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03 abril 2009

Mudança na MM pelo Fasb 11

EUA: Mudança Em Marcação A Mercado Pode Ter Pouco Impacto P/ Bancos
DJ em Portuguese - 2/4/2009

Nova York, 2 - Analistas do setor bancário estão alertando que as mudanças contábeis aprovadas esta manhã podem ser muito pequenas e terem chegado muito tarde. No início do dia, as ações de bancos dispararam depois que o Comitê de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb, na sigla em inglês) aprovaram mudanças para dar aos bancos maior flexibilidade para estimar o valor de ativos em sua carteira de investimentos. Às 16h20 (de Brasília), as ações do Citigroup subiam 2,61% e as do Bank of America estavam em alta de 3,36%.

As normas que forçaram os bancos a marcarem os papéis a mercado causou muitas dificuldades para as instituições porque não havia compradores e, portanto, não havia preços para as obrigações da dívida colateralizada e outros ativos lastreados em determinadas hipotecas. As mudanças não serão aplicadas retroativamente, e os ativos nos livros dos bancos já sofreram baixas contáveis agressivas. Portanto, boa parte do dano já ocorreu.

Enquanto, os maiores problemas para os bancos agora não são os ativos submetidos a baixas contábeis, mas o crédito inadimplente, o dinheiro que os bancos tiveram de colocar de lado para cobrir os calotes e o poder de gerar lucro destas companhias.

O presidente e executivo-chefe do Bank of America, Ken Lewis, disse nesta quinta-feira à cadeia de notícias CNBC que, no caso do banco, a questão (da marcação a mercado) não era tão importante "quanto alguns pensavam".

Em comunicado, o Citigroup disse que acredita que "as decisões de hoje do Fasb sobre a regra contábil de valor justo (FSP FAS 157-e) não terão impacto nas declarações financeiras do Citigroup ou em nossas práticas existentes de determinar o valor justo".

Robert B. Albertson, estrategista-chefe da firma de serviços financeiros Sandler O'Neill, afirmou que, considerando a "potencial ambiguidade do que (o Fasb) diz" é possível que a polêmica sobre a marcação a mercado continue. As mudanças podem ser boas para os bancos ou não dar em nada, acrescentou.

O analista John McDonald, da corretora Sanford Bernstein, disse em e-mail à Dow Jones que, na sua opinião, "trata-se de uma modesta mudança interpretativa e vem muito tarde no ciclo" para alterar a direção dos bancos.

Robert Willens, ex-analista contábil do Lehman Brothers Holdings que agora atua numa consultoria sobre tributação corporativa em Nova York, estima que a mudança pode aumentar os lucros dos bancos em até 20%. Vários analistas e mesmo alguns banqueiros consideram esta estimativa muito agressiva.

Lewis disse na CNBC que a mudança pode adicionar "um ou dois centavos" ao lucro por ação, "mas não 20%". O executivo-chefe do Bank of America disse que cerca de US$ 700 bilhões dos aproximadamente US$ 2,4 trilhões em ativos do Bank of America estão "marcados a mercado e bastante rigorosamente marcados".

Richard X. Bove, da Rochdale Securities, acredita que a mudança possa adicionar entre 5% e 10% aos lucros de alguns bancos, mas disse que não está claro quem se beneficiaria mais, porque os detalhes sobre quais bancos não deram baixa contábil agressiva em ativos não são claros. Provavelmente os que mais se beneficiarão, disse, são os maiores bancos dos EUA, como JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of America e Wells Fargo, enquanto mesmo os grandes bancos regionais poderão ter pouco ou nenhum aumento nos lucros.

A mudança na norma terá um impacto em baixas contábeis futuras, mas Bove concorda com McDonald que os bancos "reduziram o tamanho das carteiras de ativos nas quais as baixas contábeis futuras podem ser menores" e os preços subiram para "uma boa parte dos ativos". Os grandes problemas que os bancos sofreram estão agora superados, disse Bove.

As mudanças contábeis podem ter outro efeito: os investidores podem olhar para o poder de gerar lucro dos bancos. "Há um reconhecimento crescente de que a maior parte dos grandes bancos é lucrativa", incluindo o Bank of America, disse Bove. As informações são da Dow Jones. (Regina Cardeal)

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