Reportagem do Wall Street Journal mostra que a Nintendo está na contramão no setor de games.
Nintendo tenta reinventar mercado com videogame mais simples
November 3, 2006 4:05 a.m.
Por Yukari Iwatani Kane e Nick Wingfield
The Wall Street Journal
Vinte anos depois de comandar o mercado de consoles de videogame e as tardes dos adolescentes, a Nintendo Co. está parada no terceiro lugar, ultrapassada pela Sony Corp. e a Microsoft Corp.
Agora, a Nintendo está tentando reinventar o mercado indo atrás de um público pouco explorado — pessoas com mais de 25 anos. Num novo console a ser lançado este mês, a empresa está buscando simplicidade, em vez do poder de computação e dos gráficos velozes que puseram suas rivais na frente.
A empresa ainda vai vender os clássicos jogos de tiros e novas edições de seus sucessos dos anos 80, como Super Mario Brothers. Mas a Nintendo vai passar de joysticks e polegares ágeis para um novo tipo de controle que os jogadores movimentam no ar. Eles podem ficar em pé na sala de estar e imitar o movimento de lançar uma vara de pescar, arremessar uma bola de boliche ou fazer um voleio no tênis — e ver isso acontecer na tela da TV.
Se a arriscada estratégia da Nintendo for bem-sucedida, pode pôr em questão a idéia dominante na indústria de videogames, que movimenta US$ 17 bilhões por ano: a de que o sucesso está na máquina mais rápida, mais poderosa possível, seja qual for o custo. É por isso, em parte, que a Sony domina o setor desde 2000 com seu PlayStation 2, uma máquina tão poderosa que o governo japonês temia que pudesse ser usada para o desenvolvimento de armas avançadas. O PlayStation 3, que será lançado nos Estados Unidos uma semana antes do novo console da Nintendo, é ainda mais poderoso. A Microsoft, segunda colocada, está usando uma estratégia similar com seu Xbox 360, lançado ano passado.
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À medida que mais consumidores se sentem alienados por aparelhos cada vez mais complicados, algumas empresas estão tentando ganhar uma vantagem competitiva fazendo designs mais claros e simples. A Nintendo espera que uma inovação menos complexa consiga ter tanto impacto no mercado quanto a velocidade maior de um chip de computador — e a um custo menor.
A Nintendo tem tido lucros saudáveis em parte porque ela conta com produtos que são mais simples e custam menos para fabricar. A despeito de sua terceira colocação, ela teve lucro de US$ 841 milhões para um faturamento de US$ 4,35 bilhões no ano passado. Ela espera que seu novo sistema — chamado de Wii — e seus games sejam rentáveis em um ano.
Em contraste, a Sony e a Microsoft estão gastando bilhões de dólares no desenvolvimento de suas máquinas, com pouco retorno até agora. Os videogames da Sony geraram um lucro de US$ 75 milhões e receita de US$ 8,19 bilhões no ano fiscal encerrado em março de 2006. A Microsoft não lucrou ainda nenhum centavo com sua divisão Xbox, dizem analistas.
No Japão, a demanda por consoles de videogame está em queda. Nos últimos três anos, o número de aparelhos vendidos no país caiu mais de 8%, enquanto cresce o número de pessoas que não estão interessadas em jogar, segundo um levantamento anual feito pela Associação de Fabricantes de Eletrônicos para Entretenimento. As vendas tanto de consoles quanto de games caíram cerca de 20% de 2000 a 2005, para 496,5 bilhões de ienes (US$ 4,3 bilhões).
Nos Estados Unidos, a porcentagem de domicílios com consoles não passou dos 36% nos últimos dez anos, de acordo com a firma de pesquisa de mercado Odyssey LP, de São Francisco. As vendas de consoles nos EUA quase triplicaram no mesmo período, com as fabricantes vendendo mais jogos para o mesmo universo de usuários.
"Todos pensavam que os consumidores continuariam a comprar novos consoles desde que pudessem jogar games mais reais e impressionantes", disse o diretor-presidente da Nintendo, Satoro Iwata, ao Wall Street Journal. Embora os fãs tenham aplaudido os novos jogos, disse, "também havia pessoas que discretamente se afastaram porque eles ficaram complexos demais".
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