Páginas

17 fevereiro 2008

Auditoria se negou a emitir opinião

Um caso raro: a auditoria se negou a emitir opinião

Cedae: auditoria encontra irregularidade em balanço
O Globo - 17/2/2007

Contas da empresa em 2006, no governo Rosinha Garotinho, apresentam um prejuízo de R$365 milhões
Dimmi Amora

Um ano e dois meses depois de terminado 2006, a Cedae publicou, na última sexta-feira, seu balanço anual. No último ano do governo Rosinha Garotinho foi registrado o quarto prejuízo seguido, de R$365 milhões. Desta vez, no entanto, o prejuízo da estatal de água e esgoto do Rio pode ser ainda maior. A BDO Trevisan, auditoria independente contratada pela empresa para checar os dados do balanço, se negou a emitir opinião sobre as contas, após encontrar várias irregularidades na prestação de contas aos acionistas.

Entre as falhas apontadas pelos auditores, a que mais chama a atenção é que a empresa subavaliou o valor que deve à Prece — o fundo de pensão dos funcionários. Além disso, a Cedae desconsidera, no balanço, que terá de arcar com o prejuízo no fundo, que estava em mais de R$270 milhões.

As irregularidades na gestão da Prece estão sendo investigada em várias instâncias. Na semana passada, ex-diretores do fundo de pensão conseguiram na Justiça, pela segunda vez, interromper uma investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que aponta irregularidades na gestão da Prece.

Os auditores da BDO apontam, ainda, que não há comprovação para depósitos bancários de R$2,7 milhões. Houve também divergência entre os valores encontrados pelos auditores nas contas a receber. Créditos devidos a empreiteiras, no valor de R$192 milhões, lançados no balanço, não foram confirmados.

A auditoria também considerou as dívidas da empresa subavaliadas. Além disso, os processos judiciais não tinham o acompanhamento correto.

Para o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRC-RJ), Antônio Miguel Fernandes, não é comum que auditores tomem este tipo de atitude. Em geral, eles aprovam ou aprovam com ressalvas.

No governo Rosinha Garotinho (2003 a 2006), o prejuízo foi de R$1,2 bilhão e o acumulado dos últimos anos é de R$2,3 bilhões. Este último valor corresponde a quase toda a receita da empresa durante o ano de 2006 (R$2,4 bilhões).

A BDO Trevisan informou que foi contratada pela Cedae e, como há um contrato de confidencialidade, não poderia dar entrevistas. Já a Cedae informou que o balanço foi feito pela gestão anterior e que a atual só poderá se pronunciar após a reunião da Assembléia-Geral Extraordinária, dia 29 de fevereiro. O último presidente, Lutero de Castro, foi procurado mas não retornou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário