Prezado Professor César Tiburcio,
Me chamo Monica V. E. Villela e sou autora do texto publicado pela RBC - Uma reflexão sobre a necessidade de harmonização contábil mundial baseada em uma comparação entre as normas de business combination do IASB, do FASB e do Brasil.
Ao ler suas críticas ao meu artigo, em seu site, tive a impressão de que não me fiz entender. Além disso, pude perceber que o tema não lhe parece particularmente interessante, razão pela qual estranhei seu pronunciamento.
Em relação à sua primeira crítica, quanto ao uso de exemplos, gostaria de esclarecer que os mesmos foram usados com o objetivo único de ilustrar as comparações que fiz no trabalho. O artigo teve metodologia eminentemente bibligráfica, sem a pretensão de ser um Estudo de Caso. O objetivo principal, conforme o título, é promover uma reflexão a respeito do constrangimento de ter uma mesma operação sendo interpretada e evidenciada de forma diferente, em função do país em que ocorre. Na minha opinião, o grande problema nisso é que o principal usuário da informação será o mesmo: o investidor.
Quanto à sua segunda crítica, gostaria de esclarecer que a frase "a harmonização contábil é uma contribuição do pensamento contábil para a evolução dos países subdesenvolvidos" não é minha, mas do eminete Professor Nelson Carvalho, cuja carreira e obra é fonte de inspiração para a minha vida acadêmica/profissional.
Ainda em relação ao segundo ponto, gostaria de deixar registrada minha surpresa em saber que o senhor não considera importante o processo de harmonização das normas de contabilidade. Honestamente, nunca vi um Doutor em Contabilidade menosprezar esse movimento de órgãos nacionais e internacionais em promover convergência contábil. Maior ainda foi a minha surpresa em ver uma crítica a esse pensamento com a frase: "Na nossa economia, a existência de divergências pode ser interessante." Devo confessar que não entendi o argumento. Até porque o movimento de harmonização/convergência não se restringe à "nossa economia", mas ao mundo todo.
Na última quinta-feira, 14/06/2007, houve um Seminário no Rio de Janeiro, promovido pelo CFC e CRC-RJ, além da ABRASCA, APIMEC, CVM, IBRACON, e outros, cujo tema foi: "A Covergência das Normas Internacionais de Contabilidade". Neste seminário, que contou com a presença dos ilustres professores Nelson Carvalho e Eliseu Martins, foi discutido incansavelmente a importância deste processo. Vários profissionais realizaram palestras, entre outros, diretores da CVM, Petrobrás, Gerdau, CVRD, BACEN, SUSEP, etc. Para todos é indiscutível a necessidade de acabar com esta "torre de Babel na Contábilidade", conforme muito bem colocado pelo New York Times.
Para finalizar, gostaria de deixar registrada minha frustração em não poder justificar meu pensamento no mesmo espaço em que o senhor o criticou.
Respeitosamente,
Monica Vanessa Encinas Villela
Irei responder por partes
1. O assunto (harmonização) não é de meu interesse - Isto não é verdade pois basta observar que já foram postados 18 tópicos sobre este assunto.
2. Com respeito ao uso de exemplo, em que a autora afirma "quanto ao uso de exemplos, gostaria de esclarecer que os mesmos foram usados com o objetivo único de ilustrar as comparações que fiz no trabalho" - Concordo que o foco metodológico seja a pesquisa bibliográfica. Mas a questão é que o objetivo do trabalho é mostrar que as "divergências podem causar grandes distorções no reconhecimento, mensuração e evidenciação dessas operações", conforme palavras da autora. Como a autora fez isto? Através da pesquisa bibliográfica, é verdade, mas apoiada no exemplo. Entretanto, ainda considero que o exemplo não pode ser usado como prova.
3. A autora afirma que "a frase "a harmonização contábil é uma contribuição do pensamento contábil para a evolução dos países subdesenvolvidos" não é minha, mas do eminete Professor Nelson Carvalho". Ora, ao citar uma frase e afirmar que está parafraseando, a autora apoia o que foi dito.
4. A autora diz que surpresa "em saber que o senhor não considera importante o processo de harmonização das normas de contabilidade. Honestamente, nunca vi um Doutor em Contabilidade menosprezar esse movimento de órgãos nacionais e internacionais em promover convergência contábil.". Esta doeu. Existe uma diferença entre analisar de forma crítica e não considerar importante ou menosprezar (este argumento já respondi no item 1). Acho que um doutor em Contabilidade, que seja realmente um DOUTOR, deve ter um pensamento crítico e não aceitar modismos (geralmente acompanhados de siglas). Como DOUTOR tenho muito orgulho de desenvolver em meus alunos, inclusive de graduação, o pensamento crítico. Acho isto uma qualidade, não um defeito. O argumento básico é que alguns agentes irão se beneficiar com este processo (clique aqui) e que a padronização pode ter um custo (aqui e aqui)
Monica, acho que as divergências no meio acadêmico são necessárias e importantes. Somente assim poderemos crescer como pessoas e pesquisadores. Mas se você observar bem as diversas postagens (inclusive numa delas um artigo do prof. Eliseu) talvez você descubra que as divergências são menores do que você pensa. O seu artigo é interessante, tanto é assim que citei no meu blog e no meu sítio. E você não precisa ficar frustada pois reproduzi integralmente seu e-mail.
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