Como a contabilidade está na origem ou no efeito da actual crise financeira
Elisabete Miranda; NoticiasFinancieras
NoticiasFinancieras - 15/07/2008
Num debate publicado hoje no Jornal de Negócios, que complementa a notícia que mostra as menos-valias potenciais da Caixa Geral de Depósitos este ano (790 milhões de euros num semestre), são confrontadas duas opiniões acreditadas sobre como a contabilidade está na origem ou no efeito da actual crise financeira.
Em causa sobretudo o conceito e "fair value", ou "justo valor", segundo o qual as participações financeiras das empresas devem ser contabilizadas ao valor actual a que as acções que detêm estão cotadas em Bolsa, em vez de estarem registadas pelo valor de aqiusição, como antes. Quando a Bolsa sobe, o "justo valor" beneficia os resultados das empresas; quando desce, prejudica. É o que está a acontecer agora.
Porque não
"Criou-se um sistema de tal forma complexo que se consegue produzir lucros e prejuízos com a mesma norma", acusa Antônio Lopes de Sá, que diz que as NIC (Normas Internacionais de Contabilidade) sempre tiveram como objectivo a Bolsa.
"Quem perde é o povo miúdo, que vai à Bolsa. O grande investidor não perde, porque está dentro do negócio", afirma. Aliás: "Um banco nunca tem perdas. Ele lida com o capital dos outros, não com o dele."
Porque sim
Já Fermín del Valle, "partner" da Deloitte, defende também em entrevista ao Jornal de Negócios as NIC, garantindo ademais que "a contabilidade actuou em e oportunamente" na actual crise financeira.
"Não há que temer o 'fair value' como conceito, principalmente nos activos em que a venda é o destino certo. Tem sentido económico." Apesar disso, reconhece, o problema existe "quando não há um mercado e o preço reconhecido facilmente."
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