criação do euro, França, Espanha e Portugal fizeram mudanças em seus orçamentos que permitiram que estes países mantivessem seus déficits abaixo do nível de 3% em 1997. Revisões posteriores mostraram que os déficits naquele ano foram, de fato, superiores a 3% do PIB nos três países.
Não está claro porque o Ministério das Finanças da China se atém à meta de 3%. A China não tem obrigação de manter seus déficits abaixo deste nível e muitos economistas estrangeiros, na realidade, exortam o governo a ter déficits maiores. A China também não enfrenta pressões dos mercados financeiros globais para manter um aperto nas finanças do governo, uma vez que seu enorme pool de poupança doméstica significa que o pais praticamente não precisa tomar empréstimos no exterior.
Mas, no passado, o governo da China enfrentou perguntas frequentes de investidores e de seu próprio público sobre se os dados oficiais representam acuradamente o estado da economia que cresce mais rapidamente no mundo. As informações são da Dow Jones.
China alterou contabilidade do orçamento para reduzir déficit, diz WSJ - Regina Cardeal, da Agência Estado
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