O cálculo de variações percentuais representa sempre um problema para análise econômico-financeira.
Uma situação ocorre quando uma empresa apresentou um lucro próximo a zero para o seu porte. Se no ano seguinte o lucro volta ao patamar normal, o resultado pode sofrer uma grande variação. Por exemplo, uma empresa com um lucro de R$1.000 num ano e R$10 milhões no seguinte terá uma variação no lucro de um ano para outro altamente expressiva.
Outro problema ocorre quando existe a possibilidade do valor ser positivo e negativo. Uma empresa de tinha prejuízo e agora tem lucro terá a variação do lucro calculada como se fosse negativo. (Experimente colocar um prejuízo de R$100 e um lucro de R$100 numa planilha Excel. Peça para calcular a variação com a expressão [(-R$100/R$100)-1]x100. O resultado será menos duzentos por cento, o que não faz sentido).
Como resolver? A solução dada por este blog não parece adequada.
31 agosto 2007
Restaurantes e métricas
Uma reportagem interessante da revista Forbes mostra as três métricas mais relevantes para um restaurante. Apesar do lucro contábil ser interessante, a reportagem recomenda o fluxo de caixa. A segunda medida é a percentagem de clientes que retornam. Segundo dados da National Restaurant Association, 3/4 das vendas de restaurantes são de clientes antigos. Finalmente, a terceira medida é a rotação dos funcionários. Em média seria de20% para pessoal administrativo e 150% para horistas.
Wal-Mart com Medo da Tesco
Segundo o Financial Times (aqui e aqui ) a empresa Wal-Mart está considerando a aquisição de concorrentes no mercado norte-americano.
Esta proposta talvez seja uma resposta a abertura da Tesco´s nos Estados Unidos. A Tesco´s é um mercado de pequeno porte de origem inglesa. A tentativa da Wal-Mart de abrir lojas em grandes centros urbanos, como nas cidades de Nova Iorque e Chicago, enfrentou oposição política.
Esta proposta talvez seja uma resposta a abertura da Tesco´s nos Estados Unidos. A Tesco´s é um mercado de pequeno porte de origem inglesa. A tentativa da Wal-Mart de abrir lojas em grandes centros urbanos, como nas cidades de Nova Iorque e Chicago, enfrentou oposição política.
Valor justo em discussão
Existe uma tendência de adoção do valor justo na contabilidade. Até que ponto esta opção é adequada? Existe uma corrente que defende seu uso pela qualidade da informação em relação ao custo histórico. O valor justo seria mais útil para o usuário da informação.
Entretanto, outra vertente tem preocupação com a volatilidade nos valores dos balanços e seus efeitos. Agora, uma pesquisa parece indicar que o uso do valor justo pode levar a redução na informação devido a flutuação dos preços dos produtos. Isto muda um conceito arraigado de que "quanto mais informação, melhor" (eu não acredito nisto).
O texto da The Economist, que trata deste item e que reproduzo a seguir, finaliza parodiando um famoso general alemão que dizia que a guerra é muito importante para se deixado nas mãos dos generais. A contabilidade também?
A seguir o texto:
Entretanto, outra vertente tem preocupação com a volatilidade nos valores dos balanços e seus efeitos. Agora, uma pesquisa parece indicar que o uso do valor justo pode levar a redução na informação devido a flutuação dos preços dos produtos. Isto muda um conceito arraigado de que "quanto mais informação, melhor" (eu não acredito nisto).
O texto da The Economist, que trata deste item e que reproduzo a seguir, finaliza parodiando um famoso general alemão que dizia que a guerra é muito importante para se deixado nas mãos dos generais. A contabilidade também?
A seguir o texto:
Economics focus
A book-keeping error
Aug 30th 2007
The Economist
The accounting principle that is meant to capture fair value might end up distorting it
AS THE old joke goes, there are three types of accountant: those who can count and those who cannot. What and how they count is often contentious. A long-fermenting issue is how far “fair-value” accounting, which uses up-to-the-minute market information to price assets, should be pushed in banking. The bodies that set accountancy standards believe the more accurate disclosures are, the better. Regulators meanwhile have fretted that market-based accounting would increase fluctuations in banks' earnings and capital, which might increase risks to financial stability. And commercial banks are reluctant to expose the idiosyncrasies of their loan books to the glare of market scrutiny.
The attractions of fair-value accounts are straightforward. By basing values on recent prices (“marking to market”), they paint a truer picture of a firm's financial health than historical-cost measures. These gauge net worth from the arbitrary dates when assets and liabilities were first booked. In principle, fair-value accounting makes a firm's viability plainer and enables shareholders and regulators to spot financial trouble more quickly. Proponents say that market-based accounting would have limited the fallout from America's savings-and-loan crisis and stopped the rot from Japan's non-performing loans much earlier.
An arbitrary past versus a distorted present
New research suggests that the increasing reach of fair-value accounting might be a mixed blessing. A paper* by Guillaume Plantin of the London Business School, Haresh Sapra of the University of Chicago and Hyun Song Shin of Princeton University concludes that fair-value accounting could sometimes generate fluctuations in asset values that distort the very price information that it puts such store by.
The paper examines the incentives of a bank faced with a choice between selling a loan or keeping it on the balance sheet. Because the bank knows its borrower better than anyone else, it has the best idea of what the loan is really worth. Its managers are rewarded according to the accounting profit of the bank.
If loans are valued at historical cost and market values are rising, the loans are likely to be sold if this is the only way of realising profit, even if the market undervalues them. The banks' managers take a profit and get paid accordingly, although shareholders would be better off if the loans were kept. Fair-value accounting gets around this agency problem. Loans do not have to be sold to cash in on their rising value: marking the assets to their market value has the same beneficial effect on profits and on managers' pay.
However, in the wrong circumstances fair-value accounting could also induce wasteful sales—of long-term, illiquid loans. Left on the books and marked to market, a loan will be valued at the price at which others have managed to sell. But when there are only a few potential buyers, that may be especially low. So managers will be tempted to sell in the hope of a better price. Because all banks with similar assets face the same incentives, they will all sell, driving the price down. Their shareholders would have been better off had the loans been kept until they fell due. The temptation to sell is greater for longer-term loans.
In this way, a fair-value regime can itself distort the very prices that are supposed to reflect the true worth of assets. The prospect of lower prices can encourage selling which drives down prices further. The information derived from market prices becomes corrupted, and the result is a growing divergence between reported net worth and true value.
This theoretical model is a challenge to the ideal of fair-value accounting: that more information is always better. Although it is technically feasible to mark to market even idiosyncratic assets such as loans to small businesses, it might not be desirable. The authors point to a well-established principle in economics, that incremental moves towards perfect competition are not always good. Eliminating one market imperfection (such as poor information) need not bring the ideal of a frictionless economy closer, because this may magnify the effect of remaining distortions (such as managerial short-termism or illiquid markets).
The paper also underlines some lessons about market liquidity that have been painfully learned outside of academia in the recent market troubles. There is a fair chance that asset markets will stay liquid (in the sense that willing sellers are matched with willing buyers), as long as the actions of market participants are essentially random. But anything that co-ordinates the actions of sellers—in this case, the disclosure required by fair-value accounting—can easily lead to sharp movements in asset prices.
Is the model of self-defeating co-ordinated selling very realistic? Recently, for example, Bear Stearns, a Wall Street investment bank, held off from selling assets into an illiquid market because the transaction prices would have set a nasty benchmark for its other portfolios. So illiquidity prevented asset sales rather than induced them. Mr Shin replies that in instances like this, where there happens to be a dominant holder of assets, there is less chance of sales into a falling market.
Although more accurate disclosure of balance sheets is desirable, the work of Mr Shin and his colleagues is a reminder that there are always trade-offs to any policy change. These authors put their argument in stark terms: “The choice between these measurement regimes boils down to a dilemma between ignoring price signals, or relying on their degraded versions.” In their advocacy of fair-value accounting, accountants are rightly pursuing the interests of investors. But policymakers have to worry about wider issues. Accountancy may be too important to be left solely to accountants. Even the ones that can count.
* “Marking-to-Market: Panacea or Pandora's Box?” Forthcoming in the Journal of Accounting Research.
Uma análise da Google
A The Economist desta semana faz uma análise profunda da Google. O seu crescimento rápido (a internet só tem doze anos, clique aqui), mas o crescimento no valor de mercado, receitas, número de pessoas que pesquisam suas páginas, volume de propaganda, número de advogados e lobistas impressionam.
Quem tem medo da Google?, pergunta a revista. O volume de informação acumulado pela empresa seria um teste para a sociedade?
A revista afirma que algumas das acusações são injustas. A Google não adota políticas para dominar o mercado como a Microsoft fez (e faz). A Google tem um papel importante em resgatar obras que estariam na obscuridade.
Em outro artigo (Inside the Googleplex) a análise é na estrutura administrativa e financeira da Google.
Para a revista, o custo da Google é principalmente fixo, o que significa dizer que qualquer receita adicional é lucro. A razão disto são os computadores da empresa (que representam a parcela fixa do seu custo). A Google possui uma das maiores estruturas de computadores do mundo. E também uma das mais complexas. Se existe uma demanda não esperada pelo Gmail, o sistema da empresa automaticamente aloca mais capacidade para este serviço.
A revista lembra que o fato da estrutura de custo ser essencialmente fixa faz com que a empresa possa lança novos serviços por um custo reduzido. Se falhar, tudo bem; caso contrário, a Google terá agora mais clientes.
Este blog é da Google. Tenho usado a Google como fonte de pesquisa (inclusive acadêmica) e também o seu editor de texto, acessível de qualquer computador com acesso a internet.
Clique aqui e aqui para ler
Quem tem medo da Google?, pergunta a revista. O volume de informação acumulado pela empresa seria um teste para a sociedade?
A revista afirma que algumas das acusações são injustas. A Google não adota políticas para dominar o mercado como a Microsoft fez (e faz). A Google tem um papel importante em resgatar obras que estariam na obscuridade.
Em outro artigo (Inside the Googleplex) a análise é na estrutura administrativa e financeira da Google.
Para a revista, o custo da Google é principalmente fixo, o que significa dizer que qualquer receita adicional é lucro. A razão disto são os computadores da empresa (que representam a parcela fixa do seu custo). A Google possui uma das maiores estruturas de computadores do mundo. E também uma das mais complexas. Se existe uma demanda não esperada pelo Gmail, o sistema da empresa automaticamente aloca mais capacidade para este serviço.
A revista lembra que o fato da estrutura de custo ser essencialmente fixa faz com que a empresa possa lança novos serviços por um custo reduzido. Se falhar, tudo bem; caso contrário, a Google terá agora mais clientes.
Este blog é da Google. Tenho usado a Google como fonte de pesquisa (inclusive acadêmica) e também o seu editor de texto, acessível de qualquer computador com acesso a internet.
Clique aqui e aqui para ler
Atratividade dos países
A figura mostra a atratividade dos países em receber terceirização. Ele é feito pela AT Kearney e avalia 50 paíse em três categorias: atratividade financeira, trabalhadores disponíveis e ambiente para negócios.
Fonte: Aqui
Iliquidez e Crise
Para a The Economist (The long and the short of it, 30/Agosto/2007) a origem da crise recente do mercado de capitais está na iliquidez, ou seja, a dificuldade de vender ativos por um preço razoável.
A revista traduz de maneira simples e clara o problema: apesar do sistema financeiro ter sofrido transformações nos últimos 25 anos, com novos investidores (fundos hedge, por exemplo) e novos produtos (derivativos, entre outros), a essência é a mesma. Investidores vão aos bancos e deixam seus recursos, que são líquidos. Os bancos investem em ativos que não são líquidos, como empréstimos para imóveis.
A iliquidez implica num risco. A The Economist cita dois artigos que sugerem que as crises são inerentes aos mercados financeiros:
“Market Liquidity and Funding Liquidity”, by Markus Brunnermeier and Lase Heje Pedersen, June 2007.
“Collective Risk Management in a Flight to Quality Episode”, by Ricardo Caballero and Arvind Krishnamurthy, August 2007.
A revista traduz de maneira simples e clara o problema: apesar do sistema financeiro ter sofrido transformações nos últimos 25 anos, com novos investidores (fundos hedge, por exemplo) e novos produtos (derivativos, entre outros), a essência é a mesma. Investidores vão aos bancos e deixam seus recursos, que são líquidos. Os bancos investem em ativos que não são líquidos, como empréstimos para imóveis.
A iliquidez implica num risco. A The Economist cita dois artigos que sugerem que as crises são inerentes aos mercados financeiros:
“Market Liquidity and Funding Liquidity”, by Markus Brunnermeier and Lase Heje Pedersen, June 2007.
“Collective Risk Management in a Flight to Quality Episode”, by Ricardo Caballero and Arvind Krishnamurthy, August 2007.
Mais uma lista
Este endereço mostra os verbetes da Wikipedia mais editados na última hora, no último dia, nos últimos três dias, na última semana e no último mês. Representa, de certa forma, os assuntos "quentes", do momento. Por exemplo, ao consultar agora o endereço aparece o quinto album de Britney Spears e o Campeonato da FIBA (pré-olímpico de basquete).
Os primeiros endereços
Em 1985 nascia os primeiros endereços da internet (há 12 anos apenas). O primeiro endereço? Symbolics.com, de 15 de março de 1985. O segundo endereço aparece mais de um mês depois, o BBN.com. Um mês depois surge o Think.com. A lista dos primeiros dez endereços abaixo:
1. 15-Mar-1985 SYMBOLICS.COM
2. 24-Apr-1985 BBN.COM
3. 24-May-1985 THINK.COM
4. 11-Jul-1985 MCC.COM
5. 30-Sep-1985 DEC.COM
6. 07-Nov-1985 NORTHROP.COM
7. 09-Jan-1986 XEROX.COM
8. 17-Jan-1986 SRI.COM
9. 03-Mar-1986 HP.COM
10. 05-Mar-1986 BELLCORE.COM
Uma lista completa, aqui
1. 15-Mar-1985 SYMBOLICS.COM
2. 24-Apr-1985 BBN.COM
3. 24-May-1985 THINK.COM
4. 11-Jul-1985 MCC.COM
5. 30-Sep-1985 DEC.COM
6. 07-Nov-1985 NORTHROP.COM
7. 09-Jan-1986 XEROX.COM
8. 17-Jan-1986 SRI.COM
9. 03-Mar-1986 HP.COM
10. 05-Mar-1986 BELLCORE.COM
Uma lista completa, aqui
Outra opinião
Recebo outra opinião sobre este blog, do professor Marcelo Avelino de Fortaleza:
Grato.
Gostaria de ressaltar que seu site é bastante consultado por mim e
amplamente divulgado para os meus alunos aqui em Fortaleza.
Grato.
30 agosto 2007
Petrobrás e PDVSA
Duas reportagens distintas mostram como estas duas empresas são diferentes. Na Gazeta Mercantil destaca-se o uso da empresa de petróleo da Venezuela para fins políticos. Basicamente a empresa está deixando de alocar recursos na área produtiva e destinando dinheiro para uma parte da população venezuelana (políticas sociais do governo Chavez) e de outros países.
Já o Wall Street Journal (Beyond 'Petrosaurus': How a Sleepy Oil Giant Became a World Player --- Petrobras Taps Well Of Brazilian Talent; Inspired by Tadpoles, de Matt Moffett, 30/08/2007), numa extensa reportagem, faz uma análise da Petrobrás, no passado conhecida como Petrosaurus. O texto não deixa de fazer comparações, inclusive com a PDVSA.
O artigo é bastante positivo para a empresa e encontra-se, em português, a seguir:
Já o Wall Street Journal (Beyond 'Petrosaurus': How a Sleepy Oil Giant Became a World Player --- Petrobras Taps Well Of Brazilian Talent; Inspired by Tadpoles, de Matt Moffett, 30/08/2007), numa extensa reportagem, faz uma análise da Petrobrás, no passado conhecida como Petrosaurus. O texto não deixa de fazer comparações, inclusive com a PDVSA.
O artigo é bastante positivo para a empresa e encontra-se, em português, a seguir:
Petrobras passa de gigante adormecida a potência mundial
August 30, 2007 4:05 a.m.
Por Matt Moffett
The Wall Street Journal
Há dez anos, a Petrobras era tão lenta em comparação com as concorrentes que ganhou um apelido: Petrossauro.
Seus funcionários eram 25% menos produtivos que a média do setor, e o Brasil dependia de importações para quase metade do petróleo que consumia. O conselho de administração da Petrobras só tinha veteranos da própria empresa.
Atualmente, a Petróleo Brasileiro SA tem mais reservas do que a Chevron Corp., custos menores para encontrar petróleo que a Exxon Mobil Corp. e está listada na Bolsa de Nova York — com um valor de mercado de cerca de US$ 130 bilhões.
É uma história de sucesso rara entre as petrolíferas estatais, que cumprem um papel cada vez mais importante num mundo faminto por energia. Três quartos das reservas mundiais estão nas mãos de petrolíferas estatais, segundo a Agência Internacional de Energia. James Mulva, o presidente do conselho da americana ConocoPhillips, disse recentemente que as grandes multinacionais petrolíferas de capital aberto têm acesso direto a apenas 5% das reservas mundiais, com outros 30% teoricamente disponíveis através de joint ventures.
A maioria das petrolíferas estatais é muito menos eficiente no desenvolvimento de suas reservas do que a Petrobras. A produção da gigante Petróleos de Venezuela SA, a PDVSA, caiu um quarto desde que Hugo Chávez assumiu a presidência do país, em 1999, e começou a sugar os cofres da empresa para financiar programas sociais. A Indonésia, cuja petrolífera estatal tem um histórico de corrupção e clientelismo, recentemente passou de exportadora para importadora líquida de petróleo.
"Se pelo menos nossos amigos na Opep fossem mais como a Petrobras, estaríamos muito mais felizes, porque haveria muito mais petróleo", diz Leo Drollas, economista-chefe do Centro para Estudos Globais de Energia, de Londres.
Uma das chaves para o sucesso da Petrobras é a tecnologia. A mais de 100 km para dentro do Oceano Atlântico, uma plataforma flutuante do tamanho de um prédio de dez andares, a P-37, é uma amostra do avanço tecnológico da empresa em águas profundas. Cerca de um em cada três poços novos perfurados pela Petrobras nessa área, a Bacia de Campos, resultou em descobertas viáveis, uma porcentagem extraordinária para os padrões da indústria.
Desde a sua fundação, nos anos 50, a Petrobras tem atraído brasileiros talentosos, muitos motivados pelo patriotismo de trabalhar numa empresa que simboliza o nacionalismo brasileiro. O que mudou desde os anos 90 é a estrutura corporativa. Para incentivar a Petrobras a ser mais aberta e transparente, o governo formou um conselho independente e passou a negociar as ações da empresa em Nova York. Ele também aboliu o monopólio da Petrobras na perfuração de petróleo em território brasileiro.
A entrada de empresas estrangeiras aumentou as pressões por competitividade e ajudou a acelerar uma revolução de produtividade dentro da Petrobras. Nos últimos dez anos, a empresa dobrou a produção de petróleo, aumentou suas reservas em cerca de 50% e expandiu-se internacionalmente, da Argentina à Índia. Os sucessos da Petrobras, além do programa nacional de uso do álcool combustível, ajudaram o Brasil a se tornar auto-suficiente em petróleo.
A Petrobras "aprendeu nos últimos dez anos a pensar por si mesma como uma empresa internacional de petróleo, mas ainda reteve a força e as vantagens de uma empresa nacional", diz Richard D. Taylor, presidente das operações brasileiras da petrolífera britânica BP PLC.
Outros países produtores de petróleo estão prestando atenção. Delegações de vários países, como México, Nigéria e Peru, foram ao Rio de Janeiro para estudar o modelo do setor petrolífero brasileiro, diz Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Algumas petrolíferas vêm buscando criar joint ventures com a Petrobras, atraídas pelo acesso às reservas brasileiras e pela tecnologia da Petrobras. Entre elas está a estatal norueguesa Statoil ASA, que também é conhecida por sua eficiência. A Statoil está estudando as técnicas da Petrobras para instalar cabeças de poço no fundo do mar, ao mesmo tempo em que fornece à Petrobras conhecimentos técnicos sobre a extensão da vida útil de campos já maduros. O rei Harald V da Noruega visitou o Rio em 2003 para formalizar um acordo com o Brasil.
Enquanto isso, a Petrobras se expandiu no exterior e hoje atua em 27 países, mais do que o dobro do número onde atuava dez anos atrás. Recentemente, ela se tornou a primeira petrolífera a obter aprovação das autoridades americanas para instalar uma plataforma flutuante no Golfo do México. Se um furacão surgir na área, os operários podem desconectar a plataforma do poço, permitindo que ela saia do caminho da tormenta.
Mesmo com todo o sucesso da empresa, alguns analistas brasileiros reclamam que os políticos estão interferindo na fórmula vitoriosa da Petrobras. Boa parte da base para a transformação da empresa foi estabelecida durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, que deixou a presidência no início de 2003. Seu sucessor e rival de longa data, Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentou críticas por injetar um pouco de política na administração da empresa. Sob o comando de Lula, a Petrobras às vezes perdeu receita quando não repassou imediatamente aos consumidores finais os aumentos internacionais em produtos essenciais e politicamente sensíveis como gasolina, gás de cozinha e óleo diesel.
Mais controversa ainda é a medida tomada por Lula de fazer com que a Petrobras compre mais equipamentos fabricados no Brasil, que segundo ele estimulará a indústria nacional. Depois que algumas plataformas feitas no Brasil estouraram o orçamento, alguns analistas criticaram essa política.
José Sérgio Gabrielli, que é presidente da Petrobras desde julho de 2005, diz que as críticas não procedem. Ele diz que os custos extras das plataformas resultaram do aumento do preço do aço e da valorização do real em relação ao dólar. Em relação à política de preços, a Petrobras diz que está somente tentando suavizar flutuações dramáticas. Gabrielli diz que os críticos deviam se concentrar nos lucros recordes da empresa, no forte desempenho de sua ação, e no melhor histórico ambiental da empresa.
Funcionários da Petrobras argumentam que a dupla identidade da empresa — parte a personalização do nacionalismo brasileiro, parte uma empresa de crescimento aos olhos de Wall Street — é um patrimônio. "Nos vemos como tendo o melhor dos dois mundos", diz o diretor financeiro, Almir Guilherme Barbassa.
A empresa consegue atrair algumas das melhores cabeças do país, tanto em seus vastos laboratórios de pesquisa quanto em suas parcerias com universidades brasileiras.
Nos últimos anos, a Petrobras vem fechando parcerias com universidades num ritmo de uma por dia útil. Um projeto de parceria custeado pelos royalties da Petrobras é uma gigantesca caixa d'água na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A caixa, ligeiramente maior que um campo de tênis, e com profundidade de 15 metros, faz a simulação de ventos e ondas encontradas em mar aberto, e ajuda a projetar plataformas mais seguras.
Ney Robinson Salvi dos Reis, um engenheiro do laboratório da própria Petrobras, tem várias patentes de robótica creditadas a ele. Um robô cilíndrico que ele projetou limpa o lodo de oleodutos marítimos. Ele se inspirou para fazê-lo estudando o movimento do nado dos girinos.
A última invenção de Reis se parece com algo saído de "Guerra nas Estrelas": um cockpit de vidro montado num bugue com grandes rodas de fibra de vidro. Esse "robô ambiental", com uma câmara montada no cockpit, consegue rodar sobre a terra e flutuar nos rios para monitorar o impacto de um gasoduto da Petrobras na Amazônia.
Com mais de 80% do petróleo brasileiro em áreas marítimas, a Petrobras começou a adaptar plataformas terrestres para condições marítimas e a utilizar equipes de mergulhadores para fazer o perigoso trabalho de mantê-las. Quando atingiu profundidades abaixo dos 300 metros, a Petrobras construiu robôs para fazer a manutenção submarina.
A Petrobras foi criada em 1953 em meio à campanha nacionalista "O petróleo é nosso!", um slogan um tanto retórico, já que à época o Brasil produzia somente 2.700 barris por dia. Ao contrário de muitas estatais, que nasceram sem reservas ou as nacionalizaram, "nosso objetivo era descobrir reservas", diz Gabrielli.
Apesar da competência técnica da empresa, sua administração era provinciana e algumas vezes enfraquecida por indicações políticas. Seu conselho tinha executivos do alto escalão da Petrobras, e o monopólio da empresa em território brasileiro a liberava da necessidade da aumentar a eficiência. Sua divisão de trading internacional se ocupava com a venda de sapatos e lagostas.
Nos anos 80 e em parte dos 90, o governo artificialmente conteve os preços da gasolina e de outros produtos da Petrobras para tentar conter a inflação galopante que assolava o Brasil. A política acabou com o capital de investimentos da empresa. Enquanto outras petrolíferas enchiam os cofres durante a alta do petróleo em meio à Guerra do Golfo em 1991, a Petrobras entrou no vermelho porque vendia petróleo importado e caro abaixo do preço de custo.
Quando assumiu a presidência em 1995, Fernando Henrique diz que a Petrobras estava num estado de "confusão total". Sabendo que ele queria mudar completamente a empresa, o poderoso sindicato dos petroleiros o desafiou com uma greve nacional em 1995. Mas o tiro saiu pela culatra. Com a escassez de gás de cozinha e longas filas nos postos de gasolina, a opinião pública ficou contra a movimento.
Fernando Henrique chamou sua política para a Petrobras de "flexibilização". Ele não queria privatizá-la totalmente, mas usou a força do mercado, como a venda de mais ações ao público e a concorrência estrangeira, para fazer com que a Petrobras se comportasse mais como uma empresa privada.
Em 1999, o governo começou a permitir que petrolíferas estrangeiras competissem com a Petrobras nos leilões de blocos marítimos. Para preparar a empresa para a concorrência, Fernando Henrique indicou o banqueiro de investimentos Henri Philippe Reichstul para ocupar a sua presidência. Ele acabou com os acordos que favoreciam os fornecedores, iniciou um sistema de bônus por desempenho para os diretores e limpou a contabilidade ao reconhecer bilhões de dólares em gastos com aposentadoria e plano de saúde dos funcionários.
No ano seguinte, o governo vendeu 16% da Petrobras por US$ 4 bilhões na Bovespa e na Bolsa de Nova York. Embora as ações da Petrobras já fossem negociadas em nível local, a listagem em Nova York "teve um grande impacto na governança", diz Gabrielli. "Ela força a transparência. Ela força a divulgação de dados".
A Petrobras adotou padrões americanos de contabilidade e passou a viver sob a vigilância de 50 analistas de Wall Street que acompanham as ações da empresa, que estão entre as ADRs mais negociadas na Bolsa de Nova York. O governo federal mantém a maioria do capital votante, mas cerca de 60% das ações agora estão nas mãos de acionistas privados.
O governo FHC também criou o primeiro conselho de administração independente na história da empresa. Até mesmo os críticos de Lula o elogiam por incrementar o conselho da petrolífera com quatro executivos peso pesado do mundo empresarial brasileiro. Entre eles está Roger Agnelli, diretor-presidente da Companhia Vale do Rio Doce, e Jorge Gerdau, que comanda o Grupo Gerdau SA.
A chegada da concorrência estrangeira teve um impacto psicológico enorme na Petrobras. Mas as petrolíferas internacionais encontraram grandes dificuldades para operar com as rígidas leis trabalhistas e ambientais brasileiras. Em vez de concorrer com a Petrobras em exploração e produção, muitas empresas internacionais, como a Royal Dutch Shell PLC e a Repsol YPF da Espanha, criaram joint ventures com ela. A americana Devon Energy tornou-se recentemente a primeira estrangeira a produzir petróleo no Brasil sem a ajuda da Petrobras.
O usuário está cada vez mais exigente
O usuário da informação contábil está cada vez mais exigente. Podemos observar isto pelo artigo a seguir. Ou seria o excesso de normas?
A sustentabilidade da natura
Gazeta Mercantil - 30/08/2007
Com práticas consistentes e ações estrategicamente planejadas de relacionamento, a empresa construiu uma imagem que a levou a ser percebida como a mais sustentável por diversos segmentos da sociedade. Isso fez com que a Natura se tornasse referência no assunto, tanto em gestão como em comunicação. Seu relatório anual é considerado modelo por vários agentes da sociedade, muito provavelmente por seguir as diretrizes da GRI (Global Reporting Initiative).
(...) Apesar de um grande número de companhias abertas publicar a DBSI (Demonstração do Balanço Social - Ibase), o que possibilita fazer uma análise vertical e horizontal dos dados ali relatados e desenvolver avaliações e diagnósticos em conjunto com outras demonstrações, a Natura não a publica. Quase todas as empresas que publicam a DBSI e também a auditam.
O CFC (Conselho Federal de Contabilidade) editou em 2004 uma norma que trata sobre a publicação das informações de natureza socioambiental, uma espécie de DBSI ampliada. (...) Mas a Natura também não publica os dados de acordo com essa norma.
(...) Nas notas explicativas, a empresa aborda sua gestão de risco no item "instrumentos financeiros", que trata da exposição cambial, taxa de juros e risco de credito. Mas não há nenhuma menção sobre riscos ambiental, trabalhista, comunitário, todos itens esperados nas notas explicativas de uma empresa modelo em sustentabilidade. (...) A meu ver, para a sustentabilidade estar 100% presente na Natura, faz-se necessários que suas demonstrações contábeis expressem isso.
Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4 - 30/08/2007 - Roberto Sousa Gonzalez
Seleção natural nas IPOS
A análise dos dados é simples, pois ignora os efeitos posteriores (de médio e longo prazo) das IPOs. Mas a questão se a crise imobiliária afeta ou não o mercado de novas ofertas de ações no Brasil já foi comentado anteriormente.
Seleção naturalMas a reportagem faz um alerta interessante para o custo de abrir o capital.
Valor Econômico – 30/08/2007
A crise financeira internacional começou a corrigir alguns dos excessos de "exuberância" no mercado brasileiro. Segundo levantamento da consultoria Capital Partners, as empresas obtiveram em suas aberturas de capital um múltiplo médio - calculado a partir da relação preço/lucro líquido (P/L) - de 73,4 vezes, enquanto as grandes companhias do Ibovespa têm um índice médio de 14,7. A amostra tem 95 empresas que abriram o capital desde 2000. O P/L dá uma idéia de quantos anos o investidor levaria para obter o retorno do investimento e, quanto menor, mais barata está a ação. "Essas empresas terão que entregar aos investidores um crescimento extraordinário para fazer face a esses múltiplos, muitas vezes maiores que os de empresas de mercados maduros", afirma Paulo Esteves, sócio da Capital Partners. O ágio sobre o valor patrimonial obtido nas ofertas de ações no Brasil chegou a níveis altos até mesmo para o mercado japonês, onde as taxas de juros são negativas.
(...) Chama a atenção na amostra o grande número de companhias com prejuízo depois de abrir o capital. E o pior: em vários casos, foi justamente o custo do IPO - taxas aos bancos, advogados etc - que levou a companhia ao vermelho. Jorge Simino, diretor da Fundação Cesp, diz que registrar prejuízo porque pagou a abertura de capital não é normal. "É como dizer que estourou o orçamento do mês porque foi comer no McDonald's", afirma. "Isso indica que ou a empresa não tinha porte e retorno suficiente para ir à bolsa, ou que há algum problema de gestão."(...)
Quanto maior a participação de estrangeiros no IPO, mais prejudicadas foram suas ações durante a crise. Fundos hedge desesperados pela falta de liquidez no auge da crise saíram vendendo ativos em todo mundo, o que pode ter contribuído para quedas exageradas de alguns papéis, apesar de resultados e gestão positivos. Esse fator foi o principal a afetar as "blue chips" brasileiras.A valorização de algumas companhias mostra, entretanto, que a questão não é de aversão total a risco, mas de seletividade.
As empresas de auditoria voltam a fazer consultoria
O problema do conflito de interesses entre a auditoria e o braço de consultoria está de volta, conforme constata uma reportagem do Valor Econômico. Aliado a isto, temos a questão do oligopólio do mercado de auditoria, onde as grandes empresas contratam somente uma das quatro grandes empresas (Big Four):
Consultoria volta a mostrar suas garras
Valor Econômico – 30/08/2007
(...) Na Enron, a Arthur Andersen havia ganho US$ 25 milhões em honorários de auditoria e US$ 27 milhões por serviços de consultoria no ano anterior ao colapso espetacular da empresa. Isso aumentou as suspeitas de que os auditores estavam sendo tolerantes com os grandes clientes de consultoria. (...)
Os custos dos empréstimos dispararam na esteira do fechamento da Arthur Andersen, enquanto as receitas encolheram na medida em que clientes de auditoria cautelosos começaram a cancelar contratos que não envolviam auditoria. (...) A forte demanda por consultoria à adequação à lei Sarbanes-Oxley, risco, investigações forenses e terceirização vêm ajudando a alimentar a demanda. Assim como o boom das fusões e aquisições.Hoje, a consultoria é o segundo maior negócio da Deloitte nos EUA, um segmento de US$ 3 bilhões que respondeu por mais de um terço das receitas da companhia nos EUA em 2006, perdendo apenas para as auditorias. No mundo, a consultoria é um negócio ainda maior para a Deloitte, totalizando US$ 8,9 bilhões, ou 45% dos US$ 20 bilhões que ela consegue em receitas globais, segundo a Kennedy Information, de Peterborough, New Hampshire. (...) Não demorou muito para que outras firmas de auditoria fizessem as contas e decidissem que deveriam reconstruir rapidamente seus braços de consultoria. No ano passado a KPMG vendeu no mundo serviços de consultoria avaliados em US$ 5,3 bilhões, um aumento de 12% sobre o ano anterior. Na PricewaterhouseCoopers(PwC) esse número foi de US$ 3,7 bilhões, com crescimento de 20%, e na Ernst & Youngde US$ 2,4 bilhões, com aumento de 2%. "É uma indústria com um crescimento enorme e um negócio com grandes margens de lucro", afirma Clark R. Beecher, um consultor de busca de serviços executivos profissionais da Magellan International, de Houston. Beecher estima que a demanda por consultores que fazem os serviços nas quais as "Big Four" são especialistas é hoje 15 vezes maior que a oferta. "É a volta da velha mentalidade: vender tudo o que você conseguir".Mas é exatamente isso que criou problemas para as empresas da última vez, afirmam os críticos. Alguns temem que o ressurgimento da consultoria possa distrair as firmas de auditoria da atenção adequada a essa parte central de seus negócios. "O verdadeiro problema será: vocês aprenderam a lição, ou isso vai acabar mal outra vez?", diz Tom Rodenhauser, vice-presidente da divisão de consultoria da Kennedy Information.Certificar-se que os auditores não vão extrapolar as fronteiras permitidas é responsabilidade do comitê de auditoria de cada empresa. Mas Lynn E. Turner, ex-contador-chefe da SEC, diz que esses comitês nem sempre estão sintonizados com as questões de independência quanto deveriam. Ele cita exemplos recentes, que não são informações públicas, em que uma firma de auditoria de uma determinada companhia foi em parte paga por um trabalho que não era de auditoria com um honorário que dependia do grau de sucesso. Comissões desse tipo são inaceitáveis para as firmas de auditoria sob as regras americanas, mas os comitês de auditoria não perceberam.Em função do que aconteceu na Enron, WorldCom, Adelphia, Tyco e outras empresas, é uma ironia que os mesmos perigos destacados pelos colapsos dessas empresas estejam agora conduzindo grande parte da demanda pelos serviços não ligados a auditorias das Big Four. (...)
Novas regras para brinquedos e seu impacto
Controle mais rigoroso pode fazer subir preço de brinquedo no varejo
Valor Econômico - 30/08/2007
As novas regras do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para aumentar a segurança dos brinquedos importados, divulgadas na segunda-feira, podem ter reflexos no preço final dos produtos e no prazo para chegada das mercadorias às lojas. Segundo as determinações do órgão, os brinquedos trazidos do exterior precisarão ser testados lote a lote. Por outro lado, a demanda por certificação irá aumentar, fazendo com que novos laboratórios passem a oferecer o serviço.Celso Pilnik, diretor da rede de varejo PBKIDS, calcula que o prazo para liberação dos lotes de importados pode dobrar para mais de 20 dias. Além disso, se diz preocupado com o impacto nos custos. "Estimamos que os produtos no ponto-de-venda possam ter um preço entre 1% a 2% maior", afirma.
(...) Alfredo Lobo, diretor de qualidade do Inmetro, é categórico quanto à necessidade das novas regras. Ele sabe, no entanto, que não há unanimidade no setor sobre a decisão do órgão. Mas não se preocupa. "A complexidade (do processo de importação), o tempo e o custo vão aumentar. Mas essas são variáveis que eu não posso considerar. Tenho que pensar na segurança. Cabe a eles (importadores) se programarem para minimizar esses efeitos", diz.Antes de ser determinada a certificação lote a lote, era possível enviar uma amostra do produto a um laboratório brasileiro ou do país de origem (que estivesse de acordo com regras internacionais) para obter o selo.
É óbvio que novas regras, mais rigorosas, para os brinquedos terão impacto sobre os custos e os preços. A questão é o mercado informal, que a reportagem não comenta, onde uma grande parcela dos produtos é importada sem passar pelos controles do Inmetro.
A questão da captação de recursos
A empresas brasileiras já estão sentido o efeito da crise do crédito. Algumas adiaram a captação (Usiminas, por exemplo), outras buscaram novas fontes (Gerdau). Isto terá impacto futuro nas despesas financeiras, na competitividade futura, na rentabilidade etc.
Empréstimo externo mais caro - Valor Econômico - 30/08/2007
Empresas brasileiras de primeira linha já são hoje obrigadas a pagar quase 50% a mais em prêmios de risco pelo crédito externo, como parte do impacto do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Muitas companhias, como a Usiminas, adiam transações que seriam realizadas para investimentos. Outras empresas e fundos, como a Gerdau e o GP Investments, no entanto, foram pegos pela crise bem no meio de processos de aquisição e são forçados a aceitar condições menos favoráveis nos empréstimos, de US$ 4,2 bilhões e US$ 880 milhões, respectivamente.
