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28 agosto 2007

Duas posições sobre a IPO: Otimista

É interessante observar a guerra de palavras sobre o mercado das IPOs (oferta pública de ações). De um lado, uma visão otimista, de que a crise no mercado mundial não afetará os novos lançamentos. Veja a reportagem do Valor

Volume de trabalho deve seguir em alta
Valor Econômico - 28/08/2007

Além da previsão de que os negócios com abertura de capital continuarão firmes tanto no segundo semestre deste ano, quanto no ano que vem, as auditorias estão animadas com a projeção de ganhos com os serviços de pré e pós-oferta pública. Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC), Terco e BDO relataram que um número bem maior do que aquelas cerca de 50 empresas que lançaram ações na primeira metade deste ano tem procurado os serviços de auditoria e de consultoria para se estruturarem com objetivo de fazer uma oferta. Além disso, as empresas que já abriram capital continuarão a ter que publicar suas demonstrações financeiras. "Como a maioria delas entrou no Novo Mercado, elas têm outras demandas para cumprir, como a reconciliação em US-Gaap (padrão contábil americano) e com IFRS (padrão internacional), além do balanço trimestral auditado para a CVM", lembra Bruce Mescher, sócio da Deloitte.

Sobre as companhias que estão se preparando, Mescher afirmou que "a fila é grande" e que a demanda deve "continuar aquecida nos curto e médio prazos". Fábio Cajazeira, da PwC, recorda que a elaboração para a abertura de capital envolve vários serviços, como a preparação de sucessão familiar, o planejamento fiscal e o apoio para formação da estrutura de governança corporativa da companhia. Segundo Henrique Campos, da BDO Trevisan, o mercado de candidatas a abertura de capital é o que mais está crescendo. "O 'investment grade' está chegando e o caminho para a bolsa é irreversível. As empresas sabem que se ficarem paradas serão engolidas. Por isso estão se preparando para irem ao mercado", afirma.Mauro Terepins, presidente da Terco, diz que muitas delas querem ser auditadas para conseguir investimentos de fundos de participação e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Terepins, o mercado está cada vez mais dividido entre dois tipos de empresas. "Tem aquelas que são auditadas e aquelas não são e ficam fora do jogo", diz.


Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:

Ofertas esquentam mercado de auditoria
Valor Econômico - 28/08/2007

O movimento crescente de companhias em processo de abertura de capital, um filão explorado por bancos, escritórios de advocacia e consultorias, não deixou de fora as firmas de auditoria. Apesar de o "boom" provocado pela forte demanda de empresas interessadas em ir à bolsa confirmar a concentração do mercado nas mãos das chamadas "Big Four" - (...) ainda sobra trabalho para firmas menores. Todas estão de olho em honorários que variam, em média, de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por operação, de acordo com a quantidade de horas trabalhadas por oferta.As quatro grandes auditaram os balanços de 47 das 55 empresas que fizeram ofertas de ações este ano no Brasil (incluindo operações de empresas já abertas).

Essa participação equivale a 85,45%, nível superior ao que essas firmas possuem em relação ao total de companhias já abertas no país, que estava em 56% no final de 2006, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A concentração é reflexo do domínio que as quatro grandes têm do mercado internacional. Na busca de recursos, principalmente entre investidores estrangeiros (que têm comprado de 60% a 70% das ações vendidas nessas operações), é natural que as empresas queiram uma "marca" de auditoria mais conhecida. No mercado, comenta-se que haveria também uma pressão dos bancos coordenadores dos lançamentos em favor das grandes.(...) Para Sérgio Bendoraytes, sócio da firma, a questão "não é de qualidade do trabalho, mas de 'placa internacional'". "Se [o banco] não tivesse mudado, não conseguiria fazer a oferta", afirma Bendoraytes. Ele conta ainda que, antes da abertura de capital, o fato de a auditoria não ser uma Big Four foi um dos fatores que impediram que o Cruzeiro do Sul fizesse uma emissão de 10 anos no mercado internacional. Nem mesmo a associação com a firma internacional Horwath lhe garante uma participação mais expressiva nesse mercado. "Eles não querem a sétima maior [referindo-se à posição da Horwath], tem que ser uma das quatro", diz. Segundo ele, insistir em atuar nesse mercado é querer dar "murro em ponta de faca". "Não crio expectativas de participar de ofertas públicas. Cada um tem que procurar o seu nicho, o que no nosso caso são os clientes de médio porte", afirma.


O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.

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