O FMI e a crise cambial que veio do leste
Valor Econômico - 6/11/2008 - Mariam Dayoub
(...) Nas últimas semanas, os mercados de moedas mostraram movimentos bruscos há tempos não vistos. As moedas emergentes sofreram forte depreciação, enquanto o dólar americano, o iene e o franco suíço se apreciaram. Do nosso ponto de vista, isso reflete a desalavancagem global, o desmonte das apostas baseadas na expectativa de que o crescimento mundial continuaria robusto mesmo com a recessão americana, grande parte financiadas via carry trade, e a liquidação de contratos de derivativos cambiais. Indo além, o fortalecimento do dólar americano desde meados de julho indica a reversão nas tendências de investimento que prevaleceram no período de crédito abundante e barato, crescimento mundial robusto e baixa volatilidade nos mercados. A forte depreciação das moedas locais indica que os países emergentes enfrentarão crises cambiais. Desta vez, não é uma crise cambial na América Latina ou na Ásia, mas uma crise cambial com dimensões globais. O epicentro está nos países do leste europeu, cujo sistema financeiro estava à beira do "derretimento". Como trabalham com bandas cambiais atreladas ao euro, a forte saída de capital estrangeiro aponta para inconsistências entre a política macroeconômica e a política cambial locais, o que leva à forte desvalorização de suas moedas. Com o estouro de crises cambiais, cerca de 12 países estão em negociação com o FMI, que, na 2ª quinzena de outubro, emprestou US$ 2,1 bilhões à Islândia, US$ 16,5 bilhões à Ucrânia e US$ 25,1 bilhões à Hungria. Os problemas advindos da crise financeira dos países desenvolvidos, a desalavancagem dos fundos de hedge e o contágio mais rápido e brutal dos países emergentes são problemas que se retroalimentam.
06 novembro 2008
Crise cambial
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