Empréstimo externo mais caro - Valor Econômico - 30/08/2007
Fortuna de Slim e a ajuda do governo
Uma reportagem do NY Times, publicada no Estado, mostra uma visão da fortuna do bilionário mexicano Slim. Apesar de fazer uma comparação entre o valor de sua fortuna (que corresponderia, a grosso modo, ao ativo) com o PIB do México (que seria o equivalente a receita), uma comparação que os mais puristas não concordam, o texto é ilustrativo dos efeitos do oligopólio.
Fortuna de Slim cresce com ajuda do governo
Empresário ainda é dono de 90% da telefonia fixa no México
Eduardo Porter THE NEW YORK TIMES
O Estado de São Paulo - 29/08/2007
Mexicanos pagam acima da média pela telefonia e pelo acesso à internet
E no início deste mês a revista Fortune informou que Carlos Slim Helú, um mexicano, tinha ultrapassado Bill Gates, tornando-se o homem mais rico do mundo - corroborando uma informação que havia sido divulgada em julho pelo portal mexicano Sentido Común -, com uma fortuna avaliada em US$ 59 bilhões.
Para se ter uma perspectiva desse valor, o tesouro de Slim é equivalente a pouco menos de 7% da produção total de bens e serviços do México - US$ 1 para cada US$ 14 de bens produzidos por toda a população no país. (...)
Como um barão ladrão, um oligarca russo ou um executivo da Enron, Slim faz-nos lembrar as palavras de Honoré de Balzac: "Por trás de cada grande fortuna há um crime." O pecado de Slim, mesmo que tecnicamente ele não seja um criminoso, é como o de Rockefeller, o pecado do monopolista. Em 1990, o governo do presidente Carlos Salinas de Gortari vendeu ao amigo Slim a empresa telefônica estatal mexicana Telmex, tendo sido firmado um compromisso de que ele ficaria com o seu monopólio por anos. E depois concedeu à Telmex a única licença nacional para explorar a telefonia celular.
Quando os concorrentes conseguiram finalmente entrar no mercado, a Telmex os manteve à distância usando alguns subterfúgios bastante criativos, como conseguir que um juiz emitisse um mandado de prisão contra o principal advogado de uma das empresas concorrentes. Hoje, a Telmex ainda controla 90% dos serviços de telefonia por linha terrestre e quase três quartos do mercado de telefonia celular no México.
EXPANSÃO
Os monopólios tendem a gerar muito dinheiro. Slim, um investidor astuto, utilizou esse dinheiro muito bem, comprando centenas de empresas mexicanas e entrando nos mercados de telefonia sem fio em toda a América Latina. Difícil passar um dia sem que um mexicano lhe propicie algum dinheiro.
Mas o México tem pago por isso, e muito. Em 2005, existiam menos de 20 linhas de telefone fixo para cada 100 mexicanos e menos da metade possuía telefones celulares. Apenas 9% das casas tinham acesso à internet. Os mexicanos pagam muito acima da média por todos esses serviços.
29 agosto 2007
Conflito de interesses
Uma notícia interessante do Bluebus mostra a existência de um conflito de interesses entre jornalista da Globo e Bernandinho:
E a ONG de jornalista da Globo recebeu doaçoes da ONG de Bernardinho
Chefe de redaçao dos programas esportivos da Globo, Joao Pedro Paes Leme mantem projeto social que recebeu em 2005 e 2006 cerca de R$ 30 mil por ano da ONG Instituto Compartilhar, de Bernardinho. É o que diz hoje na Folha o colunista Daniel Castro, referindo a prestaçao de contas que o projeto do tecnico publica na internet. A coluna aponta conflito de interesses - "Bernardinho é seu objeto de trabalho", diz sobre Paes Leme. Segundo Daniel, o vinculo entre os projetos do jornalista e do tecnico chama atençao por conta de reportagem exibida no Globo Esporte no ultimo dia 15. Teria sido contraria ao jogador Ricardinho, cortado da seleçao por Bernardinho as vesperas do Pan, e positiva para o tecnico. A Globo declarou a coluna que Paes Leme tem a "confiança irrestrita" da emissora e que as ONGs envolvidas sao independentes. E segundo a TV, o jornalista nao se manifestaria antes da publicaçao da nota na Folha. 27/08 Blue Bus
O que faz um perfeito rebolado?
Depois de um link para um periódico de correlação espúria, nada melhor do que uma pesquisa "diferente":
E os contadores estão preocupados com a mensuração do ativo? Cambridge mostra que existem outras mensurações interessantes.
Pesquisadores descobrem o que faz uma mulher caminhar de modo sexy
Pesquisadores na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, concluiram qual é a receita para um perfeito caminhar rebolando. Os matematicos chegaram a uma relaçao de 0.7 entre a cintura e os quadris - ou seja, a medida da cintura deve ser 70% da medida dos quadris. Quando mais perto disso, mais sexy é o modo de andar. As atrizes Jessica Alba (Quarteto Fantastico) e Sophia Loren, a modelo brasileira Alessandra Ambrosio e a Venus de Milo sao exemplos de medida 0.7. Marilyn Monroe chegava quase lá, 0.69. Dica do Gizmodo. 28/08 Blue Bus
E os contadores estão preocupados com a mensuração do ativo? Cambridge mostra que existem outras mensurações interessantes.
Os endereços mais populares de Finanças
1 Forbes.com
2 CNN Money.com
3 Yahoo! Finance.com
4 MarketWatch.com
5 MSN Money
6 Business.com
7 Fool.com
8 BankRate.com
9 Wall Street Journal.com
10 TheStreet.com
11 BusinessWeek.com
12 BizJournals.com
13 Bloomberg.com
14 Hoovers.com
15 Entrepreneur.com
16 FT.com
17 BusinessWire.com
18 Google Finance.com
19 CNBC.com
20 FastCompany.com
21 Kiplinger.com
22 Investors.com
23 Economist.com
24 SeekingAlpha.com
25 Barrons.com
Consulto, regularmente, somente 4 destes endereços. Quem lê tanta notícia?
Fonte: Aqui
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Regra básica da economia: incentivos e pessoas
Uma regra geral do comportamento econômico das pessoas: elas reagem aos incentivos.
Mankiw conta que uma universidade norte-americana tem todas as classes de introdução a economia, sem exceção, com 49 alunos. Qual a razão deste número? O ranking do US News penaliza universidades com turmas com 50 ou mais estudantes.
Mankiw conta que uma universidade norte-americana tem todas as classes de introdução a economia, sem exceção, com 49 alunos. Qual a razão deste número? O ranking do US News penaliza universidades com turmas com 50 ou mais estudantes.
Wikipedia: o tamanho desta enciclopédia
Origem dos furacões
A origem dos furacões. O número 1 relata o furacão Catarina, de 2004, próximo a Torres, RS. Fonte: Aqui
Limite do Valor Justo
As normas internacionais e norte-americanas exigem tipicamente que ativos fixos seja avaliados pelo custo e sujeitos a testes periódicos de impairment. Ativos financeiros, no entanto, são geralmente avaliados pelo "valor justo" - o preço que uma terceira parte poderia pagar por eles. Existem exceções. (...)
Valor justo funciona bem para títulos que podem ser comercializados a um preço de mercado. Mas quando os ativos são raramente comercializados ou altamente complexos, o valor justo é obscuro. Derivativos são geralmente avaliados usando modelos administrativos, que são algumas vezes "verificados" por terceiros. (...)
Primeiro, o desempenho pode ser "suavizado", mascarando a volatilidade real (...); segundo, a administração pode resistir em reconhecer as perdas. (...)
The limits of fair value - Financial Times - 28/08/2007 - London Ed1 - Page 12
Vale, Cade e tempo é dinheiro
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou por quatro votos a zero um recurso da Companhia Vale do Rio Doce para impedir uma determinação do Conselho Administrativo de Defesa (Cade), tomada em agosto de 2005, quanto à aquisição de oito mineradoras pela empresa. Segundo a decisão do Cade, mantida pela primeira turma do STJ na tarde de ontem, a Vale terá de escolher entre se desfazer da mineradora Ferteco ou abrir mão do seu direito de preferência na compra de produção excedente da mina Casa de Pedra, da CSN.
Vale perde ação contra o Cade no STJ por quatro votos a zero - Valor Econômico - 29/08/2007
No mundo dos negócios, tempo é dinheiro. Foram 24 meses para fechar este ciclo (e olha que a empresa ainda tem possibilidade de recurso)
28 agosto 2007
Existe problema de infra-estrutura?
Esta pergunta do blog do WSJ
A queda da ponte em Minneapolis criou um debate nacional sobre a crise nas estradas e pontes dos Estados Unidos (observe a similaridade com a nossa situação).
O economista Gary Becker lembra que o risco do terrorismo e de uma queda de uma ponte é pequeno em relação aos acidentes de automóveis. Motorista dirigindo bêbado deve provacar de 15 mil a 40 mil mortes por ano nos EUA. O dinheiro gasto numa política pública neste sentido teria mais efeito sobre a segurança nas estradas.
Já Posner lembra que engenheiros civis tem interesse em declarar que estradas e pontes não são seguras. E os governos tendem a preferir gastar o dinheiro dos impostos com programas de benefícios imediatos.
A queda da ponte em Minneapolis criou um debate nacional sobre a crise nas estradas e pontes dos Estados Unidos (observe a similaridade com a nossa situação).
O economista Gary Becker lembra que o risco do terrorismo e de uma queda de uma ponte é pequeno em relação aos acidentes de automóveis. Motorista dirigindo bêbado deve provacar de 15 mil a 40 mil mortes por ano nos EUA. O dinheiro gasto numa política pública neste sentido teria mais efeito sobre a segurança nas estradas.
Já Posner lembra que engenheiros civis tem interesse em declarar que estradas e pontes não são seguras. E os governos tendem a preferir gastar o dinheiro dos impostos com programas de benefícios imediatos.
Onde o executivo ganha mais
Fonte: The Economist, via Captain Capitalism. Exclui opções e bônus. Observe que os executivos em países mais "complicados" recebem melhor.
Mil e uma utilidades
Parece propaganda, mas o mercado acionário possui mil e uma utilidades. O paper Detecting Illegal Arms Trade (clique aqui), de Stefano DellaVigna e Eliana La Ferrara tenta verificar a existência de comércio com armas ilegais através do mercado de ações. Tendo como foco o embargo das Nações Unidas no período de 1990 a 2005, os autores analisam o impacto de notícias sobre guerra no preço das ações das empresas belicas. O aumento no preço traduziria um aumento na demanda por armas ilegais.
Prestígio
Recebi um e-mail do prof. Alexandre Alcantara sobre este blog:
Quero parabenizá-lo pelo seu Blog "Contabilidade Financeira", foi um excelente achado.
Também sou professor, leciono "Análise de Demonstrações Contábeis", e seu site será uma das indicações para nossos alunos, ex-alunos e demais colegas professores.
Colocarei um link em nosso site pessoal para divulgar seu blog.
Um forte abraço
Alexandre Alcantara
É sempre bom receber um feedback do que está sendo postado aqui. Grato, professor.
Quero parabenizá-lo pelo seu Blog "Contabilidade Financeira", foi um excelente achado.
Também sou professor, leciono "Análise de Demonstrações Contábeis", e seu site será uma das indicações para nossos alunos, ex-alunos e demais colegas professores.
Colocarei um link em nosso site pessoal para divulgar seu blog.
Um forte abraço
Alexandre Alcantara
É sempre bom receber um feedback do que está sendo postado aqui. Grato, professor.
Pesquisa e Crime
O reporter Larry Rohter, do New York Times, aquele que disse o que todo mundo falava, mas não publicava, publica no NY Times de 28/08/2007 uma reportagem sobre ciência no Brasil (As Brazil Defends Its Bounty, Rules Ensnare Scientists)
O foco são os cientistas que pesquisam na Amazônia e estão sendo acusados de piratas. O caso de Marc van Roosmalen, que já descobriu 5 espécies de macacos, mas foi condenado a 16 anos de prisão em Manaus.
Os burocratas dizem que estão tentando proteger um patrimônio natural e genético. O medo da pirataria, e a reportagem cita o caso da borracha e do captopril da Squibb, são as razões alegadas.
Clique aqui para ler
O foco são os cientistas que pesquisam na Amazônia e estão sendo acusados de piratas. O caso de Marc van Roosmalen, que já descobriu 5 espécies de macacos, mas foi condenado a 16 anos de prisão em Manaus.
Os burocratas dizem que estão tentando proteger um patrimônio natural e genético. O medo da pirataria, e a reportagem cita o caso da borracha e do captopril da Squibb, são as razões alegadas.
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Duas posições sobre a IPO: Pessimista
Na postagem anterior (aqui) uma visão otimista do mercado de IPOs. Agora uma reportagem do dia anterior, publicada no Estado de S. Paulo e no Jornal do Commercio, pessimista. Aponta uma crise no setor:
Observe que o foco da reportagem são os bancos e as empresas. A mensagem é: esperar.
