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22 abril 2009

Bancos

Bancos ainda continuam atolados em títulos ruins
22 Abril 2009 - Valor Econômico

(...) O balanço do BofA é um exemplo das dificuldades presentes e futuras do sistema financeiro, em uma contabilidade minada por fraquezas. A instituição tem US$ 118 bilhões de ativos da Merrill Lynch, que adquiriu, garantidos pelo governo americano. Recebeu US$ 45 bilhões do Tesouro e obteve US$ 41,7 bilhões na venda de papéis que tinham a garantia da Federal Deposit Insurance Corporation. Com isso, um lucro de US$ 4,25 bilhões, ainda que relevante, diz pouco sobre o futuro. Mais importante para os investidores foram as provisões, nas quais o banco dobrou sua estimativa de calote em cartões de crédito (foram para US$ 8,2 bilhões) e aumentou 89% nas de empréstimos imobiliários (US$ 3,4 bilhões). Isto é, enquanto as perdas imobiliárias ainda não deram sinais de descanso, as que advêm do ciclo econômico recessivo começaram a bater com força, mantendo as dúvidas sobre a capacidade da instituição manter-se de pé sem ajuda oficial.

A dúvida se estendeu na segunda-feira a outros gigantes das finanças americanas. Relatório do Goldman Sachs apontou que as perdas do Citi crescem velozmente. O lucro do Citi foi de US$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre, um resultado ao qual não faltaram providenciais acertos contábeis - foi autorizada a mudança na forma de precificar os títulos tóxicos. Ao balanço lucrativo da própria Goldman Sachs foram feitas ressalvas pelos investidores, que notaram o estranho desaparecimento do mês de dezembro em meio à mudança provocada pela transformação de banco de investimento em banco comercial. Por isso tudo, as ações de bancos estão hoje 70% abaixo do seu pico.

Os bancos estão ganhando tempo com as maciças ajudas bilionárias do governo. Fundamentalmente, porém, nada de relevante mudou desde o início da operação de salvamento, a partir de outubro. A possibilidade de abandonar a marcação a mercado dos títulos ilíquidos deu um belo alívio aos bancos, enquanto eles aguardam os resultados dos testes de estresse que o governo está finalizando. O verdadeiro jogo ficará claro quando os resultados dos testes saírem. (...)

Os críticos dizem que o afrouxamento das regras contábeis retiram o incentivo para que os bancos se desfaçam dos papéis problemáticos. Outros acreditam que os leilões farão os papéis serem avaliados por mais do que valem, já que os investidores privados ganharão mais se os ativos comprados se valorizarem, mas arcarão com apenas pequena parcela do prejuízo se ele ocorrer. (...)

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