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20 junho 2008

Vale e custo



A Vale do Rio Doce enfrenta dificuldades para limitar o aumento de custos nos projetos em carteira. O resultado pode ser a elevação dos investimentos previstos no plano estratégico da empresa para o período 2008-2012, de US$ 59 bilhões. Ontem o presidente da mineradora, Roger Agnelli, disse que a empresa tem feito esforço para manter "a inflação de custos" em 20%, 25% em relação ao orçamento original. "Se não tomar cuidado, (o aumento) vira 40%, 50%, 60%", disse Agnelli. Ele admitiu que a pressão de custos pode ter elevado a necessidade de investimentos da companhia em um horizonte de cinco anos para US$ 62 bilhões ou US$ 63 bilhões. (...)

Mas reconheceu: "Está muito difícil porque há escalada de custos nos projetos." Para economizar, a mineradora está simplificando projetos de engenharia e tentando antecipar a entrada em operação de projetos de expansão. Os projetos novos (green field) estão passando por nova especificação. Agnelli reafirmou que dos US$ 59 bilhões programados, cerca de US$ 45 bilhões serão realizados no Brasil. Segundo ele, tanto a dimensão quanto o cronograma dos projetos podem ser afetados, sobretudo os empreendimentos novos: "Os fornecedores de equipamentos estão com dificuldades de entrega, há falta de aço e problemas com oferta de mão-de-obra", disse Agnelli.

Ele também citou a demora nos licenciamentos ambientais. "Uma LI (licença de instalação) tem demorado mais de 30 meses. Nos projetos 'brownfield1 (ampliação) é mais simples", comparou Agnelli. Ele afirmou que, para executar o plano de investimentos, a Vale precisa manter a "flexibilidade" financeira, daí que a empresa tenha decidido fazer um aumento de capital por meio de uma oferta de ações avaliada em US$ 15 bilhões. Agnelli negou que a operação tenha relação direta com futuras aquisições: "Não vamos comprar ninguém, estamos quietos. O que a gente quer agora é fazer a operação de aumento de capital." O executivo reconheceu, porém, que a Vale tem a obrigação de avaliar qualquer aquisição ou possibilidade de negócio maior. E acrescentou: "Se a gente achar que vale a pena algum movimento, a Vale está pronta para fazer." O objetivo, segundo ele, é buscar oportunidades, mas de forma cuidadosa porque os ativos estão caros.

"Aceleramos os projetos de investimento porque o crescimento orgânico é mais eficaz, a não ser que em outra oportunidade, no futuro, possa aparecer outra coisa", disse Agnelli. Ele afirmou que hoje os investimentos em projetos de expansão são os que maior retorno garantem aos acionistas da empresa. (...)


Custos afetam projetos da Vale, afirma Agnelli - Valor Econômico - 20 Junho 2008

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