(...) o Google está reescrevendo as regras da boa administração, de uma maneira que todos os executivos deveriam estudar? Ou está apenas colhendo os frutos de uma única grande inovação que surgiu no momento certo, cujo sucesso não pode camuflar as típicas dores de cabeça e obstáculos de uma empresa jovem em pleno crescimento?
Esse debate deve ser travado em grande estilo nos próximos meses. Dois pensadores de alto calibre — Gary Hamel, um notório consultor de administração, e Thomas Eisenmann, um professor associado da Harvard Business School — têm observado o Google de perto. Suas perspectivas diferem completamente.
Em "The Future of Management", um livro que deve ser publicado nos próximos meses, Hamel diz que as inovações do Google vão além dos algorítimos de uma ferramenta de busca — estendendo-se a aspectos grandes e duradouros de administração geral. A empresa, que tem sede em Mountain View, na Califórnia, está cheia de maneiras diferentes e intrigantes de operar, diz ele. Isso inclui uma descentralização radical; pequenas equipes que se autogovernam; uma estratégia de botar a cara para bater na qual novos produtos são lançados antes de estarem totalmente terminados; e a disposição de deixar que seus engenheiros passem boa parte do tempo com projetos alternativos.
(...) O problema, explica Eisenmann, é que as maiores oportunidades do Google estão em mercados grandes como os de aplicativos de escritório para computadores, comércio eletrônico ou "middleware" que poderia tomar o lugar do Windows, da Microsoft. Conquistar esses mercados, acredita ele, iria requerer muito da liderança à moda antiga, de cima para baixo, e uma hierarquia disciplinada para realizar grandes tarefas. Segundo ele, o Google não está estruturado para dominar esse tipo de situação.
(...) A história sugere que é perigoso procurar inspiração de longo prazo em empresas jovens quando elas estão por cima. No início dos anos 80, especialistas elogiaram a companhia aérea People Express por desenvolver uma nova abordagem de sucesso para a relação com funcionários. Infelizmente isso não conseguiu proteger a companhia de problemas financeiros e sua consequente venda em condições agonizantes.
No fim dos anos 90, a Dell Inc. era elogiada como pioneira em vendas e marketing pela internet. Fabricantes de carros a estudaram, na esperança de poder absorver a mágica dela para suas operações. Hoje, o crescimento da Dell empacou. Se por um lado a empresa continua sendo uma grande força no mercado de computadores, por outro não está mais quilômetros de distância à frente da concorrência.
(Começa a esquentar debate sobre futuro do modelo de gestão do Google - 15/08/2007 -
George Anders - The Wall Street Journal)
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