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29 janeiro 2009

Os culpados

Jornal britânico aponta os 25 culpados pelo colapso global
28 January 2009
Gazeta Mercantil
São Paulo, 28 de Janeiro de 2009 - "A pior crise econômica desde a Grande Depressão não é um fenômeno natural, e sim um desastre fabricado pelo homem no qual todos tiveram a sua participação". Com essa explicação, o jornal britânico The Guardian publicou ontem em seu site na internet o resultado de uma pesquisa realizada por editores e repórteres, selecionando as 25 principais pessoas que estiveram ativamente no centro da atual crise (e "outras seis que sabiam o que ia acontecer"). (...) A relação traz dois presidentes de bancos centrais, quatro políticos, 15 banqueiros e representantes de Wall Street, e quatro na categoria "outros", que inclui até mesmo os cidadãos norte-americanos, "pois deveriam saber que estavam tomando emprestado mais dinheiro do que poderiam reembolsar."
O primeiro da lista é Alan Greenspan, o ex-presidente do Fed (de 1987 a 2006) que deu seu apoio aos empréstimos subprime, mas antes era reverenciado como "oráculo" ou o "maestro".
Segundo a pesquisa do jornal britânico, ele é encarado como um dos maiores culpados pela crise, por ter defendido durante muitos anos os florescentes negócios com derivativos - praticamente inexistentes quando assumiu no Fed, mas que passaram de US$ 100 trilhões em 2002 para mais de US$ 500 trilhões cinco anos mais tarde. (...)
Outro dos culpados, segundo a pesquisa do Guardian é o presidente do Banco Central da Inglaterra, Mervyn King, que assumiu seu cargo quando a economia britânica atravessava uma fase tranquila. Diz o diário que ele deveria ter percebido a aproximação da bolha imobiliária e entrado em ação.
Os políticos também
Com os culpados separados por categorias, vêm a seguir a relação de políticos, encabeçada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Ele reforçou a lei para reinvestimento comunitário para forçar os fornecedores de crédito hipotecário a liberalizar suas normas a fim de permitir que pessoas com menos recursos pudessem solicitar créditos imobiliários.
O atual primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, também não escapa e é responsabilizado por "colocar os interesses da City à frente dos de outros setores da economia, tais como a indústria".
O ex-presidente dos EUA, George W. Bush, é criticado por não ter feito nada para colocar um freio nos créditos subprime que a legislação de Clinton favoreceu. Também nada fez para controlar Wall Street com regulamentação, embora seja de sua administração a Lei Sarbanes-Oxley (após o escândalo da Enron). Ainda entre os políticos, entra o ex-senador pelo Texas, Phil Gramm, que foi um ardente defensor da desregulamentação financeira. (Em 2001, ele disse em um debate no Senado: "alguns olham para o subprime como o mal. Eu olho e vejo o sonho americano em ação.").
A mais concorrida
A categoria com o maior número de integrantes é a de banqueiros e representantes de Wall Street, nas quais aparece Abby Cohen, principal estrategista do Goldman Sachs, "um otimista incorrigível", substituído em março passado. Depois vem Kathleen Corbett, ex-principal executiva da Standard & Poor's, "Hank" Greenberg, do grupo AIG, que mesmo depois de receber ajuda do governo, pagou luxuosas viagens a seus executivos; Andy Hornby, ex-presidente do HBO - pelas decisões erradas na fusão com o Halifax; Sir Fred Goodwin, ex-presidente do RBS, um dos empresários favoritos de Gordon Brown; Steve Crawshaw, ex-presidente da Bradford & Bringley ; Adam Applegarth, ex-presidente do Northern Rock; Dick Fuld, principal executivo do Lehman Brothers; Ralph Cioffi e Matthew Tannin, do Bear Stearns (indiciados por fraude); Lewis Ranieri, do falido Franklin Bank Corp.: Joseph Cassano, da AIG; Chuck Pince, ex-presidente do Citi; Angelo Mozilo, do Countrywide Financial; Stan O'Neal, ex-presidente do Merryl Lynch e Jimmy Caine, do Bear Steans
Gastar além da conta
Na categoria "outros", entram o democrata Christopher Dodd, presidente da comissão bancária do Senado; Geir Haard, primeiro-ministro da Islândia (que esta semana anunciou sua saída); e os norte-americanos: "se eles tivessem simplesmente se dado conta de que estavam tomando empréstimos que não teriam condições de pagar, talvez não estivéssemos nessa confusão".
Por último, o jornal acrescenta seis outros que "sabiam o que iria acontecer": John Tiner, principal executivo da Financial Services Authority, da City londrina; Andrew Lahde, presidente de um fundo de hedge; John Paulson, também presidente de um fundo de hedge; o professor Nouriel Roubini, que em 2006 já avisava da chegada da crise e se mantém pessimista; Warren Buffett, investidor (em outubro passado disse que havia começado a comprar ações de novo); George Soros, especulador; Stephen Eismann, gerente de fundos de hedge e Meredith Whitney, da Oppenheimer Securities.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Redação)

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