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23 setembro 2009

Madoff e Auditoria

A unidade de Luxemburgo da Ernst & Young não entregará "contra sua vontade" um relatório interno que um grupo representando investidores sustenta que esclareceria os trabalhos da firma de auditoria com um fundo ligado a Bernard Madoff, segundo um tribunal foi informado na quinta-feira.

"A situação mudou radicalmente" desde que o tribunal de Luxemburgo ordenou a um fundo, que havia investido 95% dos ativos com Madoff, a divulgação de uma auditoria privada da Ernst & Young, afirmou Marc Kleyr, advogado da empresa de auditoria, a uma juíza, na quinta. "Desde então o fundo foi colocado em liquidação."

"Qualquer auditor respeitável como a Ernst & Young não pode aceitar que, de um dia para outro, documentos possam ser distribuídos livremente para qualquer lado", disse Kleyr.

Desde dezembro, cerca de 30 processos ligados a Madoff para recuperar fundos ou buscar documentos que possam estabelecer o passivo foram aceitos por tribunais de Luxemburgo. O país é o segundo maior mercado de fundos mútuos, atrás apenas dos Estados Unidos.

Em março, investidores, como o Meeschaert Asset Management e a unidade francesa da Fortis, ganharam nos tribunais ordens para que o fundo LuxAlpha Sicav-American Selection e seu banco custodiante, uma unidade do UBS AG, lhes apresentassem documentos com informações sobre os negócios com Madoff. O relatório da Ernst & Young "é importante porque mostrará como os auditores trataram a análise do funcionamento interno do LuxAlpha", observou Edouard Fremault, analista sênior da empresa de advocacia Deminor International, que representa os investidores. "Este caso diz respeito ao cumprimento de uma ordem que o juiz deu há seis meses", no caso do LuxAlpha.

Em 4 de março, a juíza Brigitte Konz ordenou ao LuxAlpha a entregar os documentos da Ernst & Young aos investidores. Os advogados do LuxAlpha haviam dito no tribunal que cumpririam a determinação. Menos de um mês depois, o fundo foi dissolvido e colocado em liquidação.

Alain Rukavina, um dos dois liquidantes encarregados do LuxAlpha desde sua dissolução em abril, disse à juíza não possuir os documentos originais e que esses ainda estão com a Ernst & Young. Solicitou, portanto, para a Ernst & Young apresentar seus argumentos ao tribunal, acrescentou.

Madoff, de 71 anos, está preso depois de se declarar culpado em março por fraudar investidores em até US$ 65 bilhões. Ele cumpre sentença de 150 anos por usar dinheiro de novos investidores para pagar os mais antigos, uma fraude mundial que se estendia desde, pelo menos, o início dos anos 80.

Um total em torno a US$ 12 bilhões foi sacado por clientes da firma de Madoff em 2008, incluindo cerca de US$ 6 bilhões nos 90 dias anteriores à quebra da firma de Madoff, segundo um síndico do caso.

Auditoria: Ernst & Young recusa-se a entregar documentos em disputa ligada a Madoff
Stephanie Bodoni, Bloomberg, de Luxemburgo - Valor Econômico - 22/9/2009

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