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21 junho 2007

Estados Unidos e Normas Internacionais

O jornal The Wall Street Journal publica hoje uma reportagem sobre a adoção dos padrões internacionais de contabilidade pelos Estados Unidos. A versão em português está a seguir (e aqui)

EUA ficam mais perto de adotar padrões contábeis internacionais
21/06/2007 - Por Kara Scannell e David Reilly
The Wall Street Journal

A SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana, deu o primeiro grande passo para adotar padrões internacionais de contabilidade para as empresas que divulgam seus balanços nos Estados Unidos, uma medida que as autoridades esperam que atraia mais empresas às bolsas [norte-]americanas.

A SEC votou ontem de maneira unânime para propor que empresas estrangeiras apresentem seus balancetes [sic, balanços] em inglês e dentro dos padrões internacionais de contabilidade. Atualmente, a maioria das empresas estrangeiras apresentam seus balancetes [balanços] de acordo com os padrões internacionais conhecidos pela sigla em inglês IFRS e definidos pelo Conselho Internacional de Normas Contábeis — sem ter de ajustar os números ao padrão contábil [norte-]americano, o GAAP, e destacar as diferenças, como se exige hoje em dia.

A proposta é "um passo importante" em direção ao padrão contábil aceito mundialmente e no sentido de ter todas as empresas falando a mesma linguagem financeira, disse o presidente da SEC, Christopher Cox. A proposta ficará aberta a sugestões do público durante 75 dias e precisa ser aprovada de novo pelos cinco membros da SEC antes de entrar em vigor.

Além disso, a SEC disse que vai emitir um regulamento preliminar que seria o primeiro passo para permitir que as empresas [norte-]americanas apresentam seus balancetes [balanços] de acordo com o IFRS. Isso pode acabar decretando a morte do GAAP, embora um diretor da SEC tenha dito ontem que é provável que isso demore de cinco a dez anos, dadas todas as mudanças exigidas.

A decisão de ontem é a mais recente que a SEC toma para adaptar-se ao um mercado acionário cada vez mais globalizado e para responder a temores de que os mercados [norte-]americanos estão perdendo a competitividade em relação às bolsas de Londres e Hong Kong. A decisão também traz preocupações, reconhecidas pela SEC, quanto à melhor maneira de garantir que os investidores [norte-]americanos recebam informações precisas e consistentes.

Este ano, a agência aprovou regras que tornam mais fácil para as empresas estrangeiras parar de divulgar balanço nos EUA se elas não estiverem mais listadas em bolsas do país. A SEC também estuda meios de reconhecer as regras de outros países para facilitar a negociação de ações estrangeiras nos EUA, ao mesmo tempo em que garante a proteção aos investidores [norte-]americanos.

A mudança para um padrão mundial foi discutida durante anos e ganhou força em 2005, quando o então contador-chefe da SEC, Donald Nicolaisen, estabeleceu um plano para atingir essa meta. O presidente da SEC, Cristopher Cox, apoiou o plano logo depois de assumir o cargo, em agosto de 2005.

A União Européia começou a pressionar de verdade por essa mudança depois de determinar que todas as empresas de capital aberto dentro do bloco deveriam relatar seus resultados usando padrões internacionais, a partir de 2005. Com esse passo, a UE acabou com dezenas de sistemas contábeis nacionais usados pelas empresas de capital aberto, facilitando para os investidores comparar resultados financeiros mesmo que uma empresa fosse de Londres e a outra de Lisboa. As empresas européias já disseram que é muito caro usar os dois sistemas.

Para várias empresas, investidores e analistas, a convergência é uma coisa boa. "Se realmente queremos que os investidores tenham a oportunidade de investir mais amplamente, quanto mais rápido adotarmos um único padrão no mundo, melhor será", disse Nicolaisen.

Ainda assim, alguns analistas e investidores temem que os padrões internacionais ainda sejam imaturos, e muito diferentes do GAAP, e que tornem mais difícil comparar empresas de um mesmo setor.

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