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29 junho 2007

Cosan

Notícia da Gazeta Mercantil sobre a Cosan, um caso interessante de governança (ou não):

Cosan corre risco de ser deslistada no Novo Mercado
Gazeta Mercantil - 29/06/2007

São Paulo, 29 de Junho de 2007 - Associação dos minoritários se reúne e decide pedir informações sobre reorganização. A Cosan poderá ser o primeiro caso de deslistagem de uma empresa do Novo Mercado. Isto porque a proposta feita pela nova controladora, a Cosan Limited - criada nas Bermudas pelo controlador da Cosan no Brasil, Rubens Ometto -, poderá desenquadrar o free float (número de ações no mercado) de 25% exigido por esse nível de governança corporativa.

Segundo proposta feita pelo controlador, os agora acionistas da subsidiária brasileira terão três opções para participar da operação que a empresa pretende fazer nos EUA, para captar cerca de US$ 1 bilhão com a venda de ações. As opções são: trocar ações da Cosan brasileira pelas da Cosan Limited; trocar as ações por BDR - ou seja recibos de ações da Cosan estrangeira que serão negociados na Bovespa - ou manter a atual participação.

Se a maioria optar por trocar suas ações pelas da nova controladora, o free-float da Cosan na Bovespa ficará abaixo de 25%, acarretando seu desligamento do Novo Mercado, diz o superintendente de relações com empresas da Bovespa, João Batista Fraga.

Ainda de acordo com os mandamentos do Novo Mercado, o desligamento da empresa terá outras consequências. Por exemplo, a Cosan Lmited terá que fazer uma oferta pública de compra de ações (OPA) para os investidores remanescentes. A OPA terá que ser feita pelo valor econômico da ação - para definir esse valor precisam ser contratadas três empresas especializadas nesse tipo de avaliação e o preço escolhido será o mais alto, informou Fraga.

Em reunião,ontem, a Associação dos Minoritários do Mercado (Amec) decidiu enviar um documento ao controlador pedindo mais detalhes da operação e de como será a relação da controladora com a subsidiária, para partir daí definir sua posição, de acordo com Edson Garcia, superintendentende da Amec.

Dada a elevada participação de estrangeiros no capital da Cosan no Brasil, porém, fontes de mercado apostam que a troca por ação da Cosan Limited será opção majoritária. Na oferta pública inicial de ações feita pela Cosan no final de 2005, 72% dos R$ 885,7 milhões captados foram comprados por estrangerios.

O modelo de estrutura acionária adotada pela Cosan Limited, porém, não agradou aos acionistas. A Cosan americana terá duas classes de ações ordinárias, ONA e ONB, que dão direito a voto na companhia, mas de forma diferente. As ONB ficarão em poder do controlador Rubens Ometto e cada uma dará a ele direito a dez votos na companhia. Já a ONA dará direito a apenas um voto.

A diferenciação cria uma subclasse de investidores votantes, indo no caminho inverso das boas práticas de governança corporativa. "Ela dá uma alavancagem de poder de decisão para o controlador, contrária as boas práticas", avalia Max Bueno, analista de investimentos da corretora Spinelli.

Os motivos da adoção desse modelo de organização societária não estão claros, mas é certo que garante poder de decisão a Rubens Ometto, mesmo com uma participação acionária menor. Acredita-se que o objetivo do modelo seja sua estratégia de expansão no mercado de etanol. Ter maior poder de decisão facilita a compra de empresas na América Central e no Caribe. Na Bovespa, as ações da Cosan subiram 0,80% ontem, fechando a R$ 31,26. Mas no mês de junho caíram 40%.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Lucia Rebouças)


A figura mostra o comportamento do preço da ação da empresa nos últimos meses (fonte: Yahoo Financas)

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