Cartão exige investimento elevado
Altamiro Silva Júnior e Maria Christina Carvalho, de São Paulo
Valor Econômico - 14/9/2009
Aumentar a concorrência no credenciamento de estabelecimentos comerciais, como quer o governo, vai custar caro. Criar uma nova empresa credenciadora, capaz de competir com VisaNet e Redecard, que dominam esse mercado, vai exigir investimentos da ordem de US$ 100 milhões. A estimativa é do consultor da Partner Álvaro Musa, que conhece bem esse mercado. Trabalhou muitos anos na Credicard e foi um dos criadores dos famosos 40 dias sem juros para pagar no cartão.
Musa estima esse valor por conta dos altos investimentos iniciais em tecnologia, equipamentos de segurança e infraestrutura, sem contar a necessidade de ter uma rede nacional. Só faria sentido esse tipo de investimento se essa empresa conseguisse ao menos 20% do mercado, estima o consultor.
(...) Mesmo com os altos custos, Musa acha que há espaço para um terceiro competidor grande, capaz de competir com a VisaNet e a Redecard. A razão é que o mercado de cartões tem potencial grande de crescimento e passa por mudanças. Os próximos dias prometem ser decisivos para as empresas do setor.
Nesta semana, na quarta-feira, deve sair a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o fim da exclusividade no relacionamento entre VisaNet e a bandeira Visa para credenciar estabelecimentos comerciais. Na final do mês, sai a conclusão do Banco Central e outros órgãos do governo sobre o que pode ser feito para dar mais eficiência e aumentar a concorrência nesse mercado.
(...) Operadoras de telefonia podem entrar nesse mercado, diz Musa. Além do celular estar virando meio de pagamento, as telefônicas já têm a tecnologia para a captura de transações e transmissão de dados. Não é à toa que houve uma troca de executivos entre empresas de celular e o setor de cartões nos últimos anos. O presidente da Vivo, Roberto Lima, veio da Credicard. O presidente da Redecard, Roberto Medeiros, veio da Telefónica.
O que pode atrapalhar o desenvolvimento do setor é uma regulamentação pesada. O consultor acredita que isso pode afugentar investimentos, principalmente de estrangeiras, e frear o desenvolvimento do mercado. Ele prevê o país com 1 bilhão de plásticos em 2025, que vão fazer 30 bilhões de transações anuais e movimentar R$ 1,8 trilhão.
O texto é muito interessante por apresentar diversos aspectos sobre a concorrência no mercado: o custo de entrada (investimento inicial), papel da regulação, impacto nda mudança tecnológica, etc.
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