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16 janeiro 2008

Ainda o Citi

Crise do subprime leva Citi ao prejuízo de US$ 9,8 bilhões
Gazeta Mercantil - 16/01/2008

Nova York, 16 de Janeiro de 2008 - O Citigroup anunciou ontem que está levantando ao menos US$ 14,5 bilhões e reduzindo seus dividendos trimestrais em 41% para ajudar a sustentar uma base de capital debilitada por perdas em hipotecas de alto risco e crédito de consumo.

O maior banco dos Estados Unidos também divulgou seu primeiro prejuízo trimestral desde sua criação em 1998, atingido pela baixa contábil de US$ 18,1 bilhões relacionada à crise no mercado imobiliário norte-americano, mais US$ 4,1 bilhões relacionados ao aumento dos custos com crédito nos EUA.

O prejuízo líquido do Citigroup no quarto trimestre totalizou US$ 9,83 bilhões, ou US$ 1,99 por ação, praticamente o dobro da perda esperada por analistas, segundo a Reuters Estimates.

A instituição financeira cortou o dividendo trimestral de US$ 0,54 por ação para US$ 0,32 por ação, em uma iniciativa para economizar mais de US$ 4 bilhões por ano.

Aporte

O banco informou que está erguendo US$ 12,5 bilhões por meio de uma venda privada de títulos conversíveis. Entre os investidores injetando novo capital no banco estão o governo de Cingapura, o ex-presidente do Citi Sanford "Sandy" Weill e o príncipe saudita Alwaleed bin Talal, o maior investidor individual do Citigroup.

O banco norte-americano pretende ainda oferecer outros US$ 2 bilhões em títulos conversíveis para outros investidores, e vender outros papéis.

"Estamos agindo para posicionar o Citi para o futuro, com o fortalecimento do capital que permitirá que o banco se concentre novamente em lucros e crescimento", afirmou Vikram Pandit, presidente-executivo da instituição desde dezembro, em comunicado ontem.

Desde que eclodiu a crise do setor imobiliário nos Estados Unidos, o Citi vem perdendo valor de mercado. No ano passado, a instituição viu suas ações perderem 44,8% do preço em Bolsa. Na segunda-feira, o valor de mercado do banco pela cotação dos seus papéis era de US$ 144,7 bilhões, segundo dados da consultoria Economatica. Neste ano, também até segunda-feira, o valor de mercado do Citi encolheu 1,29%.

Cortes

O Citigroup anunciou também que fechará 4,2 mil postos de trabalho após ter informado o prejuízo recorde. O banco disse em comunicado divulgado ontem que a decisão sobre o corte de vagas gerou uma despesa de US$ 337 milhões no quarto trimestre do ano passado. O grosso desse custo afetou a divisão de valores mobiliários do banco, sediado em Nova York.

As demissões representam 1,1% do total do quadro de funcionários do Citi, de 375 mil empregados. Os cortes são os maiores anunciados por um banco ou corretora desde que instituições como o Citigroup, o Morgan Stanley, o Bear Stearns e o UBS começaram a divulgar prejuízos à medida que as perdas geradas pela inadimplência do setor de empréstimos imobiliários de alto risco (subprime) aumentaram.

"Os grandes prejuízos que eles estão informando inevitavelmente são o tipo de forças que impulsionam demissões", disse John Challenger, principal executivo da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas, de Chicago. "As empresas precisam cortar seus gastos para conseguir suportar esses períodos de sérios prejuízos."

As instituições financeiras eliminaram mais de 153 mil postos de trabalho no ano passado, sendo que aproximadamente 86 mil vagas estavam relacionadas ao setor de empréstimos imobiliários, segundo dados compilados pela Challenger, Gray. Esse volume foi superior ao triplo dos 50,3 mil postos fechados em 2006.

O Bank of America, o segundo maior banco dos EUA, disse em outubro passado que fecharia 3 mil vagas, a maior parte delas na divisão bancária corporativa e de investimentos, após ter registrado cerca de US$ 2 bilhões em baixas contábeis e prejuízos relacionados à corretagem no terceiro trimestre.

Colaborou a Redação, de São Paulo(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Bloomberg News e Reuters)

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