Crise internacional freia a onda de IPOs na Bovespa
Patrícia Cançado e Ricardo Grinbaum
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 27/08/2007
Os recentes tremores no mercado financeiro trouxeram uma nova preocupação para as empresas e os bancos de investimentos brasileiros. Muitos deles foram pegos no contrapé, quando se preparavam para abrir capital e vender suas ações na Bolsa de Valores. Pelas contas de Alfried Plöger, da Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), o número de estréias na Bolsa (IPOs, sigla em inglês para oferta inicial de ações) não vai mais chegar a 70, como se previa. Do início do ano até agora, já foram feitas 49 ofertas.
"Mesmo que se queira, dificilmente se conseguirá vender tantos papéis", diz Plöger. Ou, em outras palavras: "O gato subiu no telhado, nenhum banco aconselharia uma empresa a vender ações agora", diz o advogado Luiz Octavio Lopes, do escritório Mattos Filho. Para Lopes, a festa de dinheiro farto, que incentivou todo tipo de empresa a vender ações, perdeu o gás. "Está claro que é um novo mercado, os investidores provavelmente estarão mais seletivos e mais duros."
Ninguém sabe ao certo o quanto mudou o humor do mercado, mas, por via das dúvidas, as empresas estão pensando em planos alternativos. É o caso da rede de supermercados G. Barbosa, do Nordeste. Seu dono, o fundo de investimentos americano Acon, estudava duas alternativas para vender a empresa: uma oferta de ações na Bolsa ou uma negociação com alguma grande rede, como Pão de Açúcar, Wal-Mart ou Carrefour. Agora, a segunda opção ficou mais próxima.
"O IPO desacelerou.O que se questiona é se o momento é adequado para entrar na Bolsa", diz uma fonte ligada às negociações. O medo dos donos do G. Barbosa é não conseguir vender a empresa na Bolsa de Valores pelo que eles acham que ela vale, entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões.
A empresa de shopping centers Aliansce, que tem como um de seus principais sócios a Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, estava fazendo seu "road show" - apresentação a investidores - no dia em que as bolsas desabaram. A Aliansce cancelou os compromissos e pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para interromper o processo. O pedido de abertura de capital foi suspenso por 60 dias. É tempo suficiente para avaliar se o mercado vai se recuperar ou não. Adiar ou cancelar um processo de abertura de capital tem seus custos - e eles podem ser ainda mais altos que se imagina. Antes da crise, havia dinheiro fácil para as empresas se prepararem para o IPO. Num ambiente feroz de competição, os bancos de investimentos vinham emprestando muito dinheiro para engordar as empresas e deixá-las mais atraentes na hora de vender ações. Esse tipo de operação é conhecida, em geral, como ponte para o IPO. Enquanto o mercado ia bem, o pagamento da dívida e das comissões dos bancos estava garantido porque era descontado do dinheiro levantado na venda de ações.
O risco dessa operação é que a ponte não leve a lugar nenhum, uma vez que não haja ambiente para abrir capital. Nesse caso, as empresas podem ter dificuldade para pagar os empréstimos e os bancos ficarem com um mico em suas carteiras. Empresas que já pegaram dinheiro emprestado para se preparar para um IPO podem ser levadas a mudar de estratégia.
No início do ano, o banco mineiro Bonsucesso e seus donos - a família Pentagna Guimarães - pegaram dois empréstimos, no valor de R$ 230 milhões, com o banco de investimentos UBS Pactual. O Bonsucesso estava às vésperas de abrir o capital quando a crise estourou. O IPO não saiu.
Segundo o Bonsucesso, o banco perdeu o prazo para a entrega de documentos à CVM. Agora, deverá fazer nova tentativa só no final de setembro ou início de outubro, "devido à crise de liquidez", diz o presidente do Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães.
A questão agora é saber se os investidores terão o mesmo apetite que antes para comprar ações do Bonsucesso e, assim, dar os recursos necessários para pagar o UBS Pactual. O Bonsucesso não é o único caso. Um dos maiores bancos de investimentos do País emprestou mais de R$ 700 milhões em um ano para viabilizar aberturas de capital. Foi um sucesso. Por enquanto.
Observe que o foco da reportagem são os bancos e as empresas. A mensagem é: esperar.
Duas posições sobre a IPO: Otimista
É interessante observar a guerra de palavras sobre o mercado das IPOs (oferta pública de ações). De um lado, uma visão otimista, de que a crise no mercado mundial não afetará os novos lançamentos. Veja a reportagem do Valor
Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:
O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.
Volume de trabalho deve seguir em alta
Valor Econômico - 28/08/2007
Além da previsão de que os negócios com abertura de capital continuarão firmes tanto no segundo semestre deste ano, quanto no ano que vem, as auditorias estão animadas com a projeção de ganhos com os serviços de pré e pós-oferta pública. Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC), Terco e BDO relataram que um número bem maior do que aquelas cerca de 50 empresas que lançaram ações na primeira metade deste ano tem procurado os serviços de auditoria e de consultoria para se estruturarem com objetivo de fazer uma oferta. Além disso, as empresas que já abriram capital continuarão a ter que publicar suas demonstrações financeiras. "Como a maioria delas entrou no Novo Mercado, elas têm outras demandas para cumprir, como a reconciliação em US-Gaap (padrão contábil americano) e com IFRS (padrão internacional), além do balanço trimestral auditado para a CVM", lembra Bruce Mescher, sócio da Deloitte.
Sobre as companhias que estão se preparando, Mescher afirmou que "a fila é grande" e que a demanda deve "continuar aquecida nos curto e médio prazos". Fábio Cajazeira, da PwC, recorda que a elaboração para a abertura de capital envolve vários serviços, como a preparação de sucessão familiar, o planejamento fiscal e o apoio para formação da estrutura de governança corporativa da companhia. Segundo Henrique Campos, da BDO Trevisan, o mercado de candidatas a abertura de capital é o que mais está crescendo. "O 'investment grade' está chegando e o caminho para a bolsa é irreversível. As empresas sabem que se ficarem paradas serão engolidas. Por isso estão se preparando para irem ao mercado", afirma.Mauro Terepins, presidente da Terco, diz que muitas delas querem ser auditadas para conseguir investimentos de fundos de participação e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Terepins, o mercado está cada vez mais dividido entre dois tipos de empresas. "Tem aquelas que são auditadas e aquelas não são e ficam fora do jogo", diz.
Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:
Ofertas esquentam mercado de auditoria
Valor Econômico - 28/08/2007
O movimento crescente de companhias em processo de abertura de capital, um filão explorado por bancos, escritórios de advocacia e consultorias, não deixou de fora as firmas de auditoria. Apesar de o "boom" provocado pela forte demanda de empresas interessadas em ir à bolsa confirmar a concentração do mercado nas mãos das chamadas "Big Four" - (...) ainda sobra trabalho para firmas menores. Todas estão de olho em honorários que variam, em média, de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por operação, de acordo com a quantidade de horas trabalhadas por oferta.As quatro grandes auditaram os balanços de 47 das 55 empresas que fizeram ofertas de ações este ano no Brasil (incluindo operações de empresas já abertas).
Essa participação equivale a 85,45%, nível superior ao que essas firmas possuem em relação ao total de companhias já abertas no país, que estava em 56% no final de 2006, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A concentração é reflexo do domínio que as quatro grandes têm do mercado internacional. Na busca de recursos, principalmente entre investidores estrangeiros (que têm comprado de 60% a 70% das ações vendidas nessas operações), é natural que as empresas queiram uma "marca" de auditoria mais conhecida. No mercado, comenta-se que haveria também uma pressão dos bancos coordenadores dos lançamentos em favor das grandes.(...) Para Sérgio Bendoraytes, sócio da firma, a questão "não é de qualidade do trabalho, mas de 'placa internacional'". "Se [o banco] não tivesse mudado, não conseguiria fazer a oferta", afirma Bendoraytes. Ele conta ainda que, antes da abertura de capital, o fato de a auditoria não ser uma Big Four foi um dos fatores que impediram que o Cruzeiro do Sul fizesse uma emissão de 10 anos no mercado internacional. Nem mesmo a associação com a firma internacional Horwath lhe garante uma participação mais expressiva nesse mercado. "Eles não querem a sétima maior [referindo-se à posição da Horwath], tem que ser uma das quatro", diz. Segundo ele, insistir em atuar nesse mercado é querer dar "murro em ponta de faca". "Não crio expectativas de participar de ofertas públicas. Cada um tem que procurar o seu nicho, o que no nosso caso são os clientes de médio porte", afirma.
O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.
Meio Ambiente e Contabilidade: O cético e o entusiasta
Artigo da Folha de São Paulo de 28/08/2007 (Setor busca forma de contabilizar projeto, por André Palhano)
Contraponto interessante entre duas posições: uma favorável a novos modelos e outra mais cética, conforme o título afirma, dos novos modelos. Observe que a reportagem não tece considerações sobre o passivo ambiental.
Enquanto as empresas brasileiras priorizam seus projetos de responsabilidade socioambiental com uma visão de geração de valor a partir desses investimentos, um outro processo, complementar, ganha força no mundo corporativo: a busca por modelos de contabilização dos investimentos sociais, classificados como ativos intangíveis, que possam demonstrar de maneira precisa o retorno da aplicação dos recursos nesses projetos.
As companhias querem saber qual o impacto real dos seus investimentos socioambientais. E, os investidores, uma maior certeza sobre o retorno que essas decisões trarão no futuro. Essa combinação de interesses resultou na busca por instrumentos contábeis que mensurem, de modo objetivo, o efeito dos investimentos sociais.
O principal avanço nesse sentido, até agora, foi a criação dos balanços sociais, amplamente utilizados pelas grandes corporações. Esse tipo de relatório, no entanto, ainda se mostra limitado, sobretudo pelo seu caráter unicamente descritivo.
"Esses balanços são muito úteis, mas hoje a contabilidade caminha para incluir os chamados ativos intangíveis no caixa da companhia. A idéia é que, cada vez mais, seja possível contabilizar, de forma precisa, os investimentos sociais de uma empresa", afirma o matemático Josenildo Santos, pós-doutor em contabilidade pela USP (Universidade de São Paulo).
O matemático já catalogou cerca de 30 modelos criados por diferentes organizações, que utilizam técnicas contábeis para mensurar impactos e retornos de projetos socioambientais nos balanços. Embora a evolução seja aparente, Santos crê que, em apenas cinco anos, a contabilidade, em sua forma mais tradicional, poderá ser utilizada como ferramenta de complementação dos balanços sociais e ambientais. "Há algumas tentativas, mas ainda é preciso investir muito em pesquisa para haver um avanço significativo", diz.
Ceticismo
O presidente do conselho curador da Fipecafi e professor da USP, Eliseu Martins, é mais cético em relação à contabilização objetiva das ações de responsabilidade corporativa. Ele, que já foi um dos maiores entusiastas do assunto no país, diz não perceber uma tendência nesse sentido. "Não vejo nenhuma das instituições que deveriam se encarregar de promover essas evoluções dos aspectos contábeis se preocupando com isso. A Europa, que sempre foi avançada nesse assunto, também mostra um arrefecimento das atividades", conta Martins.
Para o pesquisador, já é possível contabilizar de maneira razoável as questões ambientais de uma companhia. "É só tirar do ativo total quanto dele é destinado a equipamentos e instalações para evitar problemas ambientais. Também é possível mensurar passivos relacionados ao meio ambiente, despesas e compromissos futuros", explica.
No caso dos projetos sociais, também se pode mensurar parte das ações de uma empresa, como as despesas com projetos voltados para a sociedade. O problema é justamente o retorno que esses investimentos darão num determinado prazo. "Para isso, são necessários modelos específicos, mas não há nada muito promissor ainda em vista", avalia Martins.
Rápida ou lenta, a evolução da contabilidade para uso na responsabilidade corporativa é considerada um passo natural no processo de conscientização socioambiental das companhias. "As ações relacionadas à responsabilidade se refletem, ainda que indiretamente, nos aspectos financeiros de uma empresa. Portanto, é esperado que a contabilização desses ativos seja melhorada com o passar do tempo", afirma Beat Grueninger, presidente da consultoria BSD, especializada em responsabilidade corporativa.
Contraponto interessante entre duas posições: uma favorável a novos modelos e outra mais cética, conforme o título afirma, dos novos modelos. Observe que a reportagem não tece considerações sobre o passivo ambiental.
