Banco brasileiro é exceção, diz ''Economist''
Evitam risco tolo pois lucram muito?
Os bancos brasileiros estão seguros e seriam uma "exceção" no setor em meio à crise, segundo reportagem publicada pela revista britânica Economist que chegou às bancas ontem.
Ao comentar o corte de 1,5 ponto porcentual da taxa de juros Selic na semana passada que reduziu a taxa básica para 11,25% ao ano, a revista afirma que o Banco Central conseguiu cortar as taxas "dura e rapidamente", e que mais cortes são esperados para os próximos meses.
"Esta é uma novidade bem vinda: no passado, a frágil moeda e a alta inflação impediam que o país adotasse medidas anticíclicas como esta", afirma a reportagem.
Mas a revista destaca que os cortes nas taxas não estão sendo repassados para os clientes, alimentado a discussão sobre os altos lucros dos bancos com seus spreads (a diferença entre as taxas cobradas sobre o dinheiro que o banco toma emprestado e que ele empresta aos seus clientes).
"Os bancos brasileiros podem ser caros, mas pelo menos eles estão seguros", diz a Economist. "Até agora, nenhum deles teve problemas com a crise financeira mundial. Isso pode ser porque seus lucros com as atividades diárias são tão altos que eles não precisaram assumir riscos tolos." Os números da Economática (veja quadros acima) sobre rentabilidade mostram que a revista está certa sobre a lucratividade dos bancos brasileiros.
A Economist afirma que, segundo cálculo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o Brasil tem os spreads bancários mais altos do mundo.
O cálculo, no entanto, é contestado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que alega que os spreads são inflados pelos impostos cobrados sobre as transações bancárias.
De acordo com a revista, a segurança também se deve ao fato de a regulamentação do sistema bancário do país ser mais dura desde que vários bancos quebraram quando a inflação foi domada, em meados dos anos 90.
A revista se refere ao sistema bancário depois da adoção por medida provisória do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer). A medida utilizada para para responder à nova realidade advinda com o Plano Real e promover o enxugamento do sistema financeiro através de fusões entre bancos, bem como aquisições, reorganizações societárias, e reestruturações.
A Economist comenta ainda que os bancos HSBC e Citibank, que enfrentam problemas no resto do mundo, vão bem no Brasil.
"De uma maneira ou de outra, o sistema bancário do Brasil parece que vai continuar a ser a lucrativa exceção aos desastres em outros lugares", conclui a reportagem.BBC
22 março 2009
Banco Brasileiro é exceção
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