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30 julho 2008

Importância do Ágio 2

Empresas têm R$ 35,5 bi de ágio estocado nos balanços
Valor Econômico - 30/7/2008

O estoque de ágio das companhias abertas brasileiras é mais um motivo para os investidores se interessarem pelo tema. Esse saldo está presente no balanço de 76 empresas e soma R$ 35,5 bilhões, segundo pesquisa do Valor, baseada em dados da Economática. O tratamento contábil a ser dado a esse estoque ainda está indefinido. A regra para o ágio será feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) no próximo ano. Por isso, no balanço anual de 2008, nada mudará. Só quando o assunto for normatizado é que será definido o futuro dos estoques nos balanços, explicou Eliseu Martins, professor da Fipecafi e membro do CPC. "Esse é um dos nós do processo de convergência com o IFRS", afirmou Sérgio Citeroni, sócio da Ernst & Young.

Ainda não se sabe se as companhias terão de refazer suas contas para reclassificar o ágio já registrado - dividindo-o corretamente entre expectativa de resultado futuro e mais valia (valor de mercado) - ou se deixarão tudo como está. "O que fazer com as compras realizadas no passado?", questionou Citeroni.

A expectativa é que a regra não incidirá sobre o estoque do ágio, ou seja, valerá só para as aquisições realizadas a partir da normatização. Como o ágio pode ser amortizado por um prazo longo (mínimo de cinco e máximo de dez anos), é possível que muitas companhias nem tenham informações suficientes sobre os negócios passados para promover tal análise.

Uma eventual reclassificação do estoque do ágio poderia afetar as economias fiscais esperadas pelas empresas. O resultado líquido, entretanto, não deverá sofrer impacto tão forte. A partir da nova regra, o ágio não poderá mais ser amortizado no balanço societário - aquele apresentado ao mercado. Para Eliseu Martins, pode ser uma boa notícia aos investidores. Como a amortização era uma despesa, o lucro aumentará e, portanto, é possível que os dividendos distribuídos também cresçam. Reginaldo Alexandre, vice-presidente da associação dos analistas de investimentos de São Paulo (Apimec-SP) e membro do CPC, é menos otimista. Segundo ele, apesar de não haver regra da CVM obrigando, a maioria das empresas que amortiza ágio exclui esse efeito para calcular os dividendos.(GV e SF, com Nelson Niero)

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