Empresas 'perdem' R$ 10 bi com novas regras contábeis
Cesar Bianconi
O Estado de São Paulo - 25/3/2009
De 23 empresas do Ibovespa que divulgaram balanço pelas duas regras, 70% tiveram lucro contábil menor
A entrada em vigor no País de novas regras contábeis para os balanços fez com que as empresas listadas no índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) tivessem em 2008 um lucro menor do que teriam se usassem as regras antigas. Segundo levantamento da Agência Estado, 70% das 23 companhias não financeiras do índice que divulgaram o resultado de 2008 com e sem os efeitos da nova lei 11.683 tiveram lucro contábil menor. Somada, essa “perda”, somente nessas empresas, chega a R$ 10,6 bilhões
“Os dados não surpreendem. Na maioria dos balanços que eu tenho olhado, o lucro caiu. Algumas normas sempre irão reduzir o lucro e outras podem aumentá-lo ou diminuí-lo”, diz Tadeu Cendon, sócio da PriceWaterhouseCoopers.
No geral, as empresas mais afetadas pela queda relativa no lucro no ano passado são as que possuem ativos no exterior. De acordo com Fernando Próspero, sócio da Ernst & Young, os principais fatores que têm influenciado negativamente os balanços são a forma de se registrar a variação cambial de ativos no exterior, o reconhecimento de perdas por desvalorização de ativos (“impairment”), a marcação a mercado de instrumentos financeiros, a remuneração por meio de opções de ações e o arrendamento mercantil.
Em valores absolutos, Petrobrás e Vale foram as empresas que mais sofreram com a nova lei. Embora os ajustes na maioria dos casos não tenham efeito caixa, têm influência no lucro contábil, que é a base para a distribuição de dividendos aos acionistas.
Por causa disso, à primeira vista, a adoção da nova lei foi ruim para os acionistas. Mas especialistas avaliam que o resultado pelas novas normas é mais puro, o que beneficiaria os acionistas no longo prazos.
Para Guillermo Braunbeck, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), de qualquer forma, não deve haver muita volatilidade nos dividendos em função das novas normas. “De uma forma ou de outra, o que determina o dividendo é puramente a visão econômica da empresa e as projeções dos investimentos que ela precisa realizar adiante”, diz.
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