Dúvidas sobre o lucro da Vale
Renata Batista - Brasil Econômico - 27/10/09
Balanço trimestral deve confirmar alta nas exportações, mas analistas divergem sobre o resultado líquido.
Depois da queda de braço com o governo federal por investimentos, a Vale divulga amanhã seu resultado do terceiro trimestre em meio a incertezas sobre o novo patamar de preço do minério de ferro e o impacto da apreciação do real diante do dólar.
A empresa, que desde o início da crise goza da boa vontade dos analistas, precisa mostrar agora se está de fato conseguindo ampliar o volume comercializado.
Se não resolve as dúvidas sobre a geração de caixa e o lucro, uma melhora significativa no volume embarcado pode confirmar a recuperação do mercado mundial.
"Esse será o trimestre mais forte do ano, provavelmente confirmando a recuperação do mercado da China, com venda de minério de ferro mais forte e o resultado da Vale também. Mas o nível ainda estará muito longe do que era antes da crise", afirma Patrick Corrêa, analista da Máxima.
Para Luís Felipe Magon, da BNY Mellon Arx, asset management do grupo BNY Mellon, o volume pode surpreender, passando das 54 milhões de toneladas embarcadas no segundo semestre para 65 milhões de toneladas.
A dúvida é qual o impacto sobre o resultado, já que não há clareza sobre os preços praticados nem sobre os custos envolvidos.
Corrêa, Magon e quase todos os analistas que acompanham a Vale temem o impacto de outros fatores sobre o resultado.
Caso do segundo trimestre, com os custos logísticos e a alta do real. O real continuou subindo, de R$ 2,50 para cerca de R$ 1,90 no fim de setembro.
"O frete internacional pode até diminuir com o câmbio, mas quase todos os custos da Vale são em reais. Ela depende de volume para diluir esse impacto", diz William Castro Alves, da XP Investimentos.
Não à toa, a projeção de lucro por ação da Vale chega a variar de R$ 0,40 a R$ 0,60 de uma instituição para outra. Mesmo as projeções de um único analista registram intervalos de até R$ 1 bilhão na expectativa de lucro total, que deve ficar abaixo de R$ 3 bilhões.
Para a margem Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações), as previsões superam os R$ 4 bilhões, bem abaixo dos R$ 11 bilhões verificados no período de 2008.
Embora ainda busquem respostas definitivas sobre o futuro do sistema de precificação por benchmark adotado pela empresa, os analistas enxergam sinais de melhora nos embarques para a Europa, mercado que praticamente parou depois da crise, obrigando a Vale a arcar com elevados custos de frete internacional para ampliar sua base de clientes na Ásia.
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