Da Folha de S. Paulo de 07/08/2007:
EUA perderam 190 mil armas no Iraque
Pentágono não tem registro do paradeiro de 30% do armamento que deveria municiar forças iraquianas desde 2004
Fuzis e pistolas podem estar nas mãos da insurgência devido à falta de pessoal para fazer a contabilidade e à urgência em distribuí-los
DA REDAÇÃO
As Forças Armadas dos EUA não sabem onde estão cerca de 190 mil fuzis e pistolas destinados a municiar as forças de segurança do Iraque, o que indica que as armas podem ter caído nas mãos de insurgentes.
A constatação é de um relatório da Agência de Contabilidade do Governo americano (GAO, na sigla em inglês) dando conta dessa falha de registro sobre o material bélico que os EUA levaram ao Iraque nos anos de 2004 e 2005. A GAO, órgão ligado ao Congresso dos EUA, descobriu o problema ao cruzar dados do Comando de Transição da Segurança no Iraque com os mantidos pelo general David Petraeus, que assumiu em fevereiro o comando das tropas dos EUA no país.
"Eles de fato não têm idéia de onde está [o armamento]", disse ao "Washington Post" Rachel Stohl, pesquisadora do Centro para Informações de Defesa que viu o relatório.
Uma das causas apontadas para o lapso nos registros de 110 mil fuzis AK-47 e 80 mil pistolas, além de 115 mil capacetes e outras 135 mil peças de blindagem corporal -ou 30% do armamento que os EUA distribuíram às forças iraquianas desde 2004-, é a falta de gente para fazer a contabilidade das remessas para o Iraque, além da urgência de distribuição.
"Nós tínhamos muito pouca gente e poderíamos segurar as armas até todo o aparato do sistema de contabilidade ficar pronto ou as poderíamos distribuir", disse ao "Post" um oficial militar que pediu anonimato. O Pentágono não contestou as informações da GAO e declarou que investigará o caso.
Os EUA já gastaram cerca de US$ 19,2 bilhões na formação e municiamento das forças de segurança iraquianas desde 2003, informa a GAO. Desse total, ao menos US$ 2,8 bilhões foram gastos em equipamento.
Perdas e danos
O governo do premiê Nuri al Maliki teve ontem nova baixa no gabinete, o que o deixou sem representantes árabes sunitas.
Cinco ministros pertencentes ao bloco liderado pelo ex-premiê interino Iyad Allawi (2003-2004) declararam que não frequentarão mais as reuniões de gabinete. Com a deserção do bloco, que reúne sunitas e xiitas, Maliki, que é xiita, fica com apenas 20 dos 37 ministros que compunham um suposto governo de unidade.
Unidade essa cada vez mais difícil de ser obtida entre os principais grupos étnico-religiosos do Iraque: árabes xiitas (majoritários), árabes sunitas e curdos. Sem acordo entre eles não sairá a legislação regulamentando a distribuição da renda proveniente do petróleo.
Um dos motivos do boicote teria sido o suposto favorecimento, por Maliki, dos xiitas em detrimento dos sunitas.
Ataque
A explosão de um camihão-bomba na manhã de ontem em Tal Afar, 420 km ao noroeste de Bagdá, matou 28 pessoas. Segundo o general iraquiano Najim Abdullah, 19 eram crianças.
O ataque ocorreu em uma área xiita bastante movimentada da cidade, que, apesar do histórico violento, já foi citada pelo presidente americano, George W. Bush, como "exemplo de sucesso" na contenção da insurgência. Casas próximas ao local desabaram com o impacto, e o saldo de mortos pode subir. Há cerca de 40 feridos.
Com agências internacionais
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