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22 agosto 2008

A questão contábil do desconto

Relatório divulgado pelo banco Morgan Stanley no dia 18, revisando para baixo o preço-alvo das ações da Kroton, companhia de educação, expôs uma inusitada divergência entre uma empresa com a instituição coordenadora da oferta inicial de ações. Como resultado do confronto, os papéis da holding, que controla uma rede de ensino com 35,4 mil estudantes, caíram mais de 20% em apenas quatro pregões, passando do valor de fechamento de R$ 25,00 alcançado em 15 de agosto para R$ 19,99 nas negociações de ontem, o menor preço desde que a empresa abriu o capital, em julho de 2007.

Segundo o relatório do banco, a companhia gera um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) "menor do que considerávamos anteriormente, já que [a empresa] contabiliza os descontos aplicados à mensalidades de forma diferente de que fazem seus concorrentes".

(...) A metodologia contábil utilizada pela Kroton inclui os descontos nas despesas financeiras. Assim, o lajida fica inflado em relação às outras companhias do setor - Anhangüera, Estácio e SEB. O ajuste feito pelo Morgan reduz o indicador em 42%.

O relatório foi contestado ontem pela Kroton. "Toda a nossa conduta de apropriação contábil está expressa no prospecto definitivo de oferta inicial e, em relação à questão específica dos descontos, está descrita, detalhadamente na pag. 81, da versão em português", afirma comunicado divulgado ao mercado. "O Morgan Stanley, como coordenador líder da nossa oferta, tem conhecimento detalhado do conteúdo do prospecto, visto que participou intensamente da construção do mesmo", acrescenta a Kroton.

(...) O Morgan Stanley, ontem, divulgou nota afirmando não julgar "os critérios de contabilidade adotados pelas companhias analisadas", mas assinalou que a Kroton "adota métodos diferentes para relatar descontos nas mensalidades em relação a outras empresas do setor". Foi por causa dessa discrepância que o banco decidiu ajustar "os dados da empresa para torná-los comparáveis às demais".Procurados pelo Valor, Kroton e Morgan Stanley não quiseram comentar o assunto.

Banco Morgan Stanley questiona cálculo de lucro feito pela Kroton
Valor Econômico - 22/08/2008


Afinal, como deve ser o tratamento do desconto das mensalidades? É uma questão contábil óbvia, não?

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