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22 fevereiro 2010

Formalismo matemático

O livro O Naturalista da Economia, de Robert Frank, é uma leitura muito prazerosa. Escrito com a forma de pergunta instigante e resposta surpreendente, sua leitura pode ser feita ao acaso ou na ordem apresentada no livro. Além disto, o estilo é muito fácil e ágil.

Entre as diversas perguntas, uma muito interessante: Por que há tanto formalismo matemático na economia?

Eis um trecho da resposta (página 168):

A escalada do formalismo matemático coincidiu com uma competição cada vez mais acirrada pelos empregos acadêmicos. Numa profissão que se orgulha do rigor, é vantajoso ser considerado o mais rigoroso entre dois candidatos. Formular e manipular modelos matemáticos sofisticados não é tarefa para os intelectualmente tímidos. Ao demonstrar essa capacidade, um candidato sinaliza de modo convincente a própria competência. Portanto, os candidatos têm uma evidente motivação para investir tempo e esforço apurando o domínio da matemática.

Porém, aqui, como em outros lugares, a força do sinal depende do contexto. À medida que um número cada vez maior de economistas aumenta o nível de formalismo de seu trabalho, gradualmente se eleva o limiar dos sinais de competência intelectual. A corrida armamentista decorrente pode levar a um formalismo excessivo.

Este tipo de formalismo está chegando à contabilidade. Qual seria esta razão?

Em primeiro lugar, existe uma crescente percepção entre os acadêmicos, inclusive de contabilidade, que ciência está associada a formalismo e uso de técnicas estatísticas. Uma segunda razão estaria no acesso facilitado a programas que permitem cálculos rápidos e fáceis de modelos estatísticos e matemáticos, sem que para isto seja necessário um conhecimento prévio muito apurado. Um terceiro motivo decorre do contato que a contabilidade tem com outras ciências, onde o grau de formalismo também cresceu. Para não continuar sendo uma "ciência" menor perante os vizinhos, cresceu também o nível de formalismo nos trabalhos e artigos. Finalmente, trabalho com maior rigor formal é mais difícil, a princípio, de ter suas conclusões questionadas.

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