SEC relaxa regra de marcação de títulos podres
Patrícia Campos Mello, WASHINGTON
1/10/2008
O Estado de São Paulo
A Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários do Estados Unidos) relaxou as regras de “marcação a mercado” dos títulos lastreados em hipotecas, difíceis de avaliar ou com pouca liquidez. Os bancos normalmente são obrigados a pôr em seus balanços o valor de mercado. Como é praticamente impossível negociar esses papéis, as instituições são obrigadas a registrar os títulos por 20%, 30% de seu valor de face. Assim, os ativos dos bancos ficam valendo muito menos e as instituições ficam vulneráveis.
A SEC enviou nota aos bancos orientando que eles não registrem esses títulos por seu preço de “saldão”. “Quando não existe um mercado ativo para um papel, o uso de estimativas da administração, que incorporam expectativas de fluxo de caixa futuro, é aceitável.”
A SEC deu a entender que o valor desses títulos em mercados em crise não é o justo, e portanto não precisa constar dos balanços. Os modelos internos dos bancos podem ser usados para determinar o valor dos papéis quando não houver liquidez. Os bancos já usavam esses modelos para determinar o valor de títulos menos líquidos.
A determinação da SEC vai deter o processo de remarcação para baixo dos valores desses títulos - agora, os bancos podem se basear mais em seus modelos internos, e não no mercado em crise, que está pagando pouquíssimo por esses papéis, isso quando há compradores. A medida pode ser um alívio para o sistema financeiro, abarrotado desses papéis.
A campanha do candidato republicano divulgou uma nota comemorando a flexibilização das regras de marcação a mercado. “John McCain está satisfeito que a SEC finalmente decidiu permitir métodos alternativos de contabilidade, além da marcação a mercado de títulos, quando não existe mercado ativo. Essas regras de contabilidade estavam exacerbando o aperto de crédito.”
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