GASB
Uma notícia antiga (29/05/2007), mas interessante:
"o Government Accounting Standards Board (GASB) promulgou novas exigências para os estados e municípios para calculou e evidenciação dos valor presente líquido das promessas de benefícios para aposentados. O GASB 45 é baseado na premissa de que os futuros benefícios dos aposentados, iguais a pensão, são essencialmente uma forma de diferir um passivo que pode ser reconhecido" (Accounting, Texas-Style, The Wall Street Journal, 29/05/2007, A14, por E J McMahon)
Em outras palavras, o órgão que regula a contabilidade pública dos Estados Unidos determinou que estados e municípios considerem no seu passivo uma estimativa dos benefícios que pretende pagar para seus funcionários públicos no futuro. Isto produz uma imagem mais real do verdadeiro passivo que os contribuintes terão que arcar no futuro.
No Brasil isto não é contabilizado.
"o Government Accounting Standards Board (GASB) promulgou novas exigências para os estados e municípios para calculou e evidenciação dos valor presente líquido das promessas de benefícios para aposentados. O GASB 45 é baseado na premissa de que os futuros benefícios dos aposentados, iguais a pensão, são essencialmente uma forma de diferir um passivo que pode ser reconhecido" (Accounting, Texas-Style, The Wall Street Journal, 29/05/2007, A14, por E J McMahon)
Em outras palavras, o órgão que regula a contabilidade pública dos Estados Unidos determinou que estados e municípios considerem no seu passivo uma estimativa dos benefícios que pretende pagar para seus funcionários públicos no futuro. Isto produz uma imagem mais real do verdadeiro passivo que os contribuintes terão que arcar no futuro.
No Brasil isto não é contabilizado.
27 agosto 2007
Faculdades particulares
Faculdades em crise burlam leis trabalhistas Professores deixam de receber direitos como 13.º e, às vezes, são obrigados a se organizar em cooperativas
Eduardo Nunomura
O Estado de São Paulo - 26/08/2007
Patrão que atrasa salário, não deposita férias ou 13º, usa cooperativas para maquiar relações trabalhistas, substitui profissionais experientes por novatos, faz o que pode para cortar custos. A situação retrata um profissional que até poucos anos atrás ficou imune a esse problema, o professor universitário. "É um desastre", resume o secretário do ensino superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota.
Instituições privadas com dificuldades têm enfrentado as crises financeiras recentes como qualquer outra empresa. Cortam os maiores custos, no caso, os professores. Elas adotam diversas estratégias que já preocupam a Câmara do Ensino Superior, sindicatos, educadores e estudantes. "Está em curso um processo muito perigoso de terceirização, que afunda a qualidade da educação", avalia Mota. A Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes (SP), foi condenada no mês passado a pagar R$ 500 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por contratar professores usando cooperativas. Só em São Paulo, o sindicato dos professores denunciou dez instituições pela mesma manobra. Até o sindicato patronal se preocupa. "Não sou favorável, não indico, nem aprovo, mesmo se fosse legal", diz o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. Assim, as instituições deixam de arcar com direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º, INSS, FGTS.
Para reduzir a remuneração, algumas criam novos planos de carreira com carga horária menor. A redução chega a 50%. O docente, pressionado pelo fantasma do desemprego, aceita. Com o aumento de professores com títulos de doutor e mestre no mercado, as escolas demitem os que têm mais tempo de casa e contratam outros para começar a carreira. Pagando menos.
Laura Beluzzo de Campos Silva e Marli Warde eram docentes havia 16 e 11 anos, respectivamente, na Universidade São Marcos, instituição de 37 anos que desde 2006 mergulhou numa crise. Em junho, a escola demitiu 55 professores. Eles acusam a universidade de não depositar o FGTS nem recolher o INSS, atrasar salários. "Chegaram a propor que o professor trouxesse recursos para bolsas de pesquisa", diz Laura. O diretor de comunicação institucional da São Marcos, Julio Moreno, afirma que um terço dos demitidos está em vias de fechar acordo. Em Minas, a Escola Promove demitiu quase 800 docentes e, para não pagar os direitos, pediu falência. Em seguida, outro grupo, o Soebras, adquiriu as unidades e desconsiderou as dívidas. Com medo de ficar de mãos vazias, os professores aceitaram fazer acertos perdendo de 30% a 40% do que lhes era devido. "A partir do momento em que o governo autoriza, tem de fiscalizar os cursos", diz o presidente do sindicato mineiro, Gilson Reis. De acordo com Ronaldo Mota, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior cumprirá essa missão. "Temos todo o interesse em dificultar o recredenciamento das instituições que adotam essas práticas de precarização do trabalho docente", diz.
Eduardo Nunomura
O Estado de São Paulo - 26/08/2007
Patrão que atrasa salário, não deposita férias ou 13º, usa cooperativas para maquiar relações trabalhistas, substitui profissionais experientes por novatos, faz o que pode para cortar custos. A situação retrata um profissional que até poucos anos atrás ficou imune a esse problema, o professor universitário. "É um desastre", resume o secretário do ensino superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota.
Instituições privadas com dificuldades têm enfrentado as crises financeiras recentes como qualquer outra empresa. Cortam os maiores custos, no caso, os professores. Elas adotam diversas estratégias que já preocupam a Câmara do Ensino Superior, sindicatos, educadores e estudantes. "Está em curso um processo muito perigoso de terceirização, que afunda a qualidade da educação", avalia Mota. A Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes (SP), foi condenada no mês passado a pagar R$ 500 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por contratar professores usando cooperativas. Só em São Paulo, o sindicato dos professores denunciou dez instituições pela mesma manobra. Até o sindicato patronal se preocupa. "Não sou favorável, não indico, nem aprovo, mesmo se fosse legal", diz o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. Assim, as instituições deixam de arcar com direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º, INSS, FGTS.
Para reduzir a remuneração, algumas criam novos planos de carreira com carga horária menor. A redução chega a 50%. O docente, pressionado pelo fantasma do desemprego, aceita. Com o aumento de professores com títulos de doutor e mestre no mercado, as escolas demitem os que têm mais tempo de casa e contratam outros para começar a carreira. Pagando menos.
Laura Beluzzo de Campos Silva e Marli Warde eram docentes havia 16 e 11 anos, respectivamente, na Universidade São Marcos, instituição de 37 anos que desde 2006 mergulhou numa crise. Em junho, a escola demitiu 55 professores. Eles acusam a universidade de não depositar o FGTS nem recolher o INSS, atrasar salários. "Chegaram a propor que o professor trouxesse recursos para bolsas de pesquisa", diz Laura. O diretor de comunicação institucional da São Marcos, Julio Moreno, afirma que um terço dos demitidos está em vias de fechar acordo. Em Minas, a Escola Promove demitiu quase 800 docentes e, para não pagar os direitos, pediu falência. Em seguida, outro grupo, o Soebras, adquiriu as unidades e desconsiderou as dívidas. Com medo de ficar de mãos vazias, os professores aceitaram fazer acertos perdendo de 30% a 40% do que lhes era devido. "A partir do momento em que o governo autoriza, tem de fiscalizar os cursos", diz o presidente do sindicato mineiro, Gilson Reis. De acordo com Ronaldo Mota, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior cumprirá essa missão. "Temos todo o interesse em dificultar o recredenciamento das instituições que adotam essas práticas de precarização do trabalho docente", diz.
Banco do Brasil
A eleição do novo integrante da diretoria executiva do Banco do Brasil (BB), Luiz Alberto Maguito Vilela, gerou divergência no conselho de administração da instituição. O político goiano membro do diretório nacional do PMDB, partido da base aliada do governo, foi rejeitado pelos conselheiros representantes dos acionistas minoritários do banco. Mas a indicação teve maioria de votos, três contra dois.Bacharel em direito pela Faculdade de Anápolis, o ex-senador e ex-governador de Goiás foi indicado para assumir a vice-presidência de governo do BB, desmembramento da vice-presidência de agronegócios, criada na mesma reunião de conselho que o elegeu. Os representantes dos minoritários no conselho do BB também foram contra essa proposta. A reunião ocorreu em 13 de julho e a ata do encontro está disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).Os representantes dos minoritários do banco são indicados pela Previ, caixa de previdência dos funcionários do próprio BB. (...)
Maguito Vilela assume cargo no BB sem aval de minoritário no conselho - Valor Econômico - 27/08/2007
Não é a primeira vez que isto ocorre no BB. E provavelmente não será a última.
Controle e Presidente
Um controller pode aspirar subir na carreira tornando-se CFO (Chief Financial Officer) de sua companhia. Mas para transformar esse desejo em realidade, provavelmente, terá um longo caminho a percorrer. Isso porque precisará adquirir habilidades bem diferentes das utilizadas em sua função, como saber negociar e gerenciar pessoas, por exemplo. Esta é uma das razões, pela qual boa parte desses profissionais não está conseguindo hoje galgar o tão sonhado posto em suas empresas. É o que aponta pesquisa realizada pela Korn/Ferry International, consultoria especializada na seleção para o alto escalão, que ouviu mais de 500 mil executivos, entre os quais 1,5 mil CFOs, das 500 maiores empresas do mundo. De acordo com o estudo, quando a companhia busca dentro de casa um novo CFO, o candidato número um é o controller, representando 33% do universo entrevistado.
"Mas se as empresas 'caçam' fora, apenas 4% dos executivos contratados para a função são controllers", afirma Jorge Maluf, sócio da Korn/Ferry. A grande maioria, 58%, já ocupa em outra empresa o cargo de diretor financeiro. Ou são presidentes de empresa, 17%.A principal causa desse fenômeno é a falta de visão de negócios e habilidade de liderança dos controllers, segundo aponta o levantamento.
Prata da casa não atende ao novo perfil dos CFOs - Valor Econômico - 27/08/2007
Santa Casa e a situação dos hospitais
Reportagem do O Globo (Santa Casa sob suspeita, 27/08/2007) mostra a situação da Santa Casa e os resultados de uma auditoria realizada na instituição.
(Parece existir uma confusão entre o saldo do balancete e a movimentação dos recursos, que ocorreu durante o mês)
Uma auditoria de técnicos do Ministério da Saúde traça um quadro preocupante do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, no Rio, um dos maiores do país. O documento indica problemas graves, que vão da distribuição de remédios não aprovados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) até desvios de verbas destinadas ao custeio de atendimentos de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A investigação do Ministério da Saúde deverá ser ampliada pelo Ministério Público federal. (...)
A auditoria informa que o balancete registra o recebimento de R$198,5 mil em janeiro de 2006, mas os extratos bancários só apontam a existência de R$R$171,5 mil, uma diferença de quase R$30 mil. Nos dois meses seguintes, há uma inversão dos valores. Em fevereiro, o balancete não registra recebimento de verbas do SUS. Mas o extrato bancário indica a existência R$20,5 mil. Em março, o descompasso é mais gritante: são R$335,3 mil creditados na conta do hospital, dinheiro que não aparece no balancete.
(Parece existir uma confusão entre o saldo do balancete e a movimentação dos recursos, que ocorreu durante o mês)
(...) A direção geral do hospital não controla sequer a entrada de pacientes atendidos com base no SUS ou em nas clínicas particulares. “Não existe contrato ou qualquer outro documento entre a direção do hospital e as chefias de enfermarias definindo critérios e valores a serem pagos ao hospital pelos atendimentos a particulares realizados diretamente pelas clínicas”, destacam os auditores. O hospital também não divide com as clínicas particulares despesas básicas com energia, gás, lavanderia e telefone, entre outras. Ou seja, os custos destes serviços recaem sobre o hospital, financiado em parte pelo governo federal. (...)
A auditoria relata ainda a distribuição de insumos (luvas, agulhas, soro) para procedimentos em pacientes internados. Para os auditores, o exagero provoca desperdício e facilita o desvio de material. Os auditores descobriram que o hospital “recebe lotes de medicamentos em fase de experimentação e ainda não validados pelo Ministério da Saúde”.
A edição na Wikipedia pelas empresas
O problema da edição de verbetes na Wikipedia é tema de uma reportagem interessante da Slate (Wikipedia UnmaskedA new Web site reveals the sneak attacks and ego-fluffing of your friends and co-workers, de Michael Agger, 24/08/2007)
O texto destaca os problemas enfrentados por este tipo de enciclopédia, onde a participação de qualquer pessoa é possível. Isto faz com que as empresas tenham um interesse em "manipular" seus verbetes, reduzindo os impactos negativos. O texto destaca que a Wikipedia tem sido uma fonte importante de consultas na internet, o que torna um incentivo a edição "oficial".
A comparação da página original da Exxon sobre o episódio do Alasca e a edição realizada por se encontrada aqui. É muito interessante notar que no texto original, por exemplo, comentava dos danos causados ao meio ambiente e na edição realizada por alguém (supostamente da empresa) apareça a palavra "alegado".
O texto destaca os problemas enfrentados por este tipo de enciclopédia, onde a participação de qualquer pessoa é possível. Isto faz com que as empresas tenham um interesse em "manipular" seus verbetes, reduzindo os impactos negativos. O texto destaca que a Wikipedia tem sido uma fonte importante de consultas na internet, o que torna um incentivo a edição "oficial".
A comparação da página original da Exxon sobre o episódio do Alasca e a edição realizada por se encontrada aqui. É muito interessante notar que no texto original, por exemplo, comentava dos danos causados ao meio ambiente e na edição realizada por alguém (supostamente da empresa) apareça a palavra "alegado".
A história se repete?
O blog do Wall Street Journal apresenta uma comparação interessante entre os Estados Unidos de 1887 e a China em 2007. No final do século XIX os Estados Unidos era o paraíso da pirataria e escândalos de alimentos, conforme observa Stephen Mihm. Na época os Estados Unidos imprimiam livros sem permissão ou pagamento, inclusive de autores como Charles Dickens.
Existe um atrativo na idéia de que a história se repete. Mas as diferenças entre a China de 2007 e os Estados Unidos de 1887 são significativas. Mas a comparação, segundo o blog, pode ser interessante por indicar o caminho que deve percorrer um país para alcançar o desenvolvimento. Isto inclui novas tecnologias, expansão do mercado, empreendedores, expansão das cidades etc.
Existe um atrativo na idéia de que a história se repete. Mas as diferenças entre a China de 2007 e os Estados Unidos de 1887 são significativas. Mas a comparação, segundo o blog, pode ser interessante por indicar o caminho que deve percorrer um país para alcançar o desenvolvimento. Isto inclui novas tecnologias, expansão do mercado, empreendedores, expansão das cidades etc.
26 agosto 2007
Documentação contábil
Da coluna de Dora Kramer, Estado de S Paulo, 25 de agosto, A6 ou aqui
O que seria "prestação de serviços de documentação contábil"?
Central de produções
O contador José Appel, que acompanhou o presidente do Senado, Renan Calheiros, no depoimento aos três relatores de seu processo no Conselho de Ética, não é um contador qualquer. É dono de escritório bastante conhecido em Brasília, especializado na prestação de serviços de documentação contábil. Appel entrou na história em junho, logo depois de o senador Calheiros ter dito que não possuía comprovantes dos pagamentos feitos à jornalista Mônica Veloso a título de pensão alimentícia da filha e de, no dia seguinte, seu advogado, Eduardo Ferrão, ter entregado um maço de extratos ao Senado para, segundo ele, comprovar as transações.
O que seria "prestação de serviços de documentação contábil"?
25 agosto 2007
R$1,99 ou R$2,00?
Existem muitas teorias sobre a origem de lojas que vendem produtos a R$1,99 (ou 2,99 etc) em lugar do número exato R$2,00. Uma delas diz que o cliente tem a tendência a guardar o primeiro número, fazendo um arredondamento inapropriado. Deste modo, o R$1,99 passaria a ser "aproximadamente" R$1,00.
Agora li uma nova teoria para esta situação. Nos "caixas" antigos toda vez que era registrada uma venda tocava uma campainha que anunciava o registro da venda e a abertura da gaveta. Para o dono do estabelecimento o problema era que seus funcionários as vezes não registravam a venda e embolsavam o dinheiro. Em certas situações o dono estava muito distraído para perceber que era enganado pelo funcionário. Assim, se o cliente compra um produto por R$2,00, o funcionário não registrava e ficava com o dinheiro.
Ao colocar o preço como sendo R$1,99, o cliente passou a ajudar o dono do negócio a fiscalizar o seu funcionário, pelo módico custo de 1 centavo. O cliente espera o seu troco e o funcionário precisa registrar a venda para abrir a gaveta do caixa e assim campainha toca, indicando ao dono que mais uma venda foi registrada.
Recentemente estava escrevendo um capítulo de um livro, Contabilidade Geral e de Custos, que está sendo usado por mais de 5 mil alunos do curso de administração da Universidade Aberta (este livro foi produzido eletronicamente, em PDF). Fiz um capítulo de Caixa. Neste capítulo pensei em iniciar contando a história do "caixa" registradora, que é muito interessante. Esta pequena história da razão do R$1,99 só conheci agora, na leitura do livro The Armchair Economist, de Steve Landsburg. Uma pena.
Agora li uma nova teoria para esta situação. Nos "caixas" antigos toda vez que era registrada uma venda tocava uma campainha que anunciava o registro da venda e a abertura da gaveta. Para o dono do estabelecimento o problema era que seus funcionários as vezes não registravam a venda e embolsavam o dinheiro. Em certas situações o dono estava muito distraído para perceber que era enganado pelo funcionário. Assim, se o cliente compra um produto por R$2,00, o funcionário não registrava e ficava com o dinheiro.
Ao colocar o preço como sendo R$1,99, o cliente passou a ajudar o dono do negócio a fiscalizar o seu funcionário, pelo módico custo de 1 centavo. O cliente espera o seu troco e o funcionário precisa registrar a venda para abrir a gaveta do caixa e assim campainha toca, indicando ao dono que mais uma venda foi registrada.
Recentemente estava escrevendo um capítulo de um livro, Contabilidade Geral e de Custos, que está sendo usado por mais de 5 mil alunos do curso de administração da Universidade Aberta (este livro foi produzido eletronicamente, em PDF). Fiz um capítulo de Caixa. Neste capítulo pensei em iniciar contando a história do "caixa" registradora, que é muito interessante. Esta pequena história da razão do R$1,99 só conheci agora, na leitura do livro The Armchair Economist, de Steve Landsburg. Uma pena.
24 agosto 2007
Rir é o melhor remédio
Em tempos de depoimentos de políticos em CPIs, o cartum mostra como identificar se Gonzalez estão mentindo ou não.
Um novo nome para ...
Notícia do Estadão (aqui) (grifo meu)
A revista Playboy mudou os planos e adiou a publicação do ensaio com a jornalista Mônica Veloso para a edição de outubro. Em reunião realizada no início da noite desta quarta-feira, 22, jornalistas optaram pela modelo e atriz Bárbara Paz na capa de setembro. O motivo foi o pouco tempo disponível para editar as fotos de Mônica até esta sexta-feira, 24, dia de fechamento da publicação.
Mônica Veloso é mãe de uma filha de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado que sofre com acusações de ter suas contas pagas por lobistas. A jornalista, de 39 anos, posou para o fotógrafo J.R. Duran no Rio de Janeiro, porque não "se sentiria bem" se o cenário fosse Brasília.
Um novo nome para Photoshop?
A revista Playboy mudou os planos e adiou a publicação do ensaio com a jornalista Mônica Veloso para a edição de outubro. Em reunião realizada no início da noite desta quarta-feira, 22, jornalistas optaram pela modelo e atriz Bárbara Paz na capa de setembro. O motivo foi o pouco tempo disponível para editar as fotos de Mônica até esta sexta-feira, 24, dia de fechamento da publicação.
Mônica Veloso é mãe de uma filha de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado que sofre com acusações de ter suas contas pagas por lobistas. A jornalista, de 39 anos, posou para o fotógrafo J.R. Duran no Rio de Janeiro, porque não "se sentiria bem" se o cenário fosse Brasília.
Um novo nome para Photoshop?
As grandes capas
Uma seleção de grandes capas de revistas. Em primeiro lugar, uma capa famosa de Lennon e esposa para Rolling Stone de 1981:
Em segundo, Demi Moore:
Mais capas? Clique aqui
Em segundo, Demi Moore:
Mais capas? Clique aqui
Fixação de preço do arroz
O jornal El País talvez tenha sido o primeiro a anunciar a compra da empresa uruguaia Saman pelo grupo Camil (vide aqui, postagem). Agora uma nova reportagem discute a manutenção dos preços de arroz
Grupo brasileño que compró arrocera Saman mantiene sistema para fijar precios
El País - 22/0/2007
El grupo brasileño que compró Saman se comprometió a no tocar por dos años el sistema de fijación de precios con los productores. En el Ministerio de Ganadería se considera que la llegada de un jugador tan grande "es un riesgo" a asumir.
Luciano Quartiero, director financiero de Camil Alimentos, dijo a El País -vía telefónica desde sus oficinas en San Pablo- que las negociaciones con los accionistas de Saman "están bien avanzadas" y que la auditoría "comenzó esta semana". Se excusó de dar más detalles sobre la operación, porque las partes suscribieron un compromiso de confidencialidad.
(...) Los funcionarios dijeron, sin embargo, que es muy posible que este riesgo no se cumpla. Pusieron como ejemplo el caso de la gigante brasileña Ambev en el mercado de la cebada donde concentra todo el mercado. "Allí se han hecho las cosas bien y hay un interés de ellos porque siga creciendo la producción. Se nota en la expansión del área sembrada", dijeron en Ganadería. Para el equipo del ministro José Mujica la existencia de un sistema tan estable entre molinos y productores serviría de contrapeso a un cambio de política de parte de los inversores brasileños.
Grupo brasileño que compró arrocera Saman mantiene sistema para fijar precios
El País - 22/0/2007
El grupo brasileño que compró Saman se comprometió a no tocar por dos años el sistema de fijación de precios con los productores. En el Ministerio de Ganadería se considera que la llegada de un jugador tan grande "es un riesgo" a asumir.
Luciano Quartiero, director financiero de Camil Alimentos, dijo a El País -vía telefónica desde sus oficinas en San Pablo- que las negociaciones con los accionistas de Saman "están bien avanzadas" y que la auditoría "comenzó esta semana". Se excusó de dar más detalles sobre la operación, porque las partes suscribieron un compromiso de confidencialidad.
(...) Los funcionarios dijeron, sin embargo, que es muy posible que este riesgo no se cumpla. Pusieron como ejemplo el caso de la gigante brasileña Ambev en el mercado de la cebada donde concentra todo el mercado. "Allí se han hecho las cosas bien y hay un interés de ellos porque siga creciendo la producción. Se nota en la expansión del área sembrada", dijeron en Ganadería. Para el equipo del ministro José Mujica la existencia de un sistema tan estable entre molinos y productores serviría de contrapeso a un cambio de política de parte de los inversores brasileños.
Contabilidade fictícia
Apesar de não gostar de postar temas políticos, esta reportagem da Folha de 23/08/2007 sobre as fazendas de Renan é muito sugestiva.
Fazendas de Renan têm contabilidade fictícia, afirma PF
Folha de São Paulo - 23/08/2007
Segundo perícia, maior lacuna não é valor de venda do gado, mas falta de recibos que provam despesas de custeio nas propriedades
Um dos problemas é sobre a mão-de-obra nas fazendas do senador: desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006
SILVIO NAVARRO - FERNANDA KRAKOVICS - ANDREA MICHAEL
Com um rebanho que se multiplicou ao longo dos últimos anos, mas sem registros de despesas para manter a criação de gado nas fazendas, a contabilidade rural do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), "implica em resultado fictício", segundo os peritos da Polícia Federal.
Segundo o laudo da PF, a principal lacuna na atividade rural declarada pelo senador não é o valor de venda do gado mas a ausência de recibos que provam despesas de custeio nas fazendas. Além disso, essa falta de registros gerou distorções em sua evolução patrimonial.
A conclusão consta de um estudo que a PF redigiu para subsidiar as respostas às 30 perguntas feitas pelo Conselho de Ética e que acompanha o laudo entregue anteontem. Ao responder especificamente aos questionamentos, os peritos não são tão taxativos.
Mas, na análise dos livros-caixa das fazendas, eles dizem: "A ausência de registros de despesas de custeio, sob o aspecto da disponibilidade de recursos como justificativa patrimonial, implica resultado fictício da atividade rural, que se reflete na evolução patrimonial".
O exame do custeio das fazendas detalha gastos com vacinação, medicamentos, compra de sal, de animais, pagamento de funcionários, arrendamento de pasto e impostos.
Nesse ponto, aparece uma série de lacunas. Por exemplo, desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006 (R$ 31.349,12). Ou seja, nos anos anteriores, não saiu nenhum centavo do caixa para pagar mão-de-obra.
Outros exemplos são a falta de comprovantes de pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural) anteriores a 2006 e a ausência de gasto para comprar sal para o gado em 2004. Não foi encontrado recibo de pagamento de uso de pasto em 2002, quando Renan criava gado a título de "condômino".
Foram detectados problemas no estoque de bois, constatados no cruzamento das declarações de vacinação com o tamanho do rebanho declarado no Imposto de Renda. Em 2004, por exemplo, "surgiram" cem animais machos embora não haja registro de compra nem de nascimentos.
Especialistas consultados pela Folha ironizaram o sucesso pecuário de Renan. "Ele é um mágico. Por que será que o boi do Renan é diferente? O custo da produção no Brasil, hoje, é maior do que o da comercialização, há prejuízo na pecuária de corte", afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista).
Nas fazendas de Renan, entretanto, só houve lucro. Uma tabela elaborada pelos peritos mostra o que o percentual de lucratividade anual foi alto: 2002 (82,77%), 2003 (85,79%) e 2006 (80,47%). Em 2004 e 2005 girou em torno de 50%.
A PF também descobriu problemas nas transações de venda. A nota fiscal número 0001 discrimina a venda de 45 bois para José Leocádio de Souza no dia 11 de novembro de 2003. Mas, em agosto deste ano, o suposto comprador negou: "Em tempo algum mantive qualquer transação direta de aquisição de gado com o senador".
A defesa do senador alegou que, no caso dos empregados, eles estavam registrados em nome do espólio do pai de Renan. Sobre demais despesas, disse que as declarações de IR só consideraram aquelas efetivamente pagas.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator aliado de Renan, afirmou que o fato de o preço do gado vendido estar de acordo com a média do mercado alagoano "prova que Renan não tinha gado de ouro".
Fazendas de Renan têm contabilidade fictícia, afirma PF
Folha de São Paulo - 23/08/2007
Segundo perícia, maior lacuna não é valor de venda do gado, mas falta de recibos que provam despesas de custeio nas propriedades
Um dos problemas é sobre a mão-de-obra nas fazendas do senador: desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006
SILVIO NAVARRO - FERNANDA KRAKOVICS - ANDREA MICHAEL
Com um rebanho que se multiplicou ao longo dos últimos anos, mas sem registros de despesas para manter a criação de gado nas fazendas, a contabilidade rural do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), "implica em resultado fictício", segundo os peritos da Polícia Federal.
Segundo o laudo da PF, a principal lacuna na atividade rural declarada pelo senador não é o valor de venda do gado mas a ausência de recibos que provam despesas de custeio nas fazendas. Além disso, essa falta de registros gerou distorções em sua evolução patrimonial.
A conclusão consta de um estudo que a PF redigiu para subsidiar as respostas às 30 perguntas feitas pelo Conselho de Ética e que acompanha o laudo entregue anteontem. Ao responder especificamente aos questionamentos, os peritos não são tão taxativos.
Mas, na análise dos livros-caixa das fazendas, eles dizem: "A ausência de registros de despesas de custeio, sob o aspecto da disponibilidade de recursos como justificativa patrimonial, implica resultado fictício da atividade rural, que se reflete na evolução patrimonial".
O exame do custeio das fazendas detalha gastos com vacinação, medicamentos, compra de sal, de animais, pagamento de funcionários, arrendamento de pasto e impostos.
Nesse ponto, aparece uma série de lacunas. Por exemplo, desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006 (R$ 31.349,12). Ou seja, nos anos anteriores, não saiu nenhum centavo do caixa para pagar mão-de-obra.
Outros exemplos são a falta de comprovantes de pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural) anteriores a 2006 e a ausência de gasto para comprar sal para o gado em 2004. Não foi encontrado recibo de pagamento de uso de pasto em 2002, quando Renan criava gado a título de "condômino".
Foram detectados problemas no estoque de bois, constatados no cruzamento das declarações de vacinação com o tamanho do rebanho declarado no Imposto de Renda. Em 2004, por exemplo, "surgiram" cem animais machos embora não haja registro de compra nem de nascimentos.
Especialistas consultados pela Folha ironizaram o sucesso pecuário de Renan. "Ele é um mágico. Por que será que o boi do Renan é diferente? O custo da produção no Brasil, hoje, é maior do que o da comercialização, há prejuízo na pecuária de corte", afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista).
Nas fazendas de Renan, entretanto, só houve lucro. Uma tabela elaborada pelos peritos mostra o que o percentual de lucratividade anual foi alto: 2002 (82,77%), 2003 (85,79%) e 2006 (80,47%). Em 2004 e 2005 girou em torno de 50%.
A PF também descobriu problemas nas transações de venda. A nota fiscal número 0001 discrimina a venda de 45 bois para José Leocádio de Souza no dia 11 de novembro de 2003. Mas, em agosto deste ano, o suposto comprador negou: "Em tempo algum mantive qualquer transação direta de aquisição de gado com o senador".
A defesa do senador alegou que, no caso dos empregados, eles estavam registrados em nome do espólio do pai de Renan. Sobre demais despesas, disse que as declarações de IR só consideraram aquelas efetivamente pagas.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator aliado de Renan, afirmou que o fato de o preço do gado vendido estar de acordo com a média do mercado alagoano "prova que Renan não tinha gado de ouro".
Um novo modelo de gestão pública?
Uma longa entrevista no Valor Econômico de 24/08/2007 (Susto na elite e na periferia), João Sayad apresenta algumas idéias interessantes para a gestão da área pública. Atualmente, Sayad é secretário da Cultura de São Paulo e tem um orçamento de 250 milhões de reais anuais.
Segundo o jornal,
Organizações sociais (OSs) são entidades privadas sem fins lucrativos a quem a secretaria atribuiu por contrato a execução das políticas culturais de responsabilidade do governo estadual. Sayad está satisfeito com a parceria, que pretende manter e aperfeiçoar. É sobre a importância das OSs que o secretário prefere falar.
O próprio Sayad define OS como
São organizações sem fins lucrativos que podem prestar serviços ao governo em áreas que não são típicas do governo. Por exemplo, a administração dos teatros na área da cultura e dos hospitais na área da saúde. É como se o governo estivesse comprando o serviço. Essa forma de organização dá muita flexibilidade ao governo. Nosso projeto é adaptar a secretaria para ser composta só por gestores - administração, contabilidade, finanças - e por gente envolvida em cada uma das expressões artísticas. Nós estaremos só encomendando, acompanhando, avaliando e cobrando. A secretaria chegou a ter 2 mil funcionários. Hoje tem menos de 200. A equipe precisa ser incentivada e remontada com gente de excelente nível.
A seguir, discute-se o exemplo da compra de um piano:
Valor: Por exemplo, comprar um piano?
Sayad: Tem que abrir licitação.
Valor: E acaba comprando o pior piano pelo preço mais barato.
Sayad: A OS faz compras mediante edital simples. Mas o piano tem um problema especial. O governo tem que comprar um piano nacional, por causa da lei de similar nacional, e pianos nacionais nem sempre satisfazem alguns corpos musicais.
Valor:As organizações sociais funcionam?
Sayad:Funcionam bem. Mas para funcionar muito bem precisam de duas coisas importantes. Em princípio, a OS tem objetivos comuns aos do governo. Quer promover a inclusão social na periferia ou o ensino de música. Mas houve empreguismo político, pressões políticas ilegítimas que já foram corrigidas. Para funcionar muito bem, a OS precisa ter um conselho de administração muito zeloso, extremamente preocupado com a boa administração de suas atividades. Esse conselho de administração seria o fiscalizador. As OSs foram criadas há muito pouco tempo, não mais de três anos. Os quadros de administradores não são necessariamente adequados. Estamos trabalhando para que se profissionalizem, não dependam unicamente do governo. Em palestra recente, falei que as OSs são uma espécie de banco central independente, no sentido de que realizam tarefas definidas em contrato sem depender da vontade ou do gosto dos governantes da época.
Segundo o jornal,
Organizações sociais (OSs) são entidades privadas sem fins lucrativos a quem a secretaria atribuiu por contrato a execução das políticas culturais de responsabilidade do governo estadual. Sayad está satisfeito com a parceria, que pretende manter e aperfeiçoar. É sobre a importância das OSs que o secretário prefere falar.
O próprio Sayad define OS como
São organizações sem fins lucrativos que podem prestar serviços ao governo em áreas que não são típicas do governo. Por exemplo, a administração dos teatros na área da cultura e dos hospitais na área da saúde. É como se o governo estivesse comprando o serviço. Essa forma de organização dá muita flexibilidade ao governo. Nosso projeto é adaptar a secretaria para ser composta só por gestores - administração, contabilidade, finanças - e por gente envolvida em cada uma das expressões artísticas. Nós estaremos só encomendando, acompanhando, avaliando e cobrando. A secretaria chegou a ter 2 mil funcionários. Hoje tem menos de 200. A equipe precisa ser incentivada e remontada com gente de excelente nível.
A seguir, discute-se o exemplo da compra de um piano:
Valor: Por exemplo, comprar um piano?
Sayad: Tem que abrir licitação.
Valor: E acaba comprando o pior piano pelo preço mais barato.
Sayad: A OS faz compras mediante edital simples. Mas o piano tem um problema especial. O governo tem que comprar um piano nacional, por causa da lei de similar nacional, e pianos nacionais nem sempre satisfazem alguns corpos musicais.
Valor:As organizações sociais funcionam?
Sayad:Funcionam bem. Mas para funcionar muito bem precisam de duas coisas importantes. Em princípio, a OS tem objetivos comuns aos do governo. Quer promover a inclusão social na periferia ou o ensino de música. Mas houve empreguismo político, pressões políticas ilegítimas que já foram corrigidas. Para funcionar muito bem, a OS precisa ter um conselho de administração muito zeloso, extremamente preocupado com a boa administração de suas atividades. Esse conselho de administração seria o fiscalizador. As OSs foram criadas há muito pouco tempo, não mais de três anos. Os quadros de administradores não são necessariamente adequados. Estamos trabalhando para que se profissionalizem, não dependam unicamente do governo. Em palestra recente, falei que as OSs são uma espécie de banco central independente, no sentido de que realizam tarefas definidas em contrato sem depender da vontade ou do gosto dos governantes da época.
Valor Justo
Um artigo do Financial Times de 24/08/2007 discute o problema do valor justo. Um ponto interessante apresentado pelos autores é a existência de uma certa "incoerência" conceitual: quando existe uma bolha no mercado, os números contábeis também serão afetados por esta bolha. Isto pode fazer com que uma empresa apresente números melhores do que são efetivamente. A seguir, o texto completo:
Pursuit of convergence is coming at too high a cost.
By STELLA FEARNLEY and SHYAM SUNDER - Financial Times - London Ed1, Page 19
There are a variety of problems behind the present market turmoil - chiefly reckless lending and inaccurate credit ratings of securitised debt. But one has so far had little attention - the role played by so-called "fair" value accounting.
The gold standard in financial reporting has long been "lower of cost or market", meaning an asset is on the books at either its purchase cost or its current valuation - whichever was lower. This conservativsm counterbalances the inherent tendency of managers to overstate performance by preventing them from reporting profits before cash is in hand.
But this year, US firms have been encouraged to adopt early SFAS 157 and SFAS 159, new accounting standards. Under these rules, financial instruments (including mortgage-backed securities) are stated on balance sheets at their "fair" values, which are taken from markets where possible, or for more complex securities are estimated from valuation models.
The problem is that this assumes markets have good information from inputs such as financial reports and credit ratings. But there is a circularity built in: if credit raters and investors get their information from accounting numbers, which are themselves based on prices inflated by a market bubble, the accounting numbers support the bubble.
So instead of informing markets through prudent valuation and controlling management excess, "fair" values feed the prices back to the market. For example, a drop in the market value of the borrowings of a troubled company is reported as an increase in its income because the reduced liability flows through the income statement, thus obscuring the problem.
Investment banks, early adopters of SFAS 157, have shown improved performance from the changeover. JP Morgan Chase reported that SFAS 157 increased its first-quarter earnings by Dollars 391m (Pounds 196m, Euros 289m) - 8.2 per cent of its earnings - and Goldman Sachs reported an even larger increase of Dollars 500m - 11.5 per cent of net income. Share prices rose despite the incipient problems in mortgage-backed securities.
There were warnings. In 2006 the US Federal Reserve warned that fair value accounting could make an insolvent company look solvent. The UK's Financial Services Authority expressed concerns this year that fair value might not fully represent the economic reality of a business. Four months after some banks reported high first-quarter profits using fair value accounting, the Fed has cut interest rates to stabilise markets and keep some highly leveraged investment banks and hedge funds afloat.
The "fair" value accounting edifice is built on sand. Some banks sold subprime loans to reduce risk exposure but reacquired the risk by lending to parties holding the overvalued instruments. Bank directors certified their balance sheets. Did they ask the awkward questions about the real risk, credit controls and security in their loan books? Did the buyers of these derivatives, who packaged them up and sold them on, know how dodgy they were? Someone knew.
This is the second time in seven years that widespread problems have arisen in US accounting, securities' ratings and governance. Despite the onerous and costly requirements of Sarbanes-Oxley, and stringent audit controls, the system was unable to fix something as basic as the existence and collectibility of loans.
Meanwhile, US and international accounting standard setters are pressing ahead with a global framework which would embed this aggressive accounting. They seek one global system, however defective. They want verifiability, via a market price or a management estimate, rather than reliability of the underlying substance.
Warren Buffett has warned that mark-to-market accounting turns to mark-to-model in illiquid markets and risks becoming "mark-to-myth". Auditors sign off that accounts comply with the accounting standards. What use is that to investors when it means complying with a bubble-blowing accounting model? The pursuit of convergence in accounting standards needs a radical rethink if this is what it leads to.
Most losses from the subprime debacle may fall to knowledgeable investors but our savings and pensions will not escape entirely.
Stella Fearnley will shortly be Professor of Accounting at Bournemouth University. Shyam Sunder is J. L. Frank Professor of Accounting, Economics and Finance at Yale School of Management.
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