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19 setembro 2007

Gestão no Futebol

Reportagem de Catarina Beato para o Diário Económico de Portugal (Sporting vende património e apresenta lucro, 19/09/2007) mostra a gestão do futebol português. Faço alguns comentários sobre o texto.

A SAD do Sporting conseguiu chegar aos lucros: 14,5 milhões de euros em 2006/2007. Mas a época passada ficou marcada também pela venda do património não desportivo do Sporting - Clínica CUF, Centro Comercial Alvaláxia, Holmes Place e o edifício Visconde de Alvalade - por cerca de 50 milhões de euros. A transacção rendeu ao Sporting (...) 15 milhões de euros, considerando o investimento de 35 milhões feitos nos edifícios circundantes do Estádio José Alvalade.


Ou seja, se não fosse a venda dos imóveis o Sporting teria um prejuízo de 0,5 milhão de euro. Observe que este é um exemplo interessante de contabilização de resultado de venda de imóvel. O valor de custo foi de $35 milhões e a receita bruta foi de $50 milhões, levando a um resultado líquido com imóveis de $15 milhões.

E a estratégia desportiva mostrou resultados: a Academia de Alcochete mantém-se nas mãos do Sporting e deu um contributo fundamental para o resultado positivo das contas da SAD. A venda do jogador Nani, por 25 milhões de euros ao Manchester United, já entrou nas contas de 2006/2007 com 20 milhões de euros. No próximo ano, o Sporting SAD recebe o restante valor.


Um novo sinal que as contas do clube foram equilibradas com resultados não recorrentes, ou seja, operações que não irão se repetir no futuro.

Em declarações Diário Económico, o presidente da SAD, Soares Franco, assumiu que a formação dá lucros mas "é preciso não esquecer o investimento que foi feito na Academia e todos os custos de manutenção deste espaço".

E se há jogadores que entram meninos e saem milionários, outros há que acabam por nunca ter uma carreira futebolística .

"Este ano houve uma restruturação do plantel: vendemos, rescindimos contratos e fizemos novas aquisições", explicou Soares Franco. A contabilidade da pré-época foi positiva: o investimento em novos jogadores não ultrapassou 9,3 milhões de euros, as vendas renderam mais de 28 milhões de euros, montante três vezes superior à época anterior.


Em outras palavras, o resultado com compra e venda de jogadores, excluindo as despesas de formação, foi de 18,7 milhões de euros.

Igualmente importante para as contas do clube foi a participação na Liga dos Campeões e a qualificação directa para esta competição europeia para a época 2007/2008, o que resultou num proveito [resultado] imediato de 4,4 milhões de euros. (...)

Exemplo disso foi o impacto nas contas da SAD do Futebol Clube do Porto depois do afastamento do clube das provas europeias na temporada passada. No entanto, em 2003/2004, o Porto registava resultados líquidos positivos em resultado do título de campeão europeu que ofereceu ao clube 29,4 milhões de euros - mais de 25% do total de proveitos do Porto nessa época. O FC Porto venceu o Mónaco, por 3-0, na final da Liga dos Campeões, arrecadando um prémio de 27 milhões de francos suíços além das contrapartidas com as transmissões televisivas e possíveis transferências de jogadores. Só a final representou um prémio de 6,5 milhões de euros. (...)


Será muito diferente de um clube brasileiro bem administrado?

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