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22 novembro 2009

Auditor

Engravatados e aventureiros
Eduardo Pocetti - CEO da BDO - Brasil Econômico

Em uma matéria sobre profissões, uma revista colocou a carreira de auditor em 18º lugar em um ranking relativo a salários. Como o levantamento foi feito com base em vinte possibilidades, essa colocação é a antepenúltima - posição pouco atraente para um jovem que esteja em busca de um futuro promissor.

No entanto, quem está nessa caminhada há mais de três décadas, como é o meu caso, sabe que a realidade não é bem esta.

Em primeiro lugar, poucas carreiras oferecem uma perspectiva tão concreta de ascensão rápida. Isso acontece porque, em geral, as empresas de auditoria são bastante flexíveis na sua composição societária, o que aumenta as chances de um jovem e talentoso profissional integrar o time de comando muito antes do que em qualquer outro tipo de organização.

Na própria BDO, boa parte dos sócios-diretores começou sua história na empresa na função de trainee.

Além da possibilidade de obter reconhecimento e ascensão em um prazo mais curto do que em outras carreiras, o auditor tem um dia-a-dia do qual a rotina não faz parte.

A cada novo cliente que atende, o profissional da área é desafiado a encontrar respostas e soluções, sem jamais abrir mão da independência que deve pautar o seu trabalho.

Essa batalha cotidiana é uma fonte de aprendizado constante, que torna a profissão de auditor uma das mais satisfatórias para quem está disposto a não se acomodar.

Claro que nem tudo são flores. O auditor tem que estar preparado, por exemplo, para não ser exatamente uma ‘figura querida' pelas equipes de seus clientes.

Embora a auditoria seja uma ferramenta valiosa para melhorar os controles internos e a gestão, maximizando lucros e otimizando o desempenho, ela ainda é vista com certa antipatia por parte das pessoas.

Isso acontece porque, muitas vezes, se invoca a figura do auditor quando a empresa está indo mal ou sob suspeição - e, assim, ele se transforma num ‘símbolo da crise'.

Sentindo-se investigado, o funcionário da empresa contratante vê a equipe de auditoria como uma espécie de interventora, empenhada unicamente em investigar e apontar erros.

Sem dúvida, uma auditoria bem feita realmente é aquela que revira tudo, analisa os detalhes, compara, esmiúça e não faz vista grossa ao que quer que seja.

Mas a intenção do auditor, nem sempre compreendida por aqueles que se sentem ou ameaçados, consiste em fornecer uma opinião imparcial sobre as empresas auditadas, de modo que estas possa, se necessário, corrigir processos e rever posicionamentos contábeis.

Para uma pessoa que se magoa com facilidade ou que gosta de agradar a todos, exercer esse papel e, ainda por cima, lidar com eventuais hostilidades, não é uma coisa simples.

Mas o profissional que tem consciência da importância e do valor do seu trabalho não se intimida, e com suas atitudes firmes e autoconfiantes torna-se capaz de reverter os cenários mais difíceis.

Assim, esteja em primeiro ou em último lugar nos rankings de revistas, a auditoria é uma carreira interessante, cheia de possibilidades e rica em experiências.

Mas quem atua na área deve estar sempre atento a três pontos: treinamento constante, preservação da própria credibilidade e total senso de responsabilidade.

A desatenção a qualquer um destes aspectos pode afundar uma carreira que levou anos para ser construída.

O Brasil está a caminho de se tornar a quinta economia do mundo na próxima década, o que certamente representa um campo fértil para a atuação dos auditores.

Afinal, da indústria de nanotecnologia à usina de açúcar, do banco ao mercadinho da esquina, todos os negócios precisam de contabilidade confiável.

Além disso, desde 2007 o Brasil está aderindo às normas internacionais de contabilidade. As novas diretrizes exigem adequações por parte das empresas e aumentam a necessidade de assegurar a transparência de seus números.

E mais: a quantidade de companhias dispostas a abrir seus capitais nas Bolsas de Valores cresce a cada dia. E, para que o processo se concretize, elas precisam ser auditadas.

O futuro é, enfim, bastante promissor. Principalmente para quem, apesar do terno, da gravata e do corte tradicional de cabelo, gosta de aventura e está disposto a fazer do dia-a-dia uma fonte constante de aprendizagem.

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