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13 novembro 2008

Obama e a Crise

Com respeito a crise e as montadoras destaco três reportagens recentes. Na primeira, informa que Obama trata crise de montadoras como teste de seu governo:

Valor Econômico – 12/12/2008
Líderes democratas no Congresso americano disseram ontem que vão propor uma nova lei na semana que vem para dar ao governo a autoridade para usar o fundo de socorro a Wall Street de US$ 700 bilhões no resgate das montadoras de Detroit. O presidente eleito Barack Obama também determinou que sua equipe de transição avalie meios de socorrer as montadoras antes mesmo de sua posse. As movimentações ocorreram em decorrência das advertências da General Motors de que pode enfrentar uma falta de caixa até o fim do ano. O governo de George W. Bush tem relutado em expandir o socorro de Wall Street às combalidas montadoras, afirmando não ter autoridade específica do Congresso para tal medida.

(...) A General Motors está perdendo caixa tão rapidamente que seu diretor-presidente, Rick Wagoner, alertou esta semana que o resgate não pode esperar até a posse de Obama. A Ford também está numa posição difícil, apesar de a diretoria da empresa ter afirmado semana passada que não enfrenta uma crise no curto prazo.


O segundo texto (Como trocar um pneu, O Globo, 13/11/2008) é de Thomas L. Friedman, que critica uma eventual ajuda para montadoras:

Em setembro, estava num quarto de hotel assistindo à CNBC. Eles estavam entrevistando Bob Nardelli, diretor-executivo da Chrysler, que explicava por que o setor automobilístico, naquele momento, precisava US$25 bilhões em garantias de empréstimos. Não se tratava de um resgate, disse ele. E sim uma forma de permitir às montadoras se reequiparem para investir em inovação. Não pude reprimir um grito indignado: “Temos que subsidiar Detroit (sede das principais montadoras) para que eles inovem? Em que negócio eles estiveram metidos se não o de inovar?” Se dermos outros US$25 bilhões, será que investirão em contabilidade? [sic, grifo meu]

(...) A culpa dessa mancada não é apenas dos executivos do alto escalão, mas também da Câmara e do Senado, que, ano após ano, votou segundo as instruções de Detroit. Isso blindou GM, Ford e Chrysler em relação a preocupações ambientais e com milhagem, além do impacto total da concorrência global, que poderia ter obrigado Detroit a se adaptar há muito mais tempo. De fato, se e quando Detroit morrer, espero que todos os deputados e senadores ajudem a carregar o caixão. E ninguém mereceu mais o título de carregador-de-caixão-mor do que o deputado John Dingell, presidente do Comitê da Câmara de Energia e Comércio, que se esforçou mais do que qualquer outro em proteger Detroit.

Bem, agora que desabafei, o que fazemos? Estou tão apavorado como qualquer um com o efeito dominó sobre o setor e os trabalhadores se a GM falir. Mas, se formos usar o dinheiro do contribuinte para salvar Detroit, então que seja feito segundo as premissas sugeridas pelo “Wall Street Journal” na segunda-feira, por Paul Ingrassia, ex-chefe da seção de Detroit do jornal:

“Em troca de qualquer investimento diretor do governo”, escreveu ele, “o conselho e a diretoria (da GM) deveriam ser afastados. Os acionistas deveriam perder sua polpuda parcela de dividendos. E um interventor apontado pelo governo deveria ter total poder para redesenhar a GM. Isso significará rasgar acordos e contratos atuais com sindicatos, revendedores e fornecedores, fechar algumas operações, vender outras e fazer um downsizing na companhia. Dar à GM um cheque em branco — como Washington está se sentindo tentado a fazer — seria um erro monumental.”

Eu acrescentaria outras condições: qualquer montadora que receba dinheiro do contribuinte deve mostrar capacidade de transformar cada veículo de sua frota em motores híbridos, de modo que possam também rodar com etanol. Por fim, alguém deveria chamar o Steve Jobs (fundador da Apple), que não precisa receber propina para inovar, e perguntar se ele não toparia prestar um dever cívico e dirigir uma montadora por ano. Aposto que não demoraria para ele inventar o iCar da GM.


O terceiro texto é menos polêmico. Mas é a constatação de que existe uma chance razoável do governo dos EUA ajudar as montadoras:

Congresso dos EUA tenta salvar GM
O Estado de São Paulo - 13/11/2008

A informação de que o Congresso norte-americano vai tentar socorrer as montadoras do País, em especial a General Motors uma das que estão em situação mais crítica, com parte do pacote de US$ 700 bilhões do governo federal , deu impulso ontem aos papéis da empresa num dia de queda generalizada de ações em Wall Street.

(...) A presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, afirmou ontem que o Congresso pode se reunir na próxima semana em uma sessão especial para discutir uma ajuda financeira às montadoras. Pelosi quer que essas empresas tenham acesso ao Programa de Aquisição de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês).

“Estou confiante de que o Congresso pode considerar uma medida de assistência emergencial durante uma sessão especial na próxima semana e acredito que a administração Bush vai apoiá-la”, disse. (...)

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