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04 setembro 2008

Juros e Religião




(...) As vendas dos títulos compatíveis com o direito islâmico, ou Sharia, caíram 50% em 2008 e os preços tiveram queda, em média, de 1,51%, segundo dados do HSBC Holdings. Esses títulos, os sukuk, não pagam juros, o que é proibido pela lei islâmica, mas pagam um percentual do lucro do negócio subjacente.

Foram esses títulos sukuk que financiaram o ambicioso projeto Palm, a maior ilha artificial do mundo, construída em Dubai e onde milionários e estrelas como David Beckham e Donald Trump possuem casas.

O mercado de bônus sukuk, que crescia 100% ao ano desde 2004 e atingiu volume expressivo de US$ 90 bilhões, está atualmente em declínio depois que um grupo de juristas islâmicos com sede no Bahrein decretou, em fevereiro deste ano, que a maioria dos bônus existentes no mercado desrespeita as regras religiosas. Segundo os juristas islâmicos, apenas um deles cumpriria o édito e continua sendo emitido, o que está pressionando os custos dos empréstimos em projetos, entre eles os imobiliários, de US$ 200 bilhões na capital dos Emirados Árabes Unidos.

"Em tempos de aflição, a primeira coisa que os investidores vendem são os créditos que não compreendem direito", disse James Milligan, chefe de operações de ativos de renda fixa no Oriente Médio do HSBC em Dubai, o maior subscritor de bônus sukuk no Golfo Pérsico no ano passado. "Isso afetou duramente os spreads na região", disse ele, referindo-se ao nível relativo de retorno dos papéis.

Os bônus atendem à proibição islâmica aos juros, ao permitir que os investidores se beneficiem com a troca de ativos, e não de dinheiro. As vendas dos títulos caíram de US$ 21 bilhões entre janeiro e agosto do ano passado para US$ 11 bilhões no mesmo período de 2008, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Novo decreto sobre papéis islâmicos desencadeia crise
Gazeta Mercantil - 4/9/2008 - Finanças & Mercados - Pág. 2 - Bloomberg